12
mar
2010
Vêm aí os transgênicos de segunda geração

 

 
A expectativa é de que plantas de fumo e soja poderão contribuir para diagnóstico de doenças como o câncer
Uma nova geração de plantas transgênicas está sendo desenvolvida pela Embrapa para servir como matéria-prima à produção de remédios. Os estudos indicam que a utilização dos vegetais pode reduzir os custos de produção em até 50 vezes. Pesquisadores asseguram que, no futuro, as plantas do fumo e da soja, modificadas em laboratório, poderão contribuir para o combate de doenças como o câncer e a Aids.

Descobrir novas substâncias e com custo menor são desafios para os cientistas. Em Brasília, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) está investindo em plantas transgênicas de segunda geração. A primeira geração teve como foco a produção de alimentos. Agora, genes que podem trazer a cura de doenças, cedidos pelo Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, foram isolados e bombardeados em plantas que vão servir de matéria-prima.

No fumo, mantido em estufa, foram introduzidos genes que facilitam o diagnóstico precoce do câncer e elas poderão ser usadas como vacina contra a doença. Essa também pode ser uma alternativa para os 200 mil agricultores gaúchos que vivem do cultivo de plantas de fumo.

– Uma planta causadora de câncer pode servir também para curar ou contribuir para diagnosticar de uma forma bem preliminar cânceres em seres humanos – destaca o pesquisador da Embrapa, Elíbio Rech.

Os estudos também estão sendo feitos na soja para a obtenção em larga escala de pelo menos três princípios ativos: o gene que estimula o hormônio de crescimento, o desenvolvimento do fator IX, uma proteína essencial para os hemofílicos, responsável pela coagulação do sangue, e a produção de um gel, com propriedades germicidas para que as mulheres se protejam da contaminação do vírus HIV antes do relacionamento sexual.

Hoje, a indústria farmacêutica obtém a matéria-prima com a multiplicação de bactérias em fermentadores, um processo que custa caro. Como somente esta primeira etapa do estudo deve ser finalizada em dois anos, pesquisadores reconhecem que ainda é cedo para uma previsão de quando a novidade estará disponível nas prateleiras das farmácias.

Apesar de considerar positiva a iniciativa, o Chefe do Centro de Oncologista da Universidade de Brasília, João Nunes, alerta para a importância dos testes a serem feitos em seres humanos, uma fase das pesquisas que pode demorar anos.


 

Fonte:  Zero Hora - Daniela Castro
 
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