09
jul
2012
Valorização do hectare de terra supera apartamentos de Curitiba/PR
No último ano, custo médio do imóvel subiu 10% em Curitiba, enquanto as fazendas acumularam alta de 35% em algumas regiões do estado
Cassiano Ribeiro e Igor Castanho
A alta do preço da soja observada no último ano fez o valor da terra agrícola decolar rumo ao recorde no Paraná. As fazendas do estado, que até a última safra lideravam a produção nacional de grãos, estão entre as mais caras do país, aponta levantamento da Informa Economics FNP. Segundo a consultoria paulista, um hectare (equivalente a cerca de 10 mil metros quadrados) altamente produtivo e voltado ao cultivo de grãos chega a custar R$ 28 mil no Centro-Oeste e Oeste paranaense, por conta da fertilidade do solo. O valor é recorde no estado e o segundo maior do Brasil, conforme a pesquisa. Está atrás apenas de Chapecó (Santa Catarina), onde a terra custa R$ 32 mil. Com o preço atual, uma propriedade de tamanho médio (entre 35 e 40 hectares) vale de R$ 980 mil a R$ 1,1 milhão, o suficiente para comprar um imóvel em bairro nobre na capital paranaense.
A variação nos preços de propriedades rurais chega a superar inclusive a valorização de apartamentos residenciais de alto padrão em Curitiba, onde está um dos metros quadrados mais caros do país. No último ano, o preço médio de apartamentos novos na capital subiu 10%, segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR). Já em Guarapuava (Campos Gerais), o valor terra teve a maior alta porcentual (34%) no mesmo período. “Com R$ 1 milhão seria possível investir em um apartamento de luxo, de três quartos, no Batel ou em bairros como Água Verde e Ecoville”, compara Gustavo Selig, presidente da Ademi.
O preço do hectare tem seguido o rastro da soja, não por acaso. Devido à quebra de safra ocorrida no último verão e à demanda externa extremamente aquecida, a saca de 60 quilos do produto vem batendo recordes consecutivos ao longo do último ano. “O preço da saca já passa dos R$ 70 no Paraná. O potencial de rentabilidade dessa cultura é que acaba aumentando o preço da terra”, explica Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa responsável pelo estudo. Ela lembra ainda que, além de um patrimônio, as fazendas geram renda. “Com produtividade média de 57 sacas por hectare e a soja a R$ 70 por saca, um produtor consegue obter receita bruta de R$ 1,6 milhão, em 400 hectares”, calcula. A conta não considera os custos da lavoura, estimados em 60% da receita, nem os gastos com maquinário. Além disso, os preços médios praticados no estado no primeiro semestre de 2012 estão em R$ 55,65 por saca, conforme Secretaria Estadual da Agricultura (Seab).
Negócios parados
Diferentemente do que tem ocorrido nas cidades, o mercado imobiliário de terras do Paraná está com baixa liquidez. Segundo a gerente da Informa, apesar de o preço da soja estar em bons patamares, o investidor considera que é difícil negociar o produto nos picos de preço. Além disso, como o Paraná é considerado um estado com agricultura consolidada, o potencial de valorização da terra é inferior se comparado ao das fronteiras agrícolas, que ainda têm áreas novas disponíveis à agricultura.
Dono de 1 mil hectares em Palmeira (Campos Gerais), Luciano Agottani confirma que os negócios estão parados na região. Ao ver o preço do hectare subindo na mesma proporção que a média estadual, ele diz que a distância entre a fazenda e o asfalto é o que mais influencia o valor da terra. “Está muito caro. Hoje vale mais a pena arrendar. Comprar? Só se for a terra do meu vizinho”, diz ele, que desde 2005 arrenda 200 hectares. Os outros 800 foram comprados pelo pai de Agottani. O quadro de Palmeira é um retrato de todo o Paraná, comenta a gerente técnica da Informa.
R$ 1,12 milhão é o custo médio de uma propriedade de 40 hectares para cultivo de soja na região Oeste do estado. O valor é suficiente para comprar um apartamento novo, de luxo, em bairros valorizados de Curitiba, como o Batel.
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Cassiano Ribeiro e Igor Castanho
A alta do preço da soja observada no último ano fez o valor da terra agrícola decolar rumo ao recorde no Paraná. As fazendas do estado, que até a última safra lideravam a produção nacional de grãos, estão entre as mais caras do país, aponta levantamento da Informa Economics FNP. Segundo a consultoria paulista, um hectare (equivalente a cerca de 10 mil metros quadrados) altamente produtivo e voltado ao cultivo de grãos chega a custar R$ 28 mil no Centro-Oeste e Oeste paranaense, por conta da fertilidade do solo. O valor é recorde no estado e o segundo maior do Brasil, conforme a pesquisa. Está atrás apenas de Chapecó (Santa Catarina), onde a terra custa R$ 32 mil. Com o preço atual, uma propriedade de tamanho médio (entre 35 e 40 hectares) vale de R$ 980 mil a R$ 1,1 milhão, o suficiente para comprar um imóvel em bairro nobre na capital paranaense.
A variação nos preços de propriedades rurais chega a superar inclusive a valorização de apartamentos residenciais de alto padrão em Curitiba, onde está um dos metros quadrados mais caros do país. No último ano, o preço médio de apartamentos novos na capital subiu 10%, segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR). Já em Guarapuava (Campos Gerais), o valor terra teve a maior alta porcentual (34%) no mesmo período. “Com R$ 1 milhão seria possível investir em um apartamento de luxo, de três quartos, no Batel ou em bairros como Água Verde e Ecoville”, compara Gustavo Selig, presidente da Ademi.
O preço do hectare tem seguido o rastro da soja, não por acaso. Devido à quebra de safra ocorrida no último verão e à demanda externa extremamente aquecida, a saca de 60 quilos do produto vem batendo recordes consecutivos ao longo do último ano. “O preço da saca já passa dos R$ 70 no Paraná. O potencial de rentabilidade dessa cultura é que acaba aumentando o preço da terra”, explica Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa responsável pelo estudo. Ela lembra ainda que, além de um patrimônio, as fazendas geram renda. “Com produtividade média de 57 sacas por hectare e a soja a R$ 70 por saca, um produtor consegue obter receita bruta de R$ 1,6 milhão, em 400 hectares”, calcula. A conta não considera os custos da lavoura, estimados em 60% da receita, nem os gastos com maquinário. Além disso, os preços médios praticados no estado no primeiro semestre de 2012 estão em R$ 55,65 por saca, conforme Secretaria Estadual da Agricultura (Seab).
Negócios parados
Diferentemente do que tem ocorrido nas cidades, o mercado imobiliário de terras do Paraná está com baixa liquidez. Segundo a gerente da Informa, apesar de o preço da soja estar em bons patamares, o investidor considera que é difícil negociar o produto nos picos de preço. Além disso, como o Paraná é considerado um estado com agricultura consolidada, o potencial de valorização da terra é inferior se comparado ao das fronteiras agrícolas, que ainda têm áreas novas disponíveis à agricultura.
Dono de 1 mil hectares em Palmeira (Campos Gerais), Luciano Agottani confirma que os negócios estão parados na região. Ao ver o preço do hectare subindo na mesma proporção que a média estadual, ele diz que a distância entre a fazenda e o asfalto é o que mais influencia o valor da terra. “Está muito caro. Hoje vale mais a pena arrendar. Comprar? Só se for a terra do meu vizinho”, diz ele, que desde 2005 arrenda 200 hectares. Os outros 800 foram comprados pelo pai de Agottani. O quadro de Palmeira é um retrato de todo o Paraná, comenta a gerente técnica da Informa.
R$ 1,12 milhão é o custo médio de uma propriedade de 40 hectares para cultivo de soja na região Oeste do estado. O valor é suficiente para comprar um apartamento novo, de luxo, em bairros valorizados de Curitiba, como o Batel.