Um terço das lavouras de soja da Argentina está debaixo d'água após as tempestades de abril, com perdas de safra estimadas em 5 milhões de toneladas, enquanto a colheita começa em áreas secas que podem suportar os equipamentos de 30 toneladas usados para colher os grãos, disseram especialistas nesta quarta-feira.
As enchentes no cinturão de grãos dos Pampas podem acabar beneficiando os produtores concorrentes da Argentina, como os Estados Unidos. Já o Brasil também está no meio da temporada de exportação.
As condições climáticas estão melhorando, mas grandes importadores como a China já estão olhando para o Meio-Oeste dos Estados Unidos para compensar a provável queda da oferta da potência da soja sul-americana.
"Nos primeiros 20 dias do mês, 700 milímetros de chuvas caíram nas áreas mais atingidas", disse o agrônomo da bolsa de grãos de Rosário Cristian Russo, que estima perdas de soja relacionadas às enchentes em cerca de 5 milhões de toneladas ou mais.
A bolsa estima a safra deste ano em 59 milhões de toneladas, projeção que deve cair nas próximas semanas, com o sol surgindo e produtores avaliando as perdas causadas pelas chuvas.
Na semana passada, a bolsa de grãos de Buenos Aires reduziu sua estimativa de colheita para 56 milhões de toneladas, ante 60 milhões de toneladas.
"Dos 21 milhões de hectares cultivados com soja na Argentina, 7 milhões estão em boas condições; 7 milhões estão úmidos, mas não alagados, e nos demais 7 milhões os produtores precisam esperar que a enchente retroceda antes que possam tentar começar a colher", disse o conselheiro climático da bolsa, Eduardo Sierra.