Trigo tem qualidade comprometida no Paraná
Os produtores de trigo do Estado do Paraná podem arcar com perdas superiores a 60% no valor pago pela saca de 60 quilos. O cálculo foi considerado frente à cotação de terça-feira pela saca de 60 quilos do trigo de boa qualidade, em R$ 25, e os R$ 10, do triguilho, trigo de baixa qualidade geralmente destinado à elaboração de ração animal. “Ainda é cedo para saber exatamente quanto do trigo poderá virar triguilho, em função da perda de qualidade causada pelas oscilações climáticas”, afirma o agrônomo Otmar Hubner, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab-PR).
De acordo com o último relatório da safra do Estado, as chuvas já causaram perdas quantitativas de 21 % na triticultura deste ano. Das 3,500 milhões toneladas de trigo estimadas, deverão ser colhidas 2,770 milhões de toneladas. “Isso sem considerar os resultados frente às últimas chuvas”, ressalta o agrônomo. Até agora foram colhidos 76% do total de trigo cultivado no Estado.
Além de prejudicar a qualidade do trigo, as chuvas aumentam ainda os custos do triticultor. A umidade favorece ao aparecimento de fungos, sendo necessária a aplicação de mais fungicidas. Outro problema gerado é o atraso da colheita que de uma semana para a outra avançou apenas 1%. “E, por conseqüência atrasa também o plantio da safra de verão”, explica Hubner.
O plantio da soja, principal cultura da safra de verão e da qual o Paraná é o segundo produtor nacional, está atrasado. Segundo o agrônomo, apenas 13% dos campos de soja neste ano estão semeados até agora, contra uma área de 22% em igual período do ano passado.
Apesar da época de semeadura da oleaginosa no Paraná ir 1º de outubro a 31 de dezembro, 40% dos sojicultores costumam antecipar o cultivo para liberar o campo para a cultura da 1ª safra de milho, a partir de março. “Isso acontece mais na região Oeste, onde há o risco maior de geadas”, conta o agrônomo. “Se atrasar muito ao plantio da soja, o risco de perdas com a geada é maior e, com isso, alguns agricultores desistem de cultivar o milho”, explica.
Feijão — Outra cultura afetada pelas chuvas é do feijão das águas, ou da 1ª safra. O Paraná é o maior produtor nacional, com 330 mil hectares destinados ao cultivo do grão. Destes, segundo Hubner, 71% já foram plantados e a cultura se encontra na fase de germinação, período em que a baixa incidência de sol pode resultar em queda na qualidade do produto. A estimativa é de uma produção de 554 mil toneladas de feijão.
Cevada — Outra cultura de inverno também afetada pelas chuvas é da cevada, porém de menor expressão. O cereal é cultivado de modo integrado no Estado, ou seja, em contratos de venda direta para as maltarias. No Paraná, o cultivo é feito na região Centro-Sul — em Guarapuava onde há a Agromalte, maltaria da Cooperativa Agrária, com sede no distrito de Entre Rios — e dos Campos Gerais — onde há a fábrica da Kaiser, do grupo mexicano Femsa.
Fonte(s): Jornal do Estado
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