“Um dos dramas desta safra brasileira de trigo é a quebra de qualidade da maior parte da produção gaúcha e de boa parte da safra paranaense. Com esta perda de qualidade, produz-se um tipo de trigo que não serve para consumo humano, mas que serviria para consumo animal, chamado trigo forrageiro (pelos relatos que estamos recebendo, algumas lavouras nem para isto servem)”. A análise é do analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.
No entanto, na avaliação do especialista, “não há motivos para desespero. Este trigo tem grande demanda no mercado internacional (principalmente asiático) e paga bem. Os preços oferecidos no porto gaúcho de Rio Grande por este tipo de trigo para um exportador (cerealista ou cooperativa) chegam a US$ 165,00/ton FOB estivado para pequenos lotes, ou US$ 169,00/t para navios inteiros (25-30 mil toneladas ou mais). Este preço permitiria ao exportador pagar aos produtores algo ao redor de R$ 28,91/saca, contra R$ 32,17/saca do trigo normal para consumo humano, praticado hoje no estado”.
Em reais, o preço médio é de R$ 600,00/tonelada posto sobre rodas no porto de Rio Grande, mas na manhã desta terça-feira (27.10) foram negociados lotes a R$ 620,00 nas mesmas condições. Este preço poderia pagar ao agricultor cerca de R$ 26,74/saca no interior, a 500 km do porto.
“O RS tem potencial de exportar cerca de 1,0 milhão de toneladas e o Paraná poderia produzir, no final da colheita, até 700 mil tons deste tipo de trigo”, segundo levantamento da Consultoria Trigo & Farinhas.