13
mar
2015
Trigo e milho recuperam confiança
Preços viabilizam produção e fazem agricultor revisar planos de plantio. Em vez de redução, pode haver expansão de área
Carlos Guimarães Filho
As intenção de plantio do trigo e do milho de inverno, principais culturas da estação, vem sendo restaurada pelo mercado. Após apontar para redução nos dois cultivos – diante de cotações reduzidas –, o setor revisa os números e cogita inclusive ampliar as lavouras. Esse quadro ganha nitidez no Paraná, líder na triticultura e segundo maior produtor do cereal da ração na segunda safra.
No milho, a alta do dólar trouxe novo ânimo aos produtores. Com a moeda americana acima dos R$ 3, o cereal promete rentabilidade 18% acima do preço mínimo, que é de R$ 17,67 por saca no Paraná. Em Paranaguá, a cotação bateu na casa dos R$ 30 na última semana. Ainda abaixo dos praticados um ano atrás, os preços subiram 20% em seis meses. no estado.
O quadro é de mudança de planos também em âmbito nacional. “Os preços estavam baixos no início da safra e o produtor, desestimulado. A mudança de cenário trouxe novo ânimo. Estimamos que não haverá redução. Ao contrário, aumento de 4% no milho safrinha do país”, aponta a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da consultoria INTL FCStone.
O Paraná, que pretendia cultivar 1,87 milhão, agora tende a plantar área mais próxima de 1,9 milhão de hectares. Mato Grosso, que previa redução de 12% no plantio, manteve estimativa de 12,83 milhões de ha até a última semana. O tamanho da lavoura nacional de milho de inverno, estimado em 8,9 milhões de ha (área 2,5% menor que a de 2014), deve ser revisto no levantamento que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) solta nesta terça-feira (10).
No caso do trigo, as inaugurações de moinhos no Paraná prometem aliviar a falta de liquidez, maior preocupação dos triticultores. Mesmo que repita a área da última safra (2,7 milhões de ha), o país pode chegar 7 milhões de toneladas, o que seria um recorde. Essa marca, anunciada um ano atrás, não foi atingida por quebra climática de 1 milhão de tonelada nas lavouras gaúchas. Paraná e Rio Grande do Sul concentram 90% do plantio e estão programando 2,5 milhões de hectares com leve incremento.
“As vendas avançaram e os estoques ainda podem ser escoados sem tanta pressão, uma vez que a comercialização da soja voltou a andar”, pontua o analista técnico e econômico a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti.
Área de sobra
Não falta espaço para ampliar a safra de grãos de inverno. “Somados, o trigo e o milho de inverno ocupam 3,2 milhões de hectares no Paraná. Só de soja temos mais de 5 milhões de hectares no verão. Ou seja, o estado tem condições de expandir a área de ambas as culturas”, diz Mafioletti.
O plantio de trigo começa nesta semana pelo Paraná e o de milho chega ao fim do período ideal em diversos estados. As lavouras do cereal da ração que forem semeadas fora dessa janela podem ter produtividade menor. Mesmo assim, a expectativa é de sustentação. O risco climático para o plantio tardio é maior, mas pode não se manifestar.
De acordo com dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, na última safra de inverno, o rendimento médio no milho segunda safra foi de 5,3 mil quilos por hectare e o trigo de 3 mil quilos por hectare.
Diante do cenário promissor, a produtora Gilvane Amano irá repetir o tamanho das lavouras do inverno passado. Os 650 hectares da propriedade que sua família cultiva em Cambé, no Norte do Paraná, ocupados pela soja no verão, serão semeados com milho (60%) e trigo (40%).
“O trigo não visa lucro. É mais para fazer rotação e cuidar da terra. No milho, espero repetir a produtividade de 7,4 mil quilos por hectare”, diz confiante Gilvane.
20% de aumento no preço da saca de milho e 8% no da saca de trigo foram registrados no Paraná nos últimos seis meses.
18% acima do preço mínimo, a cotação de R$ 21,5 por saca de milho devolve ânimo à agricultura no PR. Leilões públicos pagariam R$ 17,67/sc.
Carlos Guimarães Filho
As intenção de plantio do trigo e do milho de inverno, principais culturas da estação, vem sendo restaurada pelo mercado. Após apontar para redução nos dois cultivos – diante de cotações reduzidas –, o setor revisa os números e cogita inclusive ampliar as lavouras. Esse quadro ganha nitidez no Paraná, líder na triticultura e segundo maior produtor do cereal da ração na segunda safra.
No milho, a alta do dólar trouxe novo ânimo aos produtores. Com a moeda americana acima dos R$ 3, o cereal promete rentabilidade 18% acima do preço mínimo, que é de R$ 17,67 por saca no Paraná. Em Paranaguá, a cotação bateu na casa dos R$ 30 na última semana. Ainda abaixo dos praticados um ano atrás, os preços subiram 20% em seis meses. no estado.
O quadro é de mudança de planos também em âmbito nacional. “Os preços estavam baixos no início da safra e o produtor, desestimulado. A mudança de cenário trouxe novo ânimo. Estimamos que não haverá redução. Ao contrário, aumento de 4% no milho safrinha do país”, aponta a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da consultoria INTL FCStone.
O Paraná, que pretendia cultivar 1,87 milhão, agora tende a plantar área mais próxima de 1,9 milhão de hectares. Mato Grosso, que previa redução de 12% no plantio, manteve estimativa de 12,83 milhões de ha até a última semana. O tamanho da lavoura nacional de milho de inverno, estimado em 8,9 milhões de ha (área 2,5% menor que a de 2014), deve ser revisto no levantamento que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) solta nesta terça-feira (10).
No caso do trigo, as inaugurações de moinhos no Paraná prometem aliviar a falta de liquidez, maior preocupação dos triticultores. Mesmo que repita a área da última safra (2,7 milhões de ha), o país pode chegar 7 milhões de toneladas, o que seria um recorde. Essa marca, anunciada um ano atrás, não foi atingida por quebra climática de 1 milhão de tonelada nas lavouras gaúchas. Paraná e Rio Grande do Sul concentram 90% do plantio e estão programando 2,5 milhões de hectares com leve incremento.
“As vendas avançaram e os estoques ainda podem ser escoados sem tanta pressão, uma vez que a comercialização da soja voltou a andar”, pontua o analista técnico e econômico a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti.
Área de sobra
Não falta espaço para ampliar a safra de grãos de inverno. “Somados, o trigo e o milho de inverno ocupam 3,2 milhões de hectares no Paraná. Só de soja temos mais de 5 milhões de hectares no verão. Ou seja, o estado tem condições de expandir a área de ambas as culturas”, diz Mafioletti.
O plantio de trigo começa nesta semana pelo Paraná e o de milho chega ao fim do período ideal em diversos estados. As lavouras do cereal da ração que forem semeadas fora dessa janela podem ter produtividade menor. Mesmo assim, a expectativa é de sustentação. O risco climático para o plantio tardio é maior, mas pode não se manifestar.
De acordo com dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, na última safra de inverno, o rendimento médio no milho segunda safra foi de 5,3 mil quilos por hectare e o trigo de 3 mil quilos por hectare.
Diante do cenário promissor, a produtora Gilvane Amano irá repetir o tamanho das lavouras do inverno passado. Os 650 hectares da propriedade que sua família cultiva em Cambé, no Norte do Paraná, ocupados pela soja no verão, serão semeados com milho (60%) e trigo (40%).
“O trigo não visa lucro. É mais para fazer rotação e cuidar da terra. No milho, espero repetir a produtividade de 7,4 mil quilos por hectare”, diz confiante Gilvane.
20% de aumento no preço da saca de milho e 8% no da saca de trigo foram registrados no Paraná nos últimos seis meses.
18% acima do preço mínimo, a cotação de R$ 21,5 por saca de milho devolve ânimo à agricultura no PR. Leilões públicos pagariam R$ 17,67/sc.
Fonte: Gazeta do Povo (AgroGP)