05
ago
2010
Trigo dispara e faz soja bater recorde do ano
Cotações sobem por causa da seca que afeta a Rússia e do destempero do clima em outros países da Europa. No Brasil, os preços seguem baixos
Impulsionado pela seca na Rússia, o trigo registrou ontem (4) na Bolsa de Chicago (CBOT) o melhor preço desde 24 de setembro de 2008, com US$ 7,26 o bushel (27,2 quilos). A última grande marca foi há 14 meses. Na esteira do cereal, soja e milho também avançam na CBOT, base para formação de preços em todo o mundo.
A oleaginosa encerrou o dia praticamente estável, mas com a melhor cotação do ano: US$ 10,53 o bushel (27,2 quilos). Já o milho avançou ontem mais de dez pontos e rompeu, pela primeira vez depois de seis meses, a casa dos US$ 4 o bushel (25,4 quilos). Na relação por saca (60 quilos), a soja atinge US$ 23,23, o milho US$ 9,45 e o trigo US$ 16. No Brasil, no entanto, as cotações não acompanham a alta nos preços internacional.
As oscilações no mercado norte-americano são motivadas pelo clima. Desta vez, porém, não são as previsões locais que influenciam as cotações. O “weather market” (mercado climático) deve-se ao tempo na Europa.
Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, atualmente na Europa, destaca que a safra norte-americana está em excelentes condições e que, apesar de o mês de agosto ser crítico por causa da fase de enchimento de grãos, dificilmente as lavouras dos EUA serão prejudicadas pelo clima. Já na Europa, “a seca continua e a dúvida é de que tamanho serão efetivamente as perdas”. Grande produtora e tradicional exportadora, a Rússia terá de importar trigo neste ano para suprir sua demanda interna. Países vizinhos como a Ucrânia e o Cazaquistão, que normalmente são fornecedores nessas fases ruins, também registram quebras climáticas. Curiosamente, algumas regiões da Europa enfrentam enchentes. A região terá de procurar trigo em outros continentes.
A situação na Europa tem sido determinante, avaliam os analistas e brokers na Bolsa de Chicago. Mas a demanda forte também ajuda a sustentar os preços, em especial de soja e milho. Tim Hannagan, analista sênior da PFGBest.com, diz que a seca na Rússia é o fator principal neste momento, mas que também há grande demanda fora da União Europeia. Na manhã de ontem, por exemplo, a China comprou 121 mil toneladas de soja dos EUA, lembra.
Alvaro Ancede, do The Laifa Group, nos EUA, disse que as perdas com o trigo nos países da antiga União Soviética vão ficar entre 15 e 25 milhões de toneladas, algo em torno de 20% da produção total. Como é um trigo de baixa qualidade, exportado para ração, justifica-se a valorização do milho, explica Ancede. Sobre a soja, o diagnóstico é inquestionável diante das compras da China. Ele lembra dos dois últimos registros, na terça e na quarta desta semana, por meio dos quais os chineses compraram 350 milhões de toneladas dos EUA.
A orientação de Ancede aos produtores brasileiros é que esta é a hora de vender. No caso específico da soja, ele destaca ainda que o prêmio positivo, acima de US$ 1 por bushel, compensa parte das perdas provocadas pelo câmbio.
*Colaboraram Luana Gomes e Mike McGuinnes
Impulsionado pela seca na Rússia, o trigo registrou ontem (4) na Bolsa de Chicago (CBOT) o melhor preço desde 24 de setembro de 2008, com US$ 7,26 o bushel (27,2 quilos). A última grande marca foi há 14 meses. Na esteira do cereal, soja e milho também avançam na CBOT, base para formação de preços em todo o mundo.
A oleaginosa encerrou o dia praticamente estável, mas com a melhor cotação do ano: US$ 10,53 o bushel (27,2 quilos). Já o milho avançou ontem mais de dez pontos e rompeu, pela primeira vez depois de seis meses, a casa dos US$ 4 o bushel (25,4 quilos). Na relação por saca (60 quilos), a soja atinge US$ 23,23, o milho US$ 9,45 e o trigo US$ 16. No Brasil, no entanto, as cotações não acompanham a alta nos preços internacional.
As oscilações no mercado norte-americano são motivadas pelo clima. Desta vez, porém, não são as previsões locais que influenciam as cotações. O “weather market” (mercado climático) deve-se ao tempo na Europa.
Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, atualmente na Europa, destaca que a safra norte-americana está em excelentes condições e que, apesar de o mês de agosto ser crítico por causa da fase de enchimento de grãos, dificilmente as lavouras dos EUA serão prejudicadas pelo clima. Já na Europa, “a seca continua e a dúvida é de que tamanho serão efetivamente as perdas”. Grande produtora e tradicional exportadora, a Rússia terá de importar trigo neste ano para suprir sua demanda interna. Países vizinhos como a Ucrânia e o Cazaquistão, que normalmente são fornecedores nessas fases ruins, também registram quebras climáticas. Curiosamente, algumas regiões da Europa enfrentam enchentes. A região terá de procurar trigo em outros continentes.
A situação na Europa tem sido determinante, avaliam os analistas e brokers na Bolsa de Chicago. Mas a demanda forte também ajuda a sustentar os preços, em especial de soja e milho. Tim Hannagan, analista sênior da PFGBest.com, diz que a seca na Rússia é o fator principal neste momento, mas que também há grande demanda fora da União Europeia. Na manhã de ontem, por exemplo, a China comprou 121 mil toneladas de soja dos EUA, lembra.
Alvaro Ancede, do The Laifa Group, nos EUA, disse que as perdas com o trigo nos países da antiga União Soviética vão ficar entre 15 e 25 milhões de toneladas, algo em torno de 20% da produção total. Como é um trigo de baixa qualidade, exportado para ração, justifica-se a valorização do milho, explica Ancede. Sobre a soja, o diagnóstico é inquestionável diante das compras da China. Ele lembra dos dois últimos registros, na terça e na quarta desta semana, por meio dos quais os chineses compraram 350 milhões de toneladas dos EUA.
A orientação de Ancede aos produtores brasileiros é que esta é a hora de vender. No caso específico da soja, ele destaca ainda que o prêmio positivo, acima de US$ 1 por bushel, compensa parte das perdas provocadas pelo câmbio.
*Colaboraram Luana Gomes e Mike McGuinnes
Fonte: Gazeta do Povo - Autor: Chicago, Illinois (EUA) - Giovani Ferreira, enviado especial*
Volte para a Listagem