Os preços mínimos do trigo não serão alterados na safra 2011. A manutenção dos valores foi aprovada na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e será anunciada oficialmente pelo Ministério da Agricultura nos próximos dias.
"Quando fizemos a avaliação de custo variável julgamos conveniente manter os atuais patamares", afirmou uma fonte do ministério à Agência Estado.
Repercussão- A decisão desagradou aos produtores, que reivindicavam ao menos a reposição dos 10% no preço mínimo, referentes à redução feita pelo governo em 2010. De acordo com o engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, os produtores locais reivindicavam reajuste de 12,7%.
Com isso, o preço mínimo do trigo pão tipo 1 passaria de R$ 477/tonelada para R$ 537,50/tonelada (28,62/saca para 32,25/saca). "Desta forma, seria possível praticamente cobrir o custo operacional do trigo, que é R$ 33,21/saca no Paraná", argumenta. O custo operacional inclui sementes, adubo e agrotóxicos, por exemplo. Há vários níveis de preços mínimos, de acordo com a qualidade do cereal. O preço de referência é de US$ 477 por tonelada para o trigo pão tipo 1.
Sinais - Segundo Mafioletti, membros do ministério já indicavam que os valores não seriam alterados. "Já tínhamos alertado o governo sobre os riscos de manter os preços no mesmo patamar e de ficarmos dependentes da importação." O Paraná tem área prevista de trigo de 1,041 milhão de hectares em 2011, 11% menor que a do ciclo passado, conforme dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura (Deral/Seab).
Impacto - O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, afirma que a medida terá impacto na safra e deve fazer com que os produtores reduzam o plantio no ciclo 2011/2012. A expectativa inicial é que a área semeada iguale os 767 mil hectares do ano passado. A federação irá solicitar uma audiência com o ministro Wagner Rossi na próxima semana para tratar da questão. "Queríamos a recuperação das perdas. Se sobe o preço lá fora e o custo de produção interno também, que estímulo os produtores terão para plantar?", questiona. No Rio Grande do Sul, o custo operacional é de R$ 32/saca.
Ações jurídicas - No ano passado, os preços foram reduzidos em 10% e anunciados a dois meses da colheita, o que gerou, inclusive, ações jurídicas por parte dos produtores para anular a decisão. Essa foi a primeira vez em que houve uma redução de valores na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) desde sua criação, em 1943. (Com informações da Agência Estado)
Fonte: Agência Estado - Ocepar
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