28
fev
2014
Trigo: Com maior rentabilidade, trigo pode expandir área plantada
A rentabilidade do trigo tem se mostrado melhor que a do milho no Brasil, especialmente no Paraná, onde a concorrência por área entre as culturas é acirrada, segundo levantamentos de custos de produção realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse cenário, somado às recentes perdas no cultivo do milho em decorrência da falta de chuva no Centro-Sul, pode impulsionar o plantio de trigo. Em algumas regiões do Paraná, cálculos do Cepea mostram que a rentabilidade do trigo chega a 30% sobre os custos operacionais, enquanto a do milho apresentou margem negativa de 17% – para esse resultado, foram considerados os valores médios pagos pelos insumos e também os de venda da produção referentes aos meses de novembro/13 a janeiro/14. Mesmo ao se computar os custos totais (operacionais e fixos), o trigo aponta igualdade com a receita total, enquanto para o milho, sobre o custo total, as margens negativas são ampliadas. Para o trigo, na região norte do Paraná, tomou-se como base uma produtividade média de 47,52 sacas por hectare. Os dados médios apontam que o custo operacional da lavoura seria de R$ 32,59/sc em janeiro/14, que, considerando um preço médio de R$ 42,50/sc de 60 kg, geraria rentabilidade de 30,4%. Para o milho segunda safra, na mesma localidade, o custo operacional seria de R$ 22,32/sc de 60 kg, para uma produtividade de 74,38 sc/ha. Com preço médio de R$ 18,54/sc de 60 kg, a rentabilidade seria negativa, em 17%. Em Cascavel (PR), segundo cálculos do Cepea, a rentabilidade da triticultura também ficaria na casa dos 30%, com custo de R$ 32,20/sc de 60 kg e preço de venda de R$ 42,51/sc. A produtividade considerada foi de 41,32 sc/ha. Já para o milho de segunda safra nesta região, a rentabilidade seria negativa, em 6%, para uma produtividade de 82,64 sc/ha. O custo médio seria R$ 19,50/sc e o preço médio considerado foi de R$ 18,34/sc. Esses resultados levaram em conta a produção dos dois cereais nas regiões paranaenses de Cascavel e Londrina. A simulação baseou-se em coeficientes técnicos (doses de insumos e produtividades) da safra 2012/13 levantados pela equipe Cepea junto a produtores e consultores das praças estudadas, com a metodologia denominada “painel”, na qual se define uma propriedade padrão local. No Paraná, o semeio do milho de segunda safra ocorreu em cerca de 60% da área prevista para cultura na temporada, mas, devido à falta de chuvas, as atividades estão atrasadas. Esse cenário pode fazer com que o produtor reajuste seu planejamento e opte pela cultura de trigo. Vale lembrar que as cotações do trigo estão em patamares considerados satisfatórios – apesar de a alta observada aos produtores não ter sido equivalente à observada no mercado de atacado –, devido a perdas de produção observadas no Paraná em 2013. O Brasil não é autossuficiente e necessita importar pelo menos metade do trigo necessário para atendimento do consumo doméstico. Nos últimos anos, apenas medidas paliativas foram tomadas para suprir necessidades mais urgentes, sem readequar a cultura à demanda interna A histórica dificuldade de comercialização do trigo e a falta de apoio governamental são os principais fatores que fazem com que o produtor migre cada vez mais para a produção do milho de segunda safra. Fonte: Cepea/Esalq Volte para a Listagem
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