Até o final da semana passada, a precipitação acumulada já ultrapassava a média histórica para o mês em muitas regiões do Rio Grande do Sul, resultado da ocorrência de vários dias de chuva, que já totalizam mais de um terço dos dias transcorridos até então.
O cenário climático ainda é considerado favorável ao trigo gaúcho, pois 73% da área plantada ainda encontra-se em fase de floração ou enchimento de grãos, justamente quando o aporte de água é muito benéfico.
De acordo com a Emater/RS, as áreas que já emitiram a espiga apresentam formação ótima dos grãos e aquelas em floração evidenciam um alto potencial produtivo, baseado no tamanho da espiga e na sanidade da planta.
Devido à elevada umidade relativa do ar proporcionada pelas últimas chuvas, os tratamentos fitossanitários seguem rigorosos para evitar o aparecimento de doenças fúngicas, em especial a giberela (causada pelo fungo Gibberella zeae) que provoca sérios danos já a partir da floração, resultando em perda de produtividade e comprometimento da qualidade do grão pela presença de micotoxinas.
Apesar de a giberela ser uma doença considerada de difícil controle, o melhoramento genético tem buscado a propagação de cultivares resistentes, sendo, porém, indispensável a aplicação de fungicidas na fase de floração.
A expectativa do setor produtivo é que a produtividade estimada inicialmente seja facilmente superada, o que será comprovado a partir dos próximos dias com o início da colheita no estado.
Ainda de acordo com a Emater, 2% das lavouras já estão nesta fase pré-colheita e já devem ser retirados do campo esta semana, mas a maior parte das plantas (37%) atravessa ainda a fase de floração, seguida do estádio de enchimento de grãos (36%) e uma importante fatia ainda em desenvolvimento vegetativo (25%).
De acordo com operadores do mercado gaúcho, a ansiedade pelo início da colheita é muito grande, assim como ocorreu a cerca de dois meses atrás no Paraná. A expectativa dos produtores também é grande porque pela primeira vez na história da triticultura do estado metade da produção deve ser de grãos Tipo Pão, o que corresponde a 783 mil toneladas.
Além disso, como o plantio no extremo sul do país é o mais tardio é de se esperar que os bons resultados alcançados pelo mercado do trigo nos últimos três meses tenham motivado o produtor a investir mais em sua lavoura, principalmente no que se refere aos tratos culturais como adubação nitrogenada e pulverizações.
Assim, com um bom aporte de nitrogênio para as plantas, as variedades para panificação devem atingir bons níveis de força, uma vez que as proteínas do grão são formadas a partir de aminoácidos que dependem de nitrogênio para serem fabricados pela planta.
Fonte: AF News: Notícias Agrícolas
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