23
fev
2012
Terra protegida, lavoura produtiva
Com práticas conservacionistas, Brasil faz uma agricultura eficiente e de baixo impacto ambiental
Quem percorre de carro algumas regiões do Paraná enxerga às margens das rodovias inúmeras lavouras, em sua maioria de soja e milho. Em um primeiro momento, a beleza das lavouras em crescimento – aquelas que resistiram aos períodos de estiagem e se desenvolveram – chama a atenção, mas um observador mais atento perceberá a grande quantidade de palha depositada na terra.
O que pode parecer um descuido com a plantação é na verdade o Sistema Plantio Direto (SPD), uma das práticas agrícolas conservacionistas que mais contribuem para a redução das emissões de poluentes e preservação do solo. Consiste em após a colheita, deixar a palha que sobra, no solo e não revolver a terra. Assim, a eliminação de CO2 na atmosfera é menor.
Em Cascavel, no extremo oeste do Estado, muitos são os produtores adeptos da técnica, como, por exemplo, Plínio Destro. Seu primeiro contato com a prática foi no início dos anos 90 e desde então, ele cultiva soja e milho nos 500 hectares de sua propriedade, utilizando o sistema. Segundo o produtor, as vantagens do plantio direto são muitas. “A palha ajuda a conservar a umidade do solo, aumenta a absorção de nutrientes e evita a erosão. Isso também protege os rios do assoreamento”, explica. No Paraná, há cerca de 20 anos, o SPD é praticado, em aproximadamente 90% da área plantada com soja, segundo Henrique Debiasi, pesquisador da área de manejo de solo da Embrapa Soja. A técnica se difundiu rapidamente no Estado, no início, por uma questão de necessidade.
“Nos anos 70 e 80, antes da prática estar consolidada no Paraná, havia uma perda média de 20 toneladas de solo por hectare plantado, a cada ano”, conta Debiasi. De acordo com o especialista, com a adoção do sistema, há uma redução de até 90% no volume perdido de solo, quando comparado com a agricultura convencional.
Ele ressalta ainda que muitos produtores já adotaram algumas práticas do plantio direto, mas ainda não o fazem de forma específica. É o caso de Taylor Marostica. Nas duas propriedades que administra junto com os pais e os irmãos, na região de Cascavel, ele planta soja e milho. Ali, em meio às plantas que se desenvolvem, dá para notar a palha restante sobre o solo.
Marostica conta que trabalha com rotação de culturas na lavoura – método indicado quando se faz o plantio direto – e destaca que há mais de 20 anos não passa o arado ou as grades na terra para plantar. “Evitamos deixar o solo descoberto e fazemos constantes análises para avaliar nutrientes e fazer a correção”, diz. Ele revela que além da menor incidência de doenças, a adoção da prática trouxe economia. “O que eu gastei com o investimento inicial, eu economizei em fertilizantes. Mas logo no primeiro ano o sistema se pagou.”Economia de tempo e dinheiro
Uma das vantagens da implantação do SPD nas lavouras é a economia de tempo, já que o produtor não precisa trabalhar a terra, com grades e arados antes de fazer o plantio. “Logo depois da colheita, já entra a semeadora no campo, pra plantar em cima da palha”, explica Destro.
Com isso, a necessidade de maquinário diminui e consequentemente o consumo de diesel e a emissão de poluentes também. “Sem o sistema de plantio direto não haveria o milho safrinha, pois o tempo gasto com o trabalho da terra inviabilizaria o pleno desenvolvimento das plantas a tempo da colheita”, assinala Debiasi.
Para o produtor Cassius Barreiros, também de Cascavel, um dos maiores ganhos em sua propriedade após a implementação do sistema está no aumento da produtividade. “Além disso, também há redução no uso de fertilizantes”, acentua.
Segundo Barreiros, que possui duas propriedades que somam 600 hectares, a proteção do solo também ajudou a amenizar os efeitos da estiagem. “É nítida a diferença entre as plantas da lavoura convencional e com o plantio direto”, salienta. Debiasi explica que todos esses fatores juntos, contribuem para a fixação de carbono no solo. “Há acumulo médio de 800 quilos por hectare, a cada ano”, contabiliza.
Outros benefícios do sistema de plantio direto como o uso de tecnologias de sementes e máquinas, bem como os incentivos do Governo Federal para a adoção da prática, você confere na segunda matéria especial sobre soluções para uma agricultura sustentável, que será publicada na próxima semana.
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Quem percorre de carro algumas regiões do Paraná enxerga às margens das rodovias inúmeras lavouras, em sua maioria de soja e milho. Em um primeiro momento, a beleza das lavouras em crescimento – aquelas que resistiram aos períodos de estiagem e se desenvolveram – chama a atenção, mas um observador mais atento perceberá a grande quantidade de palha depositada na terra.
O que pode parecer um descuido com a plantação é na verdade o Sistema Plantio Direto (SPD), uma das práticas agrícolas conservacionistas que mais contribuem para a redução das emissões de poluentes e preservação do solo. Consiste em após a colheita, deixar a palha que sobra, no solo e não revolver a terra. Assim, a eliminação de CO2 na atmosfera é menor.
Em Cascavel, no extremo oeste do Estado, muitos são os produtores adeptos da técnica, como, por exemplo, Plínio Destro. Seu primeiro contato com a prática foi no início dos anos 90 e desde então, ele cultiva soja e milho nos 500 hectares de sua propriedade, utilizando o sistema. Segundo o produtor, as vantagens do plantio direto são muitas. “A palha ajuda a conservar a umidade do solo, aumenta a absorção de nutrientes e evita a erosão. Isso também protege os rios do assoreamento”, explica. No Paraná, há cerca de 20 anos, o SPD é praticado, em aproximadamente 90% da área plantada com soja, segundo Henrique Debiasi, pesquisador da área de manejo de solo da Embrapa Soja. A técnica se difundiu rapidamente no Estado, no início, por uma questão de necessidade.
“Nos anos 70 e 80, antes da prática estar consolidada no Paraná, havia uma perda média de 20 toneladas de solo por hectare plantado, a cada ano”, conta Debiasi. De acordo com o especialista, com a adoção do sistema, há uma redução de até 90% no volume perdido de solo, quando comparado com a agricultura convencional.
Ele ressalta ainda que muitos produtores já adotaram algumas práticas do plantio direto, mas ainda não o fazem de forma específica. É o caso de Taylor Marostica. Nas duas propriedades que administra junto com os pais e os irmãos, na região de Cascavel, ele planta soja e milho. Ali, em meio às plantas que se desenvolvem, dá para notar a palha restante sobre o solo.
Marostica conta que trabalha com rotação de culturas na lavoura – método indicado quando se faz o plantio direto – e destaca que há mais de 20 anos não passa o arado ou as grades na terra para plantar. “Evitamos deixar o solo descoberto e fazemos constantes análises para avaliar nutrientes e fazer a correção”, diz. Ele revela que além da menor incidência de doenças, a adoção da prática trouxe economia. “O que eu gastei com o investimento inicial, eu economizei em fertilizantes. Mas logo no primeiro ano o sistema se pagou.”Economia de tempo e dinheiro
Uma das vantagens da implantação do SPD nas lavouras é a economia de tempo, já que o produtor não precisa trabalhar a terra, com grades e arados antes de fazer o plantio. “Logo depois da colheita, já entra a semeadora no campo, pra plantar em cima da palha”, explica Destro.
Com isso, a necessidade de maquinário diminui e consequentemente o consumo de diesel e a emissão de poluentes também. “Sem o sistema de plantio direto não haveria o milho safrinha, pois o tempo gasto com o trabalho da terra inviabilizaria o pleno desenvolvimento das plantas a tempo da colheita”, assinala Debiasi.
Para o produtor Cassius Barreiros, também de Cascavel, um dos maiores ganhos em sua propriedade após a implementação do sistema está no aumento da produtividade. “Além disso, também há redução no uso de fertilizantes”, acentua.
Segundo Barreiros, que possui duas propriedades que somam 600 hectares, a proteção do solo também ajudou a amenizar os efeitos da estiagem. “É nítida a diferença entre as plantas da lavoura convencional e com o plantio direto”, salienta. Debiasi explica que todos esses fatores juntos, contribuem para a fixação de carbono no solo. “Há acumulo médio de 800 quilos por hectare, a cada ano”, contabiliza.
Outros benefícios do sistema de plantio direto como o uso de tecnologias de sementes e máquinas, bem como os incentivos do Governo Federal para a adoção da prática, você confere na segunda matéria especial sobre soluções para uma agricultura sustentável, que será publicada na próxima semana.