Pratylenchus brachyurus. Esse é o nome do nematóide, frequentemente encontrado em solos de Cerrado, que começou a causar problemas a produtores rurais em Mato Grosso do Sul há cerca de cinco anos. No Estado, o P. brachyurus infecta raízes de várias culturas, principalmente da soja, em função da extensão do plantio e da frequência com que aparece nas lavouras.
A maior incidência é na região nordeste de MS, em municípios como Chapadão do Sul e Costa Rica, e na região sul do Estado em áreas com solos com menor teor de argila como Caarapó, Laguna Carapã, Amambai e Rio Brilhante. Segundo o chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento e pesquisador em nematologia vegetal da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme L. Asmus, os primeiros registros de perdas nas lavouras no Centro-Sul do Estado foram há aproximadamente três anos. "O que mais chama a atenção é que, atualmente, esse parasito está entre as grandes preocupações do produtor de Mato Grosso do Sul", diz Asmus.
Entre os sintomas causados pelo nematóide em soja, estão o amarelecimento e menor desenvolvimento das plantas, o escurecimento das raízes e, no caso de altas populações, o desaparecimento das raízes finas. Há plantações em que podem ser encontradas cerca de três mil espécimes por grama de raiz. Neste caso, no fim do ciclo da soja, que fica mais curto pela queda antecipada das folhas, as raízes estarão altamente comprometidas e não haverá enchimento adequado dos grãos.
Mas, apesar de ser um nematóide de difícil manejo, não é impossível diminuir a infestação. Foi o que disse o professor da Esalq, Mário Massayuki Inomoto, em um Seminário na Embrapa Agropecuária Oeste neste mês de julho com o tema "Nematóide das lesões radiculares: avanços e desafios". De acordo com Inomoto, o produtor pode se valer de técnicas básicas de manejo, que devem ser integradas: uso de cultivares resistentes e tolerantes; de nematicidas, que possuem grande vantagem por ter custo relativamente baixo; de controle biológico, que entre os principais agentes estão fungos predadores e bactérias formadoras de esporos (Pasteuria thornei); e de rotação ou sucessão de culturas - considerada pelo professor como a técnica principal.
"Atualmente, as culturas mais efetivas para sucessão e rotação são Crotalaria spectabilis, Crotalaria ochroleuca, Crotalaria breviflora, Stylosanthes spp., milheto 'ADR-300' e girassol. O produtor deve acompanhar o desenvolvimento populacional do Pratylenchus brachyurus que, se chegar próximo a população de 200 a 800 cm³ de solo, já se deve utilizar a crotalária", diz. Apesar da crotalária ser uma cultura de verão, esse adubo verde reduz a incidência de nematóide ao longo do tempo mesmo na entressafra, por ser uma planta não hospedeira.
Não se sabe ao certo como foi a dispersão desse nematóide no Brasil. Entre as suspeitas está a de que ele tenha chegado ao país entre as décadas de 1950 e 1960 por meio de estacas enraizadas de capim-pangola. Mas o certo é que, o nematoide sendo um parasita de solo, o produtor rural deve, no mínimo, utilizar técnicas de limpeza de maquinário para evitar tanto o Pratylenchus brachyurus quanto outros patógenos, escolher bem a procedência das sementes, e seguir as técnicas de manejo citadas. "O importante é o produtor não ser resistente em adotar as técnicas e atuar em várias frentes, antes que a infestação inviabilize a cultura da soja", alerta Asmus, pesquisador da Embrapa.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste