22
abr
2015
Técnica reduz pela metade a aplicação de defensivos na soja
Além da economia financeira, Manejo Integrado de Pragas provoca menos impacto ambiental
No campo, está comprado queda no custo da produção em cinco sacas, por alqueire
Dos 2,5 bilhões de dólares que os plantadores de soja brasileiros gastaram na safra 2013/2014 para comprar cerca de 140 milhões de litros de inseticidas, metade poderia ser economizada com a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP). O dado é de um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Paraná, em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
As conclusões refletem as avaliações feitas, no campo, durante duas safras consecutivas. Além da economia financeira, o Manejo Integrado contribui para reduzir o impacto no ambiental e para evitar que algumas pragas ganhem resistência aos defensivos.
O trabalho da Embrapa é antigo e foi retomado pela Emater, resultando na Campanha Plante seu Futuro, desenvolvida pela Seab, que preconiza a aplicação de boas práticas de produção, buscando qualificar a produção com sustentabilidade ambiental.
No primeiro ano, a Emater selecionou 50 propriedades, no norte e no oeste do Paraná, para servirem como unidades de referência, para avaliar a eficiência do MIP. Nessas unidades, foi promovido o controle racional de pragas por meio de associação de diferentes táticas, como a escolha de cultivares mais resistentes às pragas, controle biológico e redução das pulverizações pela metade. Além disto, os agrotóxicos utilizados eram específicos para os tipos de pragas que ocorriam naquele momento.
Na safra que acabou de ser colhida, no mês passado o Paraná já teve mais de 220 propriedades de soja adotando as ferramentas do MIP, sendo mais de 40 localizadas na região de Maringá.
Estimativas da Seab indicam que, na próxima safra de verão, o número de adesões ao sistema vai dar um salto. O clima otimista é sustentado, justamente, pelos resultados positivos alcançados pelas propriedades que serviram de unidades de referência. Para o produtor, o principal atrativo está na economia.
APOSTA CERTA
O pesquisador da Embrapa Soja, em Londrina, Osmar Conte, doutor em Ciências do Solo, esclarece que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) consiste em manejar as pragas com critérios técnicos. "O protocolo não abole o uso de agroquímicos, mas consiste em fazer o uso racional, quando é necessário, não mais indiscriminadamente como geralmente ocorre", declara.
O MIP, de acordo com Conte, começa com o monitoramento semanal da lavoura. "Utilizamos um pano de batida que nos indica o número e o tamanho das pragas presentes na lavoura e a aplicação do agrotóxico só é recomendada quando a quantidade de pragas detectada ultrapassa o nível de ação já estabelecido pela pesquisa. Caso contrário, não há necessidade de fazer o controle", explica.
Em Marialva, o produtor Nério Batista de Souza, tradicional sojicultor da Estrada Marialva, perdeu uma aposta para o filho Fabianderson. O garoto se formou em Agronomia e tentava introduzir novas tecnologias na propriedade, onde a família planta 22 alqueires com soja, no verão, e milho, no inverno, mas o pai resistia. Até que travaram uma aposta: se a redução de defensivos resultasse em prejuízo, o jovem agrônomo pagaria, mas se desse lucro, seria todo dele. A conta bancária de Fabianderson acaba de engordar: a propriedade economizou o equivalente a seis sacas de soja, por alqueire, e vai repetir a dose no milho safrinha. /// Luiz de Carvalho
Economia de um bilhão de reais
O engenheiro agrônomo Celso Seratto, da Emater, em Maringá, é um dos entusiastas do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Ele estima que se todos os agricultores do Estado adotassem a técnica a economia seria de R$ 1 bilhão. "No campo, significa cinco sacas a menos, por alqueire, no custo de produção", destaca.
Ele ressalta que, além da soja, o estudo já chegou ao milho. Na região de Maringá mais de 30 propriedades também conseguiram reduzir pela metade a aplicação de agrotóxicos na safra passada de inverno.
Mesmo propriedades que não estão inscritas como unidades de referências já utilizam o protocolo do MIP. Em Itambé, o produtor Valdir Fries, ex-funcionário da Emater, conseguiu reduzir o uso de agrotóxicos em mais de 40%. "Além da economia, preservo a saúde da propriedade", afirma.
No campo, está comprado queda no custo da produção em cinco sacas, por alqueire
Dos 2,5 bilhões de dólares que os plantadores de soja brasileiros gastaram na safra 2013/2014 para comprar cerca de 140 milhões de litros de inseticidas, metade poderia ser economizada com a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP). O dado é de um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Paraná, em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
As conclusões refletem as avaliações feitas, no campo, durante duas safras consecutivas. Além da economia financeira, o Manejo Integrado contribui para reduzir o impacto no ambiental e para evitar que algumas pragas ganhem resistência aos defensivos.
O trabalho da Embrapa é antigo e foi retomado pela Emater, resultando na Campanha Plante seu Futuro, desenvolvida pela Seab, que preconiza a aplicação de boas práticas de produção, buscando qualificar a produção com sustentabilidade ambiental.
No primeiro ano, a Emater selecionou 50 propriedades, no norte e no oeste do Paraná, para servirem como unidades de referência, para avaliar a eficiência do MIP. Nessas unidades, foi promovido o controle racional de pragas por meio de associação de diferentes táticas, como a escolha de cultivares mais resistentes às pragas, controle biológico e redução das pulverizações pela metade. Além disto, os agrotóxicos utilizados eram específicos para os tipos de pragas que ocorriam naquele momento.
Na safra que acabou de ser colhida, no mês passado o Paraná já teve mais de 220 propriedades de soja adotando as ferramentas do MIP, sendo mais de 40 localizadas na região de Maringá.
Estimativas da Seab indicam que, na próxima safra de verão, o número de adesões ao sistema vai dar um salto. O clima otimista é sustentado, justamente, pelos resultados positivos alcançados pelas propriedades que serviram de unidades de referência. Para o produtor, o principal atrativo está na economia.
APOSTA CERTA
O pesquisador da Embrapa Soja, em Londrina, Osmar Conte, doutor em Ciências do Solo, esclarece que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) consiste em manejar as pragas com critérios técnicos. "O protocolo não abole o uso de agroquímicos, mas consiste em fazer o uso racional, quando é necessário, não mais indiscriminadamente como geralmente ocorre", declara.
O MIP, de acordo com Conte, começa com o monitoramento semanal da lavoura. "Utilizamos um pano de batida que nos indica o número e o tamanho das pragas presentes na lavoura e a aplicação do agrotóxico só é recomendada quando a quantidade de pragas detectada ultrapassa o nível de ação já estabelecido pela pesquisa. Caso contrário, não há necessidade de fazer o controle", explica.
Em Marialva, o produtor Nério Batista de Souza, tradicional sojicultor da Estrada Marialva, perdeu uma aposta para o filho Fabianderson. O garoto se formou em Agronomia e tentava introduzir novas tecnologias na propriedade, onde a família planta 22 alqueires com soja, no verão, e milho, no inverno, mas o pai resistia. Até que travaram uma aposta: se a redução de defensivos resultasse em prejuízo, o jovem agrônomo pagaria, mas se desse lucro, seria todo dele. A conta bancária de Fabianderson acaba de engordar: a propriedade economizou o equivalente a seis sacas de soja, por alqueire, e vai repetir a dose no milho safrinha. /// Luiz de Carvalho
Economia de um bilhão de reais
O engenheiro agrônomo Celso Seratto, da Emater, em Maringá, é um dos entusiastas do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Ele estima que se todos os agricultores do Estado adotassem a técnica a economia seria de R$ 1 bilhão. "No campo, significa cinco sacas a menos, por alqueire, no custo de produção", destaca.
Ele ressalta que, além da soja, o estudo já chegou ao milho. Na região de Maringá mais de 30 propriedades também conseguiram reduzir pela metade a aplicação de agrotóxicos na safra passada de inverno.
Mesmo propriedades que não estão inscritas como unidades de referências já utilizam o protocolo do MIP. Em Itambé, o produtor Valdir Fries, ex-funcionário da Emater, conseguiu reduzir o uso de agrotóxicos em mais de 40%. "Além da economia, preservo a saúde da propriedade", afirma.
Fonte: O Diário de Maringá