09
abr
2014
Soja sobe degrau e abre espaço para recorde

 

A produção brasileira de soja sofreu interferência de três veranicos e de temperaturas acima de 40 graus, mas chega a 87,1 milhões de toneladas, volume 6% maior que o recorde do ano passado. As regiões poupadas pela irregularidade climática sustentam uma produtividade média nacional de 2,95 mil quilos por hectare, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. Num ano em que o plantio foi ampliado em 7%, esse índice incrementa a safra nacional e dá lastro para um recorde de 195 milhões de toneladas de grãos na temporada 2013/14.

O maior respaldo para o crescimento na produção de soja vem, mais uma vez, de Mato Grosso. Líder na cultura, o estado do Centro-Oeste também teve clima irregular. Mas, o excesso de chuvas na segunda metade da colheita não impediu avanço de 2,3% em produtividade. O total de 26,21 milhões de toneladas – 2,27 milhões acima da marca de 2013 – representa 30% da colheita nacional.

Segundo maior produtor do país, o Paraná teve a maior quebra, com perda de 1 milhão de toneladas em relação a 2012/13. O recuo de 6,4% é ainda maior se considerado o potencial da área plantada. Chega a 1,85 milhão de toneladas, volume que corresponde a 10,9% do resultado esperado. A irregularidade climática ampliou a variação dos resultados, mas está confirmada perda equivalente a R$ 1,95 bilhão no estado.

Os preços estão entre 20% e 25% acima dos patamares de um ano atrás, o que valoriza a colheita. Em Campo Novo do Parecis (Oeste de Mato Grosso), Edilson Piaia colheu dez 10 sacas por hectare a mais do que no ciclo anterior nos 3,9 mil hectares que cultiva. “A minha média fechou entre 56 sacas e 57 sacas por hectare. Foi mais do que eu esperava.” Ele pretende ampliar a lavoura da soja para 4,5 mil hectares.

No Norte do Paraná, região mais afetada pelo clima quente, o resultado é 30% menor que o de um ano atrás. O produtor Mauro Tsuyoshi Okimura, de Londrina, conta que a soja precoce (1/3 de 725 hectares) foi menos afetada, mas a de ciclo normal (2/3) caiu à faixa de 37 a 45 sacas por hectare em lavouras com potencial para 62 sc/ha.

A safra de 195 milhões de toneladas vem sendo assegurada também pelo rendimento do milho. Apesar de a área do cereal ter sido reduzida em 9,47% no verão, a colheita praticamente repete o volume de 2012/13, chegando a 34,22 milhões de toneladas, projeta a Expedição Safra.

O cereal foi menos afetado que a oleaginosa e teve boa produtividade, conforme a equipe técnica da Expedição Safra. As duas culturas representam 63% da safra nacional de grãos.

Tanto no milho quanto na soja, os resultados impõem ao país o desafio de ampliar as exportações, aponta o coordenador da Expedição, Giovani Ferreira. A meta nacional é embarcar 20 milhões de toneladas do cereal 45 milhões de toneladas da oleaginosa.

Retomada

Quebra menor que a do ano passado tranquiliza o MaToPiBa

O volume de soja e de milho que está saindo do campo é menor que o de um ano atrás no Paraná e em Goiás. Porém, os problemas climáticos se estenderam a todas as regiões do país. Mesmo assim, a colheita cresce nos demais estados porque a área plantada foi ampliada e também pelo fato de as perdas em 2012/13 terem sido mais expressivas. É o caso da nova fronteira agrícola formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o MaToPiBa.

Os quatro estados tiveram aumento de produtividade (15,6%, em média) e somam 8,86 milhões de toneladas de soja. O destaque é o Piauí, que teve sua maior frustração de safra em uma década no ano passado e agora registra acréscimo de 34% nos rendimentos da oleaginosa. Os produtores piauienses estão colhendo 1,52 milhão de toneladas do grão.

As perdas foram fortemente sentidas nas regiões castigadas pelo clima. Goiás iniciou a safra 2013/14 elevando as apostas para a safra de verão, mas o saldo final decepcionou. A produtividade 9,1% menor que a da temporada anterior reduziu a colheita em 4,1% – a 8,6 milhões de toneladas.

“A área foi ampliada e nos primeiros 30 dias de cultivo o clima era bom, as lavouras estavam bonitas”, lembra Carlos César de Menezes, gerente de geração e difusão de tecnologia da cooperativa Comigo, de Rio Verde. “O produtor tinha tudo para aumentar a produção neste ano”, lamenta Bartolomeu Braz Pereira, vice-presidente institucional da Faeg.

Os técnicos e especialistas consultados pela Expedição Safra apontam que a quebra climática não irá interromper o ciclo de crescimento na produção nacional de grãos. Eles consideram que os preços atuais e os fundamentos do mercado internacional de commodities agrícolas estimulam novo aumento na área plantada em 2014/15 na América do Sul. A temporada ainda não foi planejada pelos produtores e será semeada a partir de setembro.

*Colaboraram Carlos Guimarães e Igor Castanho


Fonte: Gazeta do Povo Online

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