25
mar
2010
Soja ganha espaço nas lavouras argentinas
Custo de implantação e manutenção da lavoura da oleaginosa é menor em relação a outras culturas
Priscilla Ferreira | Tres Arroyos (Argentina)
Tanto a produção quanto a área de soja vem aumentando nos últimos anos na Argentina, o que está fazendo com que algumas culturas percam espaço para a oleaginosa, como é o caso do girassol.
Uma das razões apontadas para o aumento da área de soja na Argentina é o custo de implantação e manutenção da lavoura, que é menor em relação a outras culturas. Além disso, o grão possui maior liquidez no mercado por se tratar de uma commodity. O engenheiro agrônomo argentino Gonzalo Rodera diz que cresce o número de produtores que abandona o girassol e aposta na soja pela facilidade no manejo do grão. Ele confirma que o cultivo da soja é mais simples, dá menos trabalho e é mais lucrativo.
— Devido à facilidade de uso com glifosato e semeadora, com comparação com a cultura do girassol, gerando uma maior rentabilidade — explica Rodera.
Nos últimos dez anos, a área destinada à produção de girassol na Argentina diminuiu consideravelmente. Tanto que o país, maior produtor da semente, está agora atrás da Rússia e da Ucrânia.
Em 1999, a Argentina destinava ao cultivo de girassol quatro milhões de hectares. No ano passado, este número caiu para 2,578 milhões de hectares. Ao contrário do girassol, que teve a área de cultivo reduzida, a área destinada a soja no país dobrou no mesmo período. Em 1999, a soja era plantada em 8,18 milhões hectares. Na última safra, este número passou para 16,38 milhões de hectares.
Para Martín Zamora, engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (Inta), o cultivo da soja vem competindo com o girassol não apenas pela questão do custo de produção ser menor, como pelo fato da soja ter se adaptado melhor ao plantio direto. Ele diz também que outro fator relevante na questão é que o produtor de soja pode produzir sua própria semente, enquanto para cultivar girassol é preciso recorrer ao mercado.
— O cultivo de soja vem aumentando e competindo com o cultivo de girassol, basicamente em dois aspectos: primeiro a soja se adaptou muito bem ao sistema de plantio direto, muito melhor do que se adaptou em princípio o girassol — avalia Zamora.
Como o clima é mais ameno e a precipitação de chuvas é menor na Argentina, as lavouras de soja não necessitam de aplicação de fungicidas, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde o clima mais úmido e temperaturas médias mais altas propiciam o aparecimento de pragas e doenças. Os custos com fertilização também são menores, já que os solos são férteis e apresentam altos teores de fósforo. No sul da província de Buenos Aires, a soja vem substituindo o girassol na rotação com o trigo.
O aumento da produção de soja na Argentina em áreas onde tradicionalmente se cultivava girassol deve afetar o mercado brasileiro, proporcionando o aumento do cultivo de oleaginosas alternativas.
Fonte: Canal Rural
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Priscilla Ferreira | Tres Arroyos (Argentina)
Tanto a produção quanto a área de soja vem aumentando nos últimos anos na Argentina, o que está fazendo com que algumas culturas percam espaço para a oleaginosa, como é o caso do girassol.
Uma das razões apontadas para o aumento da área de soja na Argentina é o custo de implantação e manutenção da lavoura, que é menor em relação a outras culturas. Além disso, o grão possui maior liquidez no mercado por se tratar de uma commodity. O engenheiro agrônomo argentino Gonzalo Rodera diz que cresce o número de produtores que abandona o girassol e aposta na soja pela facilidade no manejo do grão. Ele confirma que o cultivo da soja é mais simples, dá menos trabalho e é mais lucrativo.
— Devido à facilidade de uso com glifosato e semeadora, com comparação com a cultura do girassol, gerando uma maior rentabilidade — explica Rodera.
Nos últimos dez anos, a área destinada à produção de girassol na Argentina diminuiu consideravelmente. Tanto que o país, maior produtor da semente, está agora atrás da Rússia e da Ucrânia.
Em 1999, a Argentina destinava ao cultivo de girassol quatro milhões de hectares. No ano passado, este número caiu para 2,578 milhões de hectares. Ao contrário do girassol, que teve a área de cultivo reduzida, a área destinada a soja no país dobrou no mesmo período. Em 1999, a soja era plantada em 8,18 milhões hectares. Na última safra, este número passou para 16,38 milhões de hectares.
Para Martín Zamora, engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (Inta), o cultivo da soja vem competindo com o girassol não apenas pela questão do custo de produção ser menor, como pelo fato da soja ter se adaptado melhor ao plantio direto. Ele diz também que outro fator relevante na questão é que o produtor de soja pode produzir sua própria semente, enquanto para cultivar girassol é preciso recorrer ao mercado.
— O cultivo de soja vem aumentando e competindo com o cultivo de girassol, basicamente em dois aspectos: primeiro a soja se adaptou muito bem ao sistema de plantio direto, muito melhor do que se adaptou em princípio o girassol — avalia Zamora.
Como o clima é mais ameno e a precipitação de chuvas é menor na Argentina, as lavouras de soja não necessitam de aplicação de fungicidas, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde o clima mais úmido e temperaturas médias mais altas propiciam o aparecimento de pragas e doenças. Os custos com fertilização também são menores, já que os solos são férteis e apresentam altos teores de fósforo. No sul da província de Buenos Aires, a soja vem substituindo o girassol na rotação com o trigo.
O aumento da produção de soja na Argentina em áreas onde tradicionalmente se cultivava girassol deve afetar o mercado brasileiro, proporcionando o aumento do cultivo de oleaginosas alternativas.
Fonte: Canal Rural