23
fev
2010
Soja desvalorizada preocupa produtores

 

Apesar da boa produção, sojicultores estão frustrados com preço pago pela saca, que já despencou até R$ 28

Dourados prevê safra de 420 mil t; produtores vão esperar preço subir



Os produtores de soja de Mato Grosso do Sul estão preocupados, mas desta vez não é com o clima, mas sim, com o preço que está sendo pago pela saca do grão. A colheita já começou e os preços não param de cair. Em dezembro, a saca da soja estava sendo negociada a R$ 42,00. Nos últimos dias o valor despencou até R$ 28,00. Dourados espera uma safra recorde avaliada em 420 mil toneladas de grãos.

O presidente da Associação dos Engenheiros Agronômos da Grande Dourados (Aeagran), Bruno Tomazini comenta que os produtores que têm condições financeiras vão fazer a estocagem do produto e esperar os preços melhorarem. No entanto, os produtores que precisam pagar o financiamento contraído junto ao banco para plantar a safra, vão ter que submeter ao baixo preço.

“A chuva veio na hora certa e a planta cresceu conforme o esperado, mas o produtor infelizmente não vai poder comemorar muito por causa dos preços baixos”, ressalta.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, a cotação do grão é pressionada por projeções de safras recordes nos três maiores exportadores, EUA, Brasil e Argentina. O aumento da área plantada e o clima favorável resultaram na expansão de 20% na produção mundial, o que elevou o estoque dos países produtores em 40%.

Apesar de os gastos com custeio terem caído de 10% a 20% nesta safra, o cenário é menos favorável em relação a safra passada, quando a quebra de 31% na produção Argentina e a forte demanda chinesa garantiram altos preços mesmo durante a colheita. A cotação do dólar, que caiu nos últimos 12 meses, também prejudicou o sojicultor. A perspectiva também é ruim para o milho 2ª safra, por causa dos preços baixos pagos pela saca.

TRÉGUA

Segundo Bruno Tomazini, em Dourados, a chuva que estava preocupando os produtores, deu uma trégua no meio da semana passada, o que aliviou a tensão dos sojicultores que puderam entrar com as máquinas nas lavouras para colher. Muitas lavouras estavam preparadas, mas o excesso de umidade impedia a colheita e o tratamento fitosanitário contra as pragas e doenças.

Boa parte dos produtores levou em consideração que poderia ocorrer em Dourados, o que já vinha acontecendo nas lavouras no Mato Grosso. Devido o excesso de chuva, no Norte, os produtores não estavam podendo colher a safra, cujos grãos começaram a germinar no próprio pé.

Em Dourados, segundo o engenheiro agrônomo, não se teve noticia de que esse fator tenha ocorrido nas lavouras da região, embora alguns produtores tenham sofrido algum prejuízo por causa do calor intenso que fez há algumas semanas na região.

No município pelo menos 5% da safra da soja já foi colhida. A perspectiva é que a colheita siga até o final de março.

Fonte: Fátima News - Marli Lange
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