21
mai
2014
Soja de inverno avança com altos e baixos

 

O aumento na área plantada de soja safrinha ainda não se traduz em lucro certeiro para os produtores que apostaram na segunda safra do grão. Considerada uma opção de risco por técnicos e pesquisadores – devido aos perigos fitossanitários que pode gerar –, a produção da oleaginosa de inverno tem a rentabilidade comprimida pelo aumento na pressão de pragas e a falta de condições adequadas para a produção. Nas primeiras lavouras colhidas, a produtividade não tem passado de 30 sacas por hectare, indicam os técnicos.

Só no Paraná a área da safrinha cresceu 34% (para 108 mil hectares), conforme a Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab). Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) não divulga uma previsão oficial, mas o setor estima que a área passe de 120 mil hectares, seis vezes mais do que no último ciclo. Nos dois estados, a colheita precisa terminar antes do dia 15 de junho, quando começa o período do vazio sanitário, que restringe a produção da oleaginosa durante 90 dias.

Longo prazo

O setor teme que a expansão da soja safrinha possa gerar impactos no próximo ciclo. “Nossa maior preocupação é com o manejo de resistência. Recomendamos que o produtor faça as contas e verifique se o cultivo vale a pena”, indica o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja MT), Luiz Nery Ribas.

“Houve maior exposição das pragas aos mesmos produtos que foram utilizados na primeira safra, e isso pode acelerar a evolução da resistência aos inseticidas”, aponta Lucia Vivan, entomologista da Fundação Mato Grosso. Uma das maiores preocupações é quanto às lagartas do gênero Helicoverpa, que exigiram mais aplicações e elevaram os custos de produção em até duas sacas por hectare no último verão.

Autoridades mato-grossenses já avaliam a possibilidade de restringir o plantio de soja após o dia 31 de dezembro. A Aprosoja defende que a medida seja discutida com produtores e pesquisadores antes que o governo tome qualquer decisão. “Estamos promovendo uma ampla discussão para avaliar os resultados e verificar o que pode ser feito na próxima safra”, aponta Ribas.

O Paraná ainda não planeja implementar medida semelhante, indica Marcílio Martins Araújo, gerente de sanidade vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Ele afirma que a entidade mantém contato constante com as instituições de pesquisa, mas até agora não houve nenhuma indicação de que será necessário fazer alguma intervenção drástica. O foco no momento é minimizar os riscos de aparecimento da ferrugem asiática. “Durante esse mês vamos reforçar os alertas para que se respeite o período o vazio sanitário.”

Safra 2014/15: Safrinha é estratégia para reduzir custos em MT

O aumento na área da soja safrinha também é uma estratégia para reduzir os custos de produção em Mato Grosso. Conforme o vice-presidente do Sindicato Rural de Sinop (Médio-Norte do estado), Antonio Galvan, muitos produtores apostaram na segunda safra da oleaginosa com o objetivo de salvar sementes para o ciclo 2014/15. Ele explica que a maior preocupação é com a variedade Intacta RR2 PRO, da multinacional Monsanto, cujo valor dos royalties varia entre R$ 96,50 e R$ 115 por hectare, ante R$20 por hectare cobrado na tecnologia anterior, a soja RR1.

O sindicato move na justiça uma ação contra a multinacional solicitando a isenção da cobrança dos royalties da Intacta RR2 PRO na moega (após a colheita). Na semana passada o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso proferiu decisão favorável à entidade. “Não questionamos nessa ação a necessidade de se pagar os royalties, apenas a forma como estava sendo feita a cobrança”, indica Galvan. A Monsanto aguarda a notificação judicial antes de se manifestar.

10 a 30 sacas por hectare é o rendimento obtido nas primeiras lavouras colhidas em Mato Grosso. Aumento na pressão de pragas exigiu mais aplicações e elevou os custos de produção.


Fonte: Gazeta do Povo Online

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