A discussão em relação a soja convencional e a transgênica está longe de terminar. Uns dizem que uma tem mais rentabilidade do que a outra, outros que há vantagens no custo de produção, maior aceitação no mercado internacional, entre outros. De acordo especialistas, a projeção é que nenhuma das duas deixará de ser utilizada nos campos do país. O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Pierre Marie Jean Patriat, avalia que a soja transgênica ainda é a melhor opção e apresenta mais vantagens para os produtores em função do melhor manejo da lavoura.
Segundo ele, o grão geneticamente modificado é mais viável porque, além da redução nas pulverizações, há mais flexibilidade nos tratos culturais já que existe uma janela maior para administrar o herbicida sem prejudicar o desenvolvimento da lavoura. Já a convencional é mais exigente em relação aos prazos e a planta fica mais sensível quando da aplicação fora da época recomendada. "O principal benefício das variedades transgênicas é o controle de ervas daninhas na aplicação, pois pode-se fazer mais de uma aplicação de herbicidas. Diferente da convencional onde isso tem que ser administrado de outra maneira. Quanto aos custos de produção, são praticamente os mesmos".
A área plantada com soja transgênica na safra 2009/2010 em Mato Grosso alcançou 52%, 10 pontos percentuais a mais que na safra 2008/2009. A área total plantada com soja geneticamente modificada somou 3,216 milhões de hectares. A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) firmou convênio com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o desenvolvimento de pesquisas de mais variedades da soja convencional.
O produtor rural e diretor Administrativo da Aprosoja, Ricardo Arioli, concorda que é mais fácil controlar as ervas daninhas no plantio da soja transgênica. Em sua propriedade ele diz que hoje planta 70% de soja convencional e 30% de transgênica. Por outro lado, ele diz que os produtores não estão satisfeitos com a cobrança de royalties pela Monsanto, que é detentora de várias tecnologias da planta. O valor cobrado pela Monsanto pelo uso da patente, de acordo com cálculos dos produtores, é de cerca de R$ 15 por hectare. Em função disso a Aprosoja notificou a multinacional judicialmente para que preste informações sobre cobrança e pagamentos de royalties pelos produtores rurais. O objetivo é saber se os valores pagos em royalties pelos sojicultores são devidos.
O produtor explica ainda que a preferência pelo plantio da soja convencional acontece também pela maior produtividade se comparada com a transgênica. E também porque algumas tradings ainda não aceitam bem o produto geneticamente modificado.