22
abr
2013
Soja: China dá as cartas
Autoridades querem oferta de 10 milhões de t de grão convencional. Planejamento terá de ser revisto
MARIANNA PERES
Entre medos, preocupações e incertezas que a visita de uma comitiva brasileira à China vem colhendo na primeira semana de encontros encerrada na última sexta-feira, uma certeza foi cultivada: a de que o Brasil segue como importante fornecedor de soja àquele país, e melhor, numa perspectiva de demanda crescente, inclusive pelo farelo e pelo milho. Porém, a apreensão deriva de uma mudança na postura dos chineses que vão dar preferência ao grão convencional – livre de transgenia - algo que no grosso modo, vai na contramão da busca frenética por tecnologias que reduzam cada vez mais o elevado custo de produção do grão, tanto no Brasil, quanto no Estado.
Desde último dia 15, a comitiva formada pelo senador Blairo Maggi (PR/MT) e pela Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), representada pelo seu presidente, Glauber Silveira, vem intensificando uma extensa agenda de contatos no país que é o maior importador da soja nacional e consequente, da mato-grossense, estado que lidera a oferta nacional do grão.
No último ano, os chineses importaram 27 milhões de toneladas (t) de soja do Brasil e neste ano devem passar de 30 milhões t. “Assim como a importância do Brasil como grande fornecedor à China é clara, é contundente na mesma proporção a preocupação em relação a nossa ineficiência logística num futuro próximo e ao nosso potencial de produzir cada vez mais, inclusive, ampliar a oferta de grão convencional”, alerta o presidente da Aprosoja Brasil.
Uma realidade inegável e posta na mesa refere-se aos transgênicos. “Ficou nítido o interesse das empresas por soja convencional. Quando questionamos qual a tendência do mercado na relação entre transgênicos e não transgênicos, foi colocado que a grande massa é menos sensível a isto, compra o mais barato, mas uma parcela importante da população chinesa - melhor colocada financeiramente - estaria atenta e teria preferência por produtos não transgênicos”.
Todas as empresas importadoras do Brasil visitadas pela comitiva mostraram-se interessadas em criar um mercado específico de soja convencional mesmo que tenham de pagar mais. “Fomos questionados da possibilidade do fornecimento no curto prazo de volumes superiores a 10 milhões de toneladas de soja convencional, o que realmente chama a atenção e pode influenciar todo o mercado brasileiro, afinal nós produtores vamos plantar o que o consumidor demandar”, sentencia.
Como completa, “existe uma mudança na tendência chinesa com relação à importação e a sua preocupação de segurança no fornecimento de alimentos. Mas também, abre-se um espaço – consumo – para a soja transgênica e não-transgênica, o que para nós produtores é muito positivo, afinal nos permite manejar as duas tecnologias e ter dois mercados distintos e crescentes para atuar. Apesar do cenário, não podemos nos esquecer da realidade que nos obriga a fazer dever de casa urgente, solução à infraestrutura”.
“Mesmo sendo comunista, o governo é muito sensível ao que o povo pensa e deseja, o que para nos brasileiros é muito bom, pois a melhoria na qualidade de vida é meta e um grande indicador de que o comer melhor vai refletir diretamente na importação de comida do Brasil”.
Além de frisar o tempo todo o peso da ineficiência logística brasileira, há preocupação forte em relação à sustentabilidade ambiental. “Questionaram-nos muito sobre o potencial brasileiro de produção e sobre a possibilidade de novos desmates. Afirmamos que de forma alguma esta é uma intenção brasileira {desmate} e que temos muitas áreas abertas de pastagens onde a agricultura pode se expandir sem desmatar e garantir o suprimento por soja e milho”.
Como avalia, “o nosso maior desafio é saber aproveitar a demanda crescente da China por produtos alimentícios e conseguir captar recursos que eles têm para investimentos em infraestrutura no Brasil. Nossas culturas e tradições são muito diferentes e existe desconfianças de ambos os lados. Amadurecida a relação e uma sinalização positiva do governo em assegurar esses investimentos, sem duvida o Brasil tirará ganhos positivos da locomotiva chinesa”.
MARIANNA PERES
Entre medos, preocupações e incertezas que a visita de uma comitiva brasileira à China vem colhendo na primeira semana de encontros encerrada na última sexta-feira, uma certeza foi cultivada: a de que o Brasil segue como importante fornecedor de soja àquele país, e melhor, numa perspectiva de demanda crescente, inclusive pelo farelo e pelo milho. Porém, a apreensão deriva de uma mudança na postura dos chineses que vão dar preferência ao grão convencional – livre de transgenia - algo que no grosso modo, vai na contramão da busca frenética por tecnologias que reduzam cada vez mais o elevado custo de produção do grão, tanto no Brasil, quanto no Estado.
Desde último dia 15, a comitiva formada pelo senador Blairo Maggi (PR/MT) e pela Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), representada pelo seu presidente, Glauber Silveira, vem intensificando uma extensa agenda de contatos no país que é o maior importador da soja nacional e consequente, da mato-grossense, estado que lidera a oferta nacional do grão.
No último ano, os chineses importaram 27 milhões de toneladas (t) de soja do Brasil e neste ano devem passar de 30 milhões t. “Assim como a importância do Brasil como grande fornecedor à China é clara, é contundente na mesma proporção a preocupação em relação a nossa ineficiência logística num futuro próximo e ao nosso potencial de produzir cada vez mais, inclusive, ampliar a oferta de grão convencional”, alerta o presidente da Aprosoja Brasil.
Uma realidade inegável e posta na mesa refere-se aos transgênicos. “Ficou nítido o interesse das empresas por soja convencional. Quando questionamos qual a tendência do mercado na relação entre transgênicos e não transgênicos, foi colocado que a grande massa é menos sensível a isto, compra o mais barato, mas uma parcela importante da população chinesa - melhor colocada financeiramente - estaria atenta e teria preferência por produtos não transgênicos”.
Todas as empresas importadoras do Brasil visitadas pela comitiva mostraram-se interessadas em criar um mercado específico de soja convencional mesmo que tenham de pagar mais. “Fomos questionados da possibilidade do fornecimento no curto prazo de volumes superiores a 10 milhões de toneladas de soja convencional, o que realmente chama a atenção e pode influenciar todo o mercado brasileiro, afinal nós produtores vamos plantar o que o consumidor demandar”, sentencia.
Como completa, “existe uma mudança na tendência chinesa com relação à importação e a sua preocupação de segurança no fornecimento de alimentos. Mas também, abre-se um espaço – consumo – para a soja transgênica e não-transgênica, o que para nós produtores é muito positivo, afinal nos permite manejar as duas tecnologias e ter dois mercados distintos e crescentes para atuar. Apesar do cenário, não podemos nos esquecer da realidade que nos obriga a fazer dever de casa urgente, solução à infraestrutura”.
“Mesmo sendo comunista, o governo é muito sensível ao que o povo pensa e deseja, o que para nos brasileiros é muito bom, pois a melhoria na qualidade de vida é meta e um grande indicador de que o comer melhor vai refletir diretamente na importação de comida do Brasil”.
Além de frisar o tempo todo o peso da ineficiência logística brasileira, há preocupação forte em relação à sustentabilidade ambiental. “Questionaram-nos muito sobre o potencial brasileiro de produção e sobre a possibilidade de novos desmates. Afirmamos que de forma alguma esta é uma intenção brasileira {desmate} e que temos muitas áreas abertas de pastagens onde a agricultura pode se expandir sem desmatar e garantir o suprimento por soja e milho”.
Como avalia, “o nosso maior desafio é saber aproveitar a demanda crescente da China por produtos alimentícios e conseguir captar recursos que eles têm para investimentos em infraestrutura no Brasil. Nossas culturas e tradições são muito diferentes e existe desconfianças de ambos os lados. Amadurecida a relação e uma sinalização positiva do governo em assegurar esses investimentos, sem duvida o Brasil tirará ganhos positivos da locomotiva chinesa”.
Fonte: Diário de Cuiabá