11
fev
2011
Soja: apesar das boas expectativas, armazenagem dos grãos preocupa produtor de MT

 



Apesar da expectativa de uma produção elevada de soja nesta safra, agricultores de Mato Grosso não devem enfrentar problemas com armazenagem dos grãos. A venda do estoque de milho com os leilões do governo e a comercialização antecipada da soja liberou espaço nos silos. Mesmo assim o assunto preocupa os produtores.

Na propriedade de Guilherme Lawish não deve faltar espaço para armazenar a soja. A comercialização antecipada chegou a 80%, impulsionada pelas boas cotações do grão. Dos 5,5 mil hectares, 500 já foram colhidos.

– Muitas vezes a gente já vende e as empresas já retiram do armazém. Com isso só estocamos o que vai ficando por último, o que a gente vai deixando pra vender no final por causa do preço. A preocupação mesmo é sempre com o estoque do milho, que a gente fica segurando bastante por causa dos preços – comenta o produtor rural.

Apesar da aparente tranquilidade, o assunto preocupa. De acordo com o Imea, a capacidade estática de armazenagem em Mato Grosso é de pouco mais de 25 milhões de toneladas. A previsão é de que nesta safra, só as lavouras de soja produzam mais de 19 milhões de toneladas. Esta relação ajustada não representaria problemas se a circulação dos produtos fosse regular. Só que nem sempre é assim, e quando os preços oferecidos pelos grãos não são motivadores, a apreensão com os estoques aumenta.

Nas duas últimas safras foi justamente isso o que aconteceu com o milho. As baixas cotações provocaram uma lentidão nas vendas. Os armazéns ficaram cheios e faltou espaço para guardar o restante da produção. O jeito foi estocar os grãos a céu aberto, sem proteção nenhuma contra eventuais alterações climáticas.

O produtor rural Nélio Piva sentiu na pele esta situação. O agricultor conta que apesar de construir dois silos na fazenda, ainda faltou espaço para armazenar os grãos.

– A situação foi complicada, tivemos que tirar o milho da lavoura e como os armazéns estavam cheios, tivemos que colocar o milho no chão. Deixei nove mil toneladas no chão. Ficou 60 dias na roça, tomando chuva, tivemos que correr pra cobrir com lona, uma situação complicada – afirma.

Este ano ele espera não passar por isso novamente. Já vendeu mais da metade da soja que será colhida e com os bons preços pagos pelo milho, também deve apostar na negociação antecipada do cereal. Mesmo assim admite: se tivesse condições investiria na construção de novos silos na propriedade.

– A hora que tiver condições de fazer armazém, faremos mais um “graneleiro”, com certeza. Pra não termos que passar novamente por situações como esta, de ter que jogar milho no chão – diz Nélio Piva.

Segundo o agricultor, para construir um armazém com capacidade para estocar 150 mil sacas, são necessários pelo menos dois milhões de reais. Enquanto nem todos os produtores têm condições de realizar este investimento, o jeito é torcer para a permanência dos bons preços e para a liquidez da soja. Só assim os agricultores poderão dizer que a preocupação com os estoques ficou para segundo plano.

Em Mato Grosso, quase 66% da produção do grão já foi comercializada.


 

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