O mês de setembro de 2023 entra com um padrão de clima muito atrelado às condições do El Niño, além dos efeitos das temperaturas que vêm sendo registradas acima da média em diversas regiões do planeta, inclusive com recordes de registros no Brasil.
Tanto as chuvas quanto as temperaturas ditam o estabelecimento e desenvolvimento das lavouras no Brasil. Além disso, vale destacar que o vazio sanitário da soja termina na segunda quinzena de Setembro em grande parte dos produtores, portanto o clima será essencial para o progresso do plantio e estabelecimento das lavouras.
Neste contexto, Setembro também apresenta uma tendência de elevada ocorrência de granizo na região centro-sul, o que pode afetar diretamente as lavouras. Há também a possibilidade de chuvas acima da média em cultivos de trigo, especialmente em fases críticas como maturação e colheita.
Confira como será o clima de Setembro:
Temperaturas
Existe um consenso entre as diversas projeções para as temperaturas do mês de Setembro. Essa concordância é observada com as temperaturas relativamente mais altas em todas as regiões do Brasil.
Este panorama apresenta uma continuação do comportamento que estamos observando ao longo das últimas semanas, inclusive com recordes e mais recordes de temperaturas acima da média do inverno. Desta forma, o plantio da soja será realizado em um regime de temperaturas acima da média, o que pode acelerar a emergência das plântulas neste primeiro momento.
Já para o milho, altas temperaturas, especialmente durante a noite, podem reduzir a assimilação líquida das plantas devido ao aumento das perdas por respiração. É comum que haja uma redução do rendimento de grãos de milho em épocas tardias devido a temperaturas elevadas.
Para o trigo, o aumento de 1°C na temperatura média diária pode resultar em uma redução de 4% no rendimento de grãos. Temperaturas elevadas durante a fase de formação de grãos podem reduzir o peso individual dos grãos, acelerar o ciclo e acelerar a senescência das folhas. Temperaturas elevadas nesta fase também podem reduzir o acúmulo de carboidratos devido ao aumento na respiração, o que pode aumentar proporcionalmente o teor de proteína do grão.
Chuvas
Já para as chuvas, as projeções apresentam algumas inconsistências, o que traz um cenário de maior incerteza, especialmente em como será o comportamento dessas chuvas na parcela central do Brasil para este mês de Setembro.
Entretanto, avaliando a média de todas essas projeções, e o que seria esperado para uma primavera em regime de El Niño, existe uma maior probabilidade das chuvas ficarem dentro do comportamento médio em áreas do centro-oeste, sudeste e metade sul do Matopiba.
Na região Sul, a tendência indica que as chuvas fiquem acima da média histórica para o período. Ao passo que no extremo norte o cenário aponta para um período mais seco.
Além disso, existe um fator agravante na região Sul. Em primaveras sob o regime do El Niño, há uma tendência de maior ocorrência de eventos de tempo severo, como queda de granizo. O que pode causar danos significativos, especialmente devido ao impacto, força e peso sobre as plantas.
No final do inverno deste ano de 2023, é notável um aumento na ocorrência desses eventos de granizo, antecipando o que pode ocorrer no período da primavera. Porém as maiores preocupações em relação às chuvas acima da média valem para o trigo, que é muito sensível ao excesso de umidade.
Ambientes úmidos predispõem à cultura ao ataque severo de doenças, especialmente fúngicas. Isso tem sido um dos principais problemas para a região de clima úmido do sul do Brasil.
A germinação pré-colheita, também conhecida como germinação na espiga, em trigo, tem sido apontada como uma das causas de redução da qualidade do trigo brasileiro.
O excesso de chuva, principalmente nos estágios reprodutivos, induz ao aparecimento de doenças na espiga, resultando em redução da produção e perda na qualidade dos grãos. Isso pode limitar o uso dos grãos na alimentação de animais monogástricos, como aves e suínos, devido à síntese de micotoxinas nos grãos
Por fim, solos encharcados devido a chuvas excessivas podem levar ao apodrecimento parcial ou total do sistema radicular, resultando em debilidade e amarelecimento de folhas, aumento da susceptibilidade ao ataque de pragas e doenças no sistema radicular ou em toda a planta.
Fonte: Agrolink.
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