23
mar
2010
Sequenciamento do genoma da soja trará benefícios ao agricultor

 

Aumento na produtividade, tolerância à seca e resistência a pragas são algumas das características das cultivares que poderão ser desenvolvidas graças ao avanço da ciência

Leguminosa de maior importância econômica, a soja teve o genoma sequenciado por uma equipe de cientistas norte-americanos e japoneses. O estudo, publicado na revista Nature em janeiro deste ano, possibilitará um avanço no desenvolvimento de cultivares mais produtivas, com mais benefícios aos consumidores e resistentes a doenças, como a ferrugem asiática, que afeta a soja no Brasil.

O sequenciamento do genoma da oleaginosa irá influenciar positivamente a produção mundial, que atualmente é de mais de 200 milhões de toneladas. O Brasil é o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos, com uma produção que corresponde a mais de um quarto do volume mundial. Além de ser fonte de biodiesel, a soja colabora com o desenvolvimento econômico do interior do País e é o principal item na pauta de exportações agrícolas brasileiras.

Agricultores e consumidores poderão aproveitar os benefícios do sequenciamento do genoma da soja. A partir desse processo de sequenciamento, genes responsáveis por determinadas características poderão ser identificados e, com isso, melhores cultivares serão disponibilizadas para o produtor. Essas características podem ser, por exemplo, aumento na produtividade, aumento no conteúdo de óleo para produção de biodiesel, melhoria na digestibilidade da soja para animais e humanos, melhoria da qualidade nutricional, redução de fitatos, tolerância à seca, resistência a pragas e a doenças específicas nas diferentes regiões onde a soja é cultivada.

“A ocorrência de pragas, doenças e seca são frequentes e podem comprometer drasticamente a produção da soja. O prejuízo dos agricultores é evidente. Cultivares adaptadas são a melhor saída. Para o consumidor, é possível que tenhamos um produto com melhor valor nutritivo, melhor digestibilidade e mais barato,” explica Eliseu Binneck, engenheiro agrônomo da Embrapa Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Longo processo

O sequenciamento da soja foi divido em várias etapas. Elíbio Rech, geneticista e engenheiro agrônomo da Embrapa, afirma que a evolução das máquinas que fazem o sequenciamento contribuiu para o término do processo. “Hoje, elas são bem mais rápidas do que há dez anos. Com o avanço na tecnologia, o sistema ficou mais ágil e colaborou muito para a conclusão do sequenciamento.”

Binneck concorda e completa: “É interessante observar que os estudos anteriores ao sequenciamento do genoma foram fundamentais para a maioria das descobertas já feitas agora com a sequencia conhecida. Muitos genes que conferem características interessantes na soja vêm sendo geneticamente mapeados ao longo de mais de 15 anos”

Binneck e Rech explicam de maneira simplificada como o processo foi feito e como será utilizado. Os estudos de mapeamento de QTL (característica quantitativas) identificam regiões densas em marcadores moleculares, relacionados com características importantes como produtividade, qualidade para alimentação, conteúdo de óleo, entre outros. Agora esses dados podem ser associados com a sequencia de DNA que controla o efeito desejado. “Foi localizado no genoma um gene que confere resistência à ferrugem asiática da soja e que poderá ser utilizado no desenvolvimento de cultivares resistentes. Também foi identificada uma mutação no gene rsm1 que poderá ser usada para selecionar linhagens de soja com reduzido conteúdo de estaquiose. Esse conhecimento ajudará no desenvolvimento de cultivares de melhor digestibilidade, interessantes para a alimentação humana e animal”, exemplifica Binneck.

Rech reitera que com o sequenciamento da soja será possível escolher o acúmulo de proteínas adequado a cada setor, como o industrial, o agrícola ou o farmacêutico. “Com esse processo, há o conhecimento dos genes e das sequências regulatórias e estes são os fundamentos para explorar os diversos potencias da soja,” completa.

Futuro promissor

É importante ressaltar, todavida, que a versão do genoma publicada na revista Nature é ainda preliminar, pois foi sequenciado apenas 0,95 do 1,12 bilhão de pares de bases, o que corresponde a 85% do genoma. “Não há perspectivas, pelo menos a curto prazo, de acabar completamente o sequenciamento das regiões não fechadas. O processo propriamente dito começou em meados de 2006 e foi completado em 2008, em uma iniciativa do Department of Energy Joint Genome Institute (DOE JGI) com outras 16 instituições americanas e uma japonesa,” conta Binneck.

Os engenheiros agrônomos afirmam que o sequenciamento do genoma da soja foi só o começo. De acordo com Rech, com os dados disponíveis é possível selecionar o que é necessário para diferentes aplicações: “Em um futuro próximo haverá mais de 9 bilhões de pessoas no mundo e a necessidade de duplicar ou triplicar a produção de alimentos. O investimento no setor de pesquisa genética influencia vários setores fundamentais, como segurança alimentar e desenvolvimento sustentável”, diz o geneticista.

Monsanto investe em Ômega-3

A Monsanto Company anunciou, recentemente, avanços importantes no desenvolvimento de novas pesquisas em biotecnologia, voltadas às culturas de milho, algodão, soja e canola. Dentre os 11 projetos em andamento em 2009, estão os primeiros produtos que beneficiarão diretamente a dieta dos consumidores, um deles é a soja Ômega-3.

A soja Ômega-3 contém maiores níveis de ácidos graxos benéficos ao coração e irá funcionar como uma fornecedora natural do ômega 3, oferecendo uma nova alternativa de fonte para esse óleo e, ao mesmo tempo, facilitará o acesso da população aos seus benefícios. O ômega 3 é um ácido graxo presente principalmente nos peixes de água fria, como o salmão ou a sardinha. É conhecido como “o óleo do bem”, pois traz muitos benefícios ao coração. Além disso, diminui o nível de triglicérides e colesterol LDL no sangue, ajuda a prevenir danos vasculares, como a formação de coágulos, e melhora o ritmo cardíaco. A soja Ômega-3 avançou para a Fase 4, a penúltima no desenvolvimento de um produto, a qual antecede a autorização comercial, concedida pelos órgãos regulatórios.

As informações são de assessoria de imprensa.


Fonte: Agrolink

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