27
jul
2012
Semente tratada e manejo integrado evitam proliferação de mofo branco
Sílvia Zoche Borges
A semeadura da soja começa somente em outubro, mas os produtores rurais já começam a adquirir sementes para a instalação da lavoura. E um dos cuidados que se deve ter é escolher bem as sementes que, de preferência, devem ter recebido tratamento fungicida para evitar o "mofo branco". Essa doença, considerada uma das principais enfermidades nas culturas da soja, feijão e algodão, é causada pelo fungo necrotrófico Sclerotinia sclerotiorum.
O mofo branco ocorre em condições climáticas mais amenas e altitudes elevadas, provoca redução do rendimento da planta, apodrecimento da haste e da vagem e formação de mofo de coloração branca. Como consequência, a planta seca e morre. Para saber se a semente está contaminada é necessário fazer teste de patologia, já que não é possível ver a olho nu.
"A adoção do tratamento de sementes com fungicidas tem sido, atualmente, a ferramenta mais eficiente no sentido de evitar a introdução deste patógeno em novas áreas. Desde o advento da adoção desta prática, inúmeros progressos foram obtidos no sentido de maximizar seu uso, visando ao controle desse patógeno, como a utilização de princípios ativos mais específicos, menos tóxicos ao ambiente e ao homem e em doses mais baixas e eficientes", diz o pesquisador da área de fitopatologia da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), Augusto César Pereira Goulart.
Segundo ele, os fungicidas recomendados controlam de forma eficiente o inóculo inicial que é transmitido através da semente infectada e propiciam residual de 12 a 15 dias de proteção da plântula. O tratamento das sementes industriais (TSI), prática que está sendo cada vez mais adotada pelas empresas, é realizado com equipamentos especiais que asseguram cobertura uniforme, dose adequada e qualidade das sementes, e evita o contato do produtor com o fungicida. Também é possível que o tratamento seja realizado on farm (na fazenda), ou seja, feito pelo próprio produtor, mas a qualidade não é a mesma, o que pode ser percebido pela coloração desigual das sementes, além de não alcançar o padrão de segurança (já que o produtor entra em contato com o fungicida) e não ter a mesma qualidade do tratamento industrial.
Goulart destaca que os fungicidas mais modernos agem além da fungitoxicidade, porque deixam as plantas mais vigorosas, o que diminui o ataque da doença. Algumas estrobilurinas, grupo novo de fungicida utilizado no tratamento das sementes, apresentam essas características. “O tratamento de sementes possibilita maior desenvolvimento radicular, aumento do vigor da plântula e proteção da parte aérea contra doenças", afirma o pesquisador.
Transmissão
A transmissão do patógeno através das sementes se dá por micélio dormente (interno) ou por escleródios misturados às sementes, que são as estruturas de resistência do fungo, de coloração preta. Um único escleródio, segundo Goulart, é suficiente para contaminar uma área. Apesar da incidência de fungo na semente ser considerada baixa, em torno de 0,25% a 1,0%, em média, a transmissão é eficiente. “Se considerarmos uma população de 240 mil plantas por hectare e for usado um lote de sementes com 1,0% de Sclerotinia, considerando a eficiente transmissão do fungo, podemos ter em torno de 2400 novos focos de mofo branco em 1 ha”, diz o pesquisador. Por isso é importante o uso de sementes sadias e de fungicidas eficientes, já que ainda não existem variedades resistentes ao mofo.
O ideal para manter a planta saudável e maximizar o controle do mofo branco, é realizar o manejo integrado de doenças, que se constitui na adoção de um conjunto de práticas, como uso de sementes de alta qualidade, tratamento de sementes com fungicidas, adubação equilibrada, rotação de culturas, espaçamento adequado, manutenção de palhada, além do controle químico e biológico.
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A semeadura da soja começa somente em outubro, mas os produtores rurais já começam a adquirir sementes para a instalação da lavoura. E um dos cuidados que se deve ter é escolher bem as sementes que, de preferência, devem ter recebido tratamento fungicida para evitar o "mofo branco". Essa doença, considerada uma das principais enfermidades nas culturas da soja, feijão e algodão, é causada pelo fungo necrotrófico Sclerotinia sclerotiorum.
O mofo branco ocorre em condições climáticas mais amenas e altitudes elevadas, provoca redução do rendimento da planta, apodrecimento da haste e da vagem e formação de mofo de coloração branca. Como consequência, a planta seca e morre. Para saber se a semente está contaminada é necessário fazer teste de patologia, já que não é possível ver a olho nu.
"A adoção do tratamento de sementes com fungicidas tem sido, atualmente, a ferramenta mais eficiente no sentido de evitar a introdução deste patógeno em novas áreas. Desde o advento da adoção desta prática, inúmeros progressos foram obtidos no sentido de maximizar seu uso, visando ao controle desse patógeno, como a utilização de princípios ativos mais específicos, menos tóxicos ao ambiente e ao homem e em doses mais baixas e eficientes", diz o pesquisador da área de fitopatologia da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), Augusto César Pereira Goulart.
Segundo ele, os fungicidas recomendados controlam de forma eficiente o inóculo inicial que é transmitido através da semente infectada e propiciam residual de 12 a 15 dias de proteção da plântula. O tratamento das sementes industriais (TSI), prática que está sendo cada vez mais adotada pelas empresas, é realizado com equipamentos especiais que asseguram cobertura uniforme, dose adequada e qualidade das sementes, e evita o contato do produtor com o fungicida. Também é possível que o tratamento seja realizado on farm (na fazenda), ou seja, feito pelo próprio produtor, mas a qualidade não é a mesma, o que pode ser percebido pela coloração desigual das sementes, além de não alcançar o padrão de segurança (já que o produtor entra em contato com o fungicida) e não ter a mesma qualidade do tratamento industrial.
Goulart destaca que os fungicidas mais modernos agem além da fungitoxicidade, porque deixam as plantas mais vigorosas, o que diminui o ataque da doença. Algumas estrobilurinas, grupo novo de fungicida utilizado no tratamento das sementes, apresentam essas características. “O tratamento de sementes possibilita maior desenvolvimento radicular, aumento do vigor da plântula e proteção da parte aérea contra doenças", afirma o pesquisador.
Transmissão
A transmissão do patógeno através das sementes se dá por micélio dormente (interno) ou por escleródios misturados às sementes, que são as estruturas de resistência do fungo, de coloração preta. Um único escleródio, segundo Goulart, é suficiente para contaminar uma área. Apesar da incidência de fungo na semente ser considerada baixa, em torno de 0,25% a 1,0%, em média, a transmissão é eficiente. “Se considerarmos uma população de 240 mil plantas por hectare e for usado um lote de sementes com 1,0% de Sclerotinia, considerando a eficiente transmissão do fungo, podemos ter em torno de 2400 novos focos de mofo branco em 1 ha”, diz o pesquisador. Por isso é importante o uso de sementes sadias e de fungicidas eficientes, já que ainda não existem variedades resistentes ao mofo.
O ideal para manter a planta saudável e maximizar o controle do mofo branco, é realizar o manejo integrado de doenças, que se constitui na adoção de um conjunto de práticas, como uso de sementes de alta qualidade, tratamento de sementes com fungicidas, adubação equilibrada, rotação de culturas, espaçamento adequado, manutenção de palhada, além do controle químico e biológico.