13
fev
2013
Sem armazéns, alternativa é acelerar o fluxo de grãos
No início da colheita infraestrutura já dá sinais de esgotamento
José Rocher
Sem ter como resolver problemas crônicos imediatamente, cooperativas e empresas ligadas à produção de soja e milho ampliam o recebimento e o despacho dos grãos para evitar filas de caminhões. A correria envolve compra de carretas e arranjo das cargas em silos distantes das bases produtoras. Mas a medida não deverá evitar sobrecarga nas rodovias, numa safra em que a colheita da oleaginosa e do cereal deve ocorrer simultaneamente.
“A colheita mal começou e o escoamento parece travado”, afirma o presidente da Coopertradição, de Pato Branco (Sudoeste do Paraná), Julinho Tonus. Com capacidade de armazenagem estática de 105 mil toneladas, a empresa recebe 250 mil toneladas de grãos por temporada. Vem investindo todo ano em armazenagem e, para esta temporada, adquiriu ainda 13 carretas que, somadas às sete em trânsito, prometem agilizar o escoamento – e evitar alta descontrolada no preço do frete. A meta deste ano é ampliar o faturamento da cooperativa em cerca de 20% e chegar à marca de R$ 300 milhões.
O foco da maior cooperativa de produção da América Latina é a armazenagem, conta o presidente da Coamo (de Campo Mourão, Centro-Oeste do estado), Aroldo Gallassini. “Apesar da falta de chuva no começo do ciclo e agora em janeiro, a safra vai ter um volume muito bom”, relata. A empresa vem expandindo negócios em Mato Grosso do Sul, o que amplia a demanda também por transporte. Além das 350 carretas próprias, usa 350 veículos de terceiros. Com 52 obras em andamento, os investimentos do período 2012-2014 somam R$ 200 milhões e prometem nova expansão no faturamento, que deve alcançar os R$ 7 bilhões em 2013.
A Coasul, de São João (também no Sudoeste) está tendo de escoar o milho que chega nos armazéns imediatamente. No entreposto de Bom Sucesso do Sul, dos quatro silos, dois estão ocupados com trigo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e só devem ser esvaziados após a realização de leilões públicos. “A saída é procurar espaço em algum dos outros entrepostos”, relata o responsável pela unidade, Joel Ribeiro da Silva. A previsão é que o faturamento da Coasul aumente 20% e chegue a R$ 650 milhões, disse o gerente técnico, Paulo Roberto Fachin.
Mesmo cooperativas que industrializam mais da metade da produção, caso da Agrária (Guarapuava, Centro), registram elevação de cerca de 30% no custo do frete. Apesar de estar a apenas 360 quilômetros de Paranaguá e de ser cortada por ferrovias, a região depende basicamente do transporte rodoviário. Gasta até R$ 80 por tonelada para escoar soja e milho até o porto paranaense, valor equivalente ao de Passo Fundo (RS), que fica 200 quilômetros mais distante do Porto de Rio Grande. Nesta época, parte da frota de caminhões do Paraná atende outras regiões do país, encarecendo o serviço.
Renda do setor depende do escoamento
Enquanto as ferrovias não são ampliadas, o agronegócio se obriga a garantir o fluxo de cargas com a estrutura de rodovias existente para transformar a produção em renda. Se não toma a frente com soluções alternativas e investimentos próprios, simplesmente perde dinheiro, avalia o Jorge Yoshii, executivo da Seara, empresa de logística com sede em Sertanópolis (Norte do Paraná) que comercializa e industrializa produtos agropecuários. “Ninguém está preparado para a colheita simultânea de milho e soja. O setor está tentando resolver os problemas do escoamento pontualmente.”
A questão que mais pesa numa época de falta de espaço em vagões não é propriamente a diferença de custo. Paga-se até mais caro pelo transporte ferroviário ou pelo rodoviário quando isso garante rapidez e eficiência, conforme o gerente comercial da Seara, Ismael Blum Menezes. “O preço do transporte ferroviário varia de acordo com o rodoviário e isso não deve mudar no curto prazo”, aponta. O transporte sobre trilhos torna-se vantajoso pela necessidade de agilidade no escoamento para o cumprimento de contratos de exportação, aponta. A constância do escoamento nas vias férreas torna-se indispensável, apesar de as cargas levarem três dias para percorrer o trajeto de Maringá a Paranaguá, por exemplo, cumprido em oito horas pelas carretas.
José Rocher
Sem ter como resolver problemas crônicos imediatamente, cooperativas e empresas ligadas à produção de soja e milho ampliam o recebimento e o despacho dos grãos para evitar filas de caminhões. A correria envolve compra de carretas e arranjo das cargas em silos distantes das bases produtoras. Mas a medida não deverá evitar sobrecarga nas rodovias, numa safra em que a colheita da oleaginosa e do cereal deve ocorrer simultaneamente.
“A colheita mal começou e o escoamento parece travado”, afirma o presidente da Coopertradição, de Pato Branco (Sudoeste do Paraná), Julinho Tonus. Com capacidade de armazenagem estática de 105 mil toneladas, a empresa recebe 250 mil toneladas de grãos por temporada. Vem investindo todo ano em armazenagem e, para esta temporada, adquiriu ainda 13 carretas que, somadas às sete em trânsito, prometem agilizar o escoamento – e evitar alta descontrolada no preço do frete. A meta deste ano é ampliar o faturamento da cooperativa em cerca de 20% e chegar à marca de R$ 300 milhões.
O foco da maior cooperativa de produção da América Latina é a armazenagem, conta o presidente da Coamo (de Campo Mourão, Centro-Oeste do estado), Aroldo Gallassini. “Apesar da falta de chuva no começo do ciclo e agora em janeiro, a safra vai ter um volume muito bom”, relata. A empresa vem expandindo negócios em Mato Grosso do Sul, o que amplia a demanda também por transporte. Além das 350 carretas próprias, usa 350 veículos de terceiros. Com 52 obras em andamento, os investimentos do período 2012-2014 somam R$ 200 milhões e prometem nova expansão no faturamento, que deve alcançar os R$ 7 bilhões em 2013.
A Coasul, de São João (também no Sudoeste) está tendo de escoar o milho que chega nos armazéns imediatamente. No entreposto de Bom Sucesso do Sul, dos quatro silos, dois estão ocupados com trigo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e só devem ser esvaziados após a realização de leilões públicos. “A saída é procurar espaço em algum dos outros entrepostos”, relata o responsável pela unidade, Joel Ribeiro da Silva. A previsão é que o faturamento da Coasul aumente 20% e chegue a R$ 650 milhões, disse o gerente técnico, Paulo Roberto Fachin.
Mesmo cooperativas que industrializam mais da metade da produção, caso da Agrária (Guarapuava, Centro), registram elevação de cerca de 30% no custo do frete. Apesar de estar a apenas 360 quilômetros de Paranaguá e de ser cortada por ferrovias, a região depende basicamente do transporte rodoviário. Gasta até R$ 80 por tonelada para escoar soja e milho até o porto paranaense, valor equivalente ao de Passo Fundo (RS), que fica 200 quilômetros mais distante do Porto de Rio Grande. Nesta época, parte da frota de caminhões do Paraná atende outras regiões do país, encarecendo o serviço.
Renda do setor depende do escoamento
Enquanto as ferrovias não são ampliadas, o agronegócio se obriga a garantir o fluxo de cargas com a estrutura de rodovias existente para transformar a produção em renda. Se não toma a frente com soluções alternativas e investimentos próprios, simplesmente perde dinheiro, avalia o Jorge Yoshii, executivo da Seara, empresa de logística com sede em Sertanópolis (Norte do Paraná) que comercializa e industrializa produtos agropecuários. “Ninguém está preparado para a colheita simultânea de milho e soja. O setor está tentando resolver os problemas do escoamento pontualmente.”
A questão que mais pesa numa época de falta de espaço em vagões não é propriamente a diferença de custo. Paga-se até mais caro pelo transporte ferroviário ou pelo rodoviário quando isso garante rapidez e eficiência, conforme o gerente comercial da Seara, Ismael Blum Menezes. “O preço do transporte ferroviário varia de acordo com o rodoviário e isso não deve mudar no curto prazo”, aponta. O transporte sobre trilhos torna-se vantajoso pela necessidade de agilidade no escoamento para o cumprimento de contratos de exportação, aponta. A constância do escoamento nas vias férreas torna-se indispensável, apesar de as cargas levarem três dias para percorrer o trajeto de Maringá a Paranaguá, por exemplo, cumprido em oito horas pelas carretas.
Fonte: Gazeta do Povo