06
mai
2015
São Paulo pode reduzir em até 15% área de cultivo de trigo
A produção brasileira de trigo em 2014 foi estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 6 milhões de toneladas, frustrando a expectativa inicial de obtenção do volume recorde de 7,7 milhões de toneladas, decorrente de adversidades climáticas, notadamente no Rio Grande do Sul, segundo maior estado produtor do Brasil, onde as perdas foram superiores a 1 milhão de toneladas. Além das perdas físicas, a qualidade também foi afetada, desvalorizando o produto, notadamente nos Estados da região Sul, inclusive dno Paraná, maior produtor do país, informa o Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“Para 2015, no início da época de plantio, mormente no Paraná e em São Paulo, que são estados onde se planta mais cedo, mesmo com a elevação da taxa de câmbio, as primeiras estimativas não apontam para aumento de área em virtude das baixas cotações internacionais das commodities”, afirma o pesquisador José Roberto da Silva, especialista no produto. O consequente encarecimento das importações de trigo deverá valorizar o produto nacional, mas, por outro lado, insumos importados devem ficar mais caros impactando os custos de produção. O produtor que adquiriu os insumos com taxas de câmbio mais favoráveis encontra-se numa situação mais confortável e, portanto, pode estar mais estimulado a plantar.

No mercado internacional de trigo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta para 2014/15 uma produção mundial recorde de 725 milhões de toneladas. Da mesma forma, os estoques finais estão projetados em 198 milhões de toneladas, 6% superior a temporada anterior. A produção, segundo a mesma fonte, crescerá 1,1%, tanto para o grupo de países ranqueados como “maiores importadores”, quanto para os considerados “maiores exportadores”. Conforme dados da revista “Suma Economica” de abril de 2015, o valor médio da cotação de trigo na Bolsa de Chicago (US$506,92 por bushel) é o menor valor de fechamento para maio registrados no mês de março dos últimos cinco anos e 25% inferior à média de março de 2014.

“A perspectiva em São Paulo, conforme relatos de técnicos das principais regiões produtoras é de que haja redução de 10% a 15% de área de cultivo de trigo, em favor de elevação de área de milho safrinha e também de cevada”, destaca Silva. Em fevereiro de 2015, o levantamento Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, do IEA/CATI, acusava queda de área 3,8%. Todavia, dois fatores indicam que ainda há espaço para reversão dessa tendência: o período recomendado para plantio, que se estende até 20 de maio, conforme o zoneamento agrícola, e o fato de que o balanço de oferta e demanda no Mercosul está apertado, com previsão de que os preços ainda possam reagir levando a opções tardias pelo plantio de trigo. Contudo, verifica-se que os preços médios recebidos pelos triticultores ensaiam movimento de elevação em março, 4% relativamente ao mês anterior, mas ainda estão 6,0% abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo para o trigo tipo pão.


Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA)

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