O início da semeadura de trigo no Rio Grande do Sul já se avizinha e, com mais uma safra de verão marcada por desafios climáticos no estado, a cultura novamente se destaca como a principal opção no inverno para trazer mais rentabilidade à propriedade. E com uma safra recorde no retrovisor, é esperado que a área de trigo aumente ainda mais no estado, assim como no Brasil de forma geral.
“O RS vem de duas safras muito boas, com produtividades lá em cima, volumes de produção excepcionais e um mercado internacional aberto ao trigo gaúcho. Esses fatores motivam o produtor a continuar cultivando trigo”, aponta o analista de mercado da Safras & Mercado, Élcio Bento.
E tendo em vista o planejamento de mais uma safra de trigo, cerca de 700 pessoas, entre técnicos, cooperativas, cerealistas, produtores de sementes, multiplicadores e triticultores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina participaram do Seminário Técnico do Trigo 2023. O evento foi promovido pela Biotrigo, em Passo Fundo (RS), nesta quarta-feira (26), e foi realizado durante o mês que marca o aniversário de 15 anos da empresa.
Élcio, um dos palestrantes do evento, abordou o contexto da produção nacional de trigo e as expectativas para a próxima safra. “Agronomicamente, é inquestionável a importância do trigo na propriedade para trazer maiores ganhos. Mas, somado a isso, nos últimos anos o trigo vem oferecendo um retorno financeiro significativo ao produtor”, comenta.
Outro fator que contribui para o atual patamar de rentabilidade da cultura é a liquidez que o trigo vem agregando. Para os agricultores gaúchos, mais um atrativo mercado está surgindo no estado, o de trigo para a produção de etanol. “Esse mercado, quando implementado, deve consumir mais de 750 mil toneladas do cereal. E tendo diversas demandas para escoar a produção, fica mais fácil para o produtor acreditar no trigo”, destaca.
O trigo como protagonista do sistema de produção
Élcio também comentou que há a expectativa de redução dos custos de produção da cultura para esta safra, especialmente em relação aos fertilizantes. Porém, mesmo com esse cenário, o manejo racional de fertilidade segue sendo uma importante ação a ser tomada na propriedade, visando maximizar a produtividade e os lucros no inverno. Esse foi outro tema abordado no seminário. De acordo com o doutor em ciência do solo, Tiago Hörbe, devido ao espaçamento de 17 centímetros usado no trigo, a cultura proporciona uma melhor adubação de sistema, fator que beneficia diretamente os cultivos de verão. “Isso apresenta uma oportunidade ao produtor de estar aportando nutrientes importantes na construção de fertilidade e potencial produtivo na soja”, indica.
Outra relevante contribuição do trigo no sistema de produção foi abordada no seminário. Segundo o especialista em herbologia e gerente técnico de pesquisa da Fundação ABC, Luis Henrique Penckowski, cereais de inverno têm um papel importante no controle de diversas plantas daninhas, como a buva, por exemplo, que é uma das principais dores de cabeça dos sojicultores.
“Devido à resistência da buva ao glifosato e a diversos outros herbicidas, costumo dizer que o manejo dessa daninha para a cultura da soja começa no outono e inverno. Então, sem dúvidas, o trigo traz grandes benefícios para diminuir a pressão e infestação da buva, tornando seu manejo mais fácil e barato no verão”, ressalta.
Fonte: Revista Cultivar.
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