16
abr
2013
Safra cheia, margem apertada
Conforme a colheita avança, produtores argentinos confirmam boa produção, mas reclamam das contas. Impostos governamentais, câmbio desfavorável e custo da terra esmagam rentabilidade

José Rocher

As produtividades registradas no pampa úmido argentino chegam a 4,5 mil quilos por hectare em lavouras que enfrentaram até 25 dias de seca (um quarto do ciclo). Uma demonstração do potencial da região, do manejo e do desempenho das tecnologias, avalia o produtor Alejandro Calderón, que atinge média de 3,9 mil quilos por hectare em Pergamino (província de Buenos Aires). Por outro lado, as margens estão cada vez mais estreitas, reclama.

“Os custos chegam a US$ 500 por hectare e a margem é de apenas US$ 35 nas áreas que rendem 3,5 mil quilos/ha. Só quem alcança alta produtividade tem essa folga. Os problemas climáticos não precisam ser graves para que a produção de soja passe a ser um mau negócio. Uma quebra de 100 quilos por hectare já anula os lucros”, calcula Calderón. As cotações oferecidas aos produtores descontam a taxa de retenção de 35% praticada nas exportações do grão e o câmbio é desfavorável ao setor, limitando a renda em pesos argentinos, aponta.

Terras

O custo dos arrendamentos – que subiu de 1,2 mil para 1,8 mil quilos de soja por hectare – compromete boa parte da produção, acrescenta. Dos 3,3 mil hectares que ele cultiva, 3 mil são arrendados, uma situação comum no país.

Os produtores que possuem áreas próprias, como Oscar Montenovo, alcançam margens melhores. Nos 1,4 mil hectares que cultiva em San Nícolas, entre a província de Buenos Aires e a de Santa Fé, ele gasta cerca de US$ 300 por hectare e a margem de lucro passa de 50%. Mesmo assim, confirma que a diferença entre os preços da Bolsa de Chicago e os pagos aos produtores é muito grande: de US$ 515 para US$ 330 por tonelada.


Fonte: Gazeta do Povo

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