No mês de outubro a equipe de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo está visitando uma série de produtores de trigo, em diferentes regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para acompanhar a evolução das lavouras. Apesar do bom andamento da cultura, a ocorrência de giberela é uma das principais preocupações no campo.
Conforme o analista da Embrapa Trigo, Paulo Ernani Peres Ferreira, a avaliação geral de 12 locais visitados até agora mostram um trigo bem desenvolvido, já recuperado das doenças foliares que atacaram a lavoura nos meses anteriores.
“Em algumas lavouras, começam a aparecer sintomas de giberela, que estão comprometendo em 10% o potencial produtivo das áreas afetadas pelo excesso de umidade e chuvas no momento do florescimento da cultura. A previsão é que na região Noroeste, onde foram verificados os sintomas, a colheita inicie nesta semana”, avalia Ferreira.
O levantamento também ocorre através do contato com cooperativas, assistência técnica e extensão rural. O rendimento esperado, segundo a Emater/RS, se mantém em 2 mil kg/ha.
Para minimizar os danos com giberela, a pesquisadora da Embrapa Trigo, Maria Imaculada Pontes Moreira Lima recomenda acompanhar diariamente as previsões climáticas: “A ocorrência de giberela depende de precipitações pluviais elevadas, ou seja, dias consecutivos de chuva.
A temperatura entre 20 e 24ºC, típica de primavera, é uma porta aberta para a doença”, alerta a pesquisadora, lembrando que o controle com o uso de fungicidas não tem eficiência por completo, resolvendo em 50 a 70% no combate ao fungo. “Se chover logo após a aplicação, a chuva lava o defensivo e deixa o trigo desprotegido novamente”, diz Imaculada. Além disso, a pesquisadora explica que o período de suscetibilidade das espigas é longo , a partir do espigamento até a fase final de enchimento de grãos.
Os sintomas de giberela nas espigas ajudam a identificar o problema: a giberela é caracterizada pela despigmentação de espiguetas, que adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha. Nas espiguetas atacadas por giberela, os grãos quando formados são chochos, enrugados de coloração branco-rosada a pardo-clara. O tamanho do grão afetado varia em função do estágio de desenvolvimento em que a espigueta foi infectada pelo fungo.
Atualmente, não existe cultivares de trigo indicadas para plantio com bom nível de resistência à giberela. A rotação de culturas também não tem se mostrado eficiente para o controle dessa doença.
A redução dos danos causados reside na adoção de cultivares menos suscetíveis, associada ao escalonamento de semeadura, diversificação de cultivares com ciclos distintos ao espigamento, e ao uso de fungicidas que devem ser aplicados preventivamente, ou seja, antes que ocorram condições climáticas favoráveis à infecção das espigas pelo patógeno (fungo). O controle químico, com os fungicidas atualmente disponíveis, tem eficiência moderada e aumenta em torno de US$ 30 dólares o custo de produção.
Fonte: Embrapa - Página Rural
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