A podridão de grãos em soja, que causa perdas de produtividade em lavouras de soja de Mato Grosso, desde a safra 2019/20, é um desafio que vem sendo enfrentando, a partir da formação de redes de pesquisa para identificar as causas do problema e definir estratégias de manejo. Este tema foi debatido em um painel, durante Reunião de Pesquisa de Soja (RPS), que termina hoje, dia 24 de agosto, em Londrina (PR)
A rede de avaliação de fungicidas formada pela Embrapa, Fundação MT, Fundação Rio Verde, Protecplan, Fitolab, EPR Consultoria, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT-Sinop) e Solo Fértil vem realizando experimentos na região do médio norte de Mato Grosso (eixo da BR 163), há quatro safras.
Depois de descartadas as primeiras hipóteses, a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC, diz que a rede de pesquisa identificou que o problema é causado por três gêneros de fungos: especialmente fungos diaporthe (Ueckerae, longicolla), assim como colletotricum e fusarium - esses dois últimos causam doenças de final de ciclo e são mais conhecidos dos produtores.
“Por outro lado, os fungos diaporthe - que vivem em estado de latência harmônica na planta – não eram problemas na soja. Hoje, entre outras questões, queremos esclarecer melhor porque esses fungos diaporthe, em algumas situações, se tornam patogênicos, ou seja, causam doenças à planta”, explica a pesquisadora.
Há cerca de um ano, a rede de avaliação de cultivares - formada por 12 institutos de pesquisa, universidades, cooperativas e fundações - avalia o impacto da escolha de cultivares no manejo da podridão de grãos. O pesquisador Austeclinio de Farias Neto, da Embrapa Cerrados, mostrou os resultados obtidos em lavouras de Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sinop e em alguns áreas em Rondônia, que totalizam 3 milhões de hectares.
A rede avaliou 42 cultivares transgênicas, 12 cultivares convencionais e ainda realizou experimentos em três épocas de plantio. De acordo com o pesquisador, as cultivares foram caracterizadas quanto à reação a podridão: cultivares com bons níveis de resistência, médios níveis e as cultivares que são suscetíveis. “Com essas informações, os produtores terão ainda mais subsídios para o seu planejamento, frente ao enfrentamento do problema”, destaca Farias Neto.
O consultor Juliano Diniz, que assiste uma área de 50 mil hectares no norte de Mato Grosso (Sorriso, Ipiranga Nova Ubiratan, Nova Maringa, Alto Floresta) apresentou resultados do impacto da podridão de grãos/quebramento da haste em soja nas últimas quatro safras de soja. A maior redução identificada, por Diniz, foi na safra 21/22, tanto que em uma propriedade em Sorriso (MT) houve quebra de 40% na produtividade, em decorrência do problema.
“Nesta safra, o volume de chuva alta entre novembro e dezembro, o que mostra que o problema está diretamente relacionado à questão ambiental da safra. No entanto, alguns produtores dessa mesma região não tiveram prejuízos, o que revela que existem estratégias que podem ajudar o produtor a conviver com o problema, além do uso de fungicidas (carboxamidas)”, explica Diniz.
“Hoje sabemos que existe um componente climático que favorece a acorrência de fungos na planta, mas que pode ser manejado com o uso de fungicidas (carboxamidas), associado à adoção de estratégias de manejo do solo, a exemplo de cobertura de solo com palhada, correção do perfil físico de solo, entre outras”, diz.
Fonte: Embrapa.
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