Quase uma semana após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcular que a estiagem nas regiões agrícolas do Paraná havia causado prejuízo de R$ 2,25 bilhões, a Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab) lançou uma nova projeção de perdas: o órgão estadual anunciou que a quebra de safra no estado atingiu 18% da produção de soja, milho e feijão.
Isso significa que 3,95 milhões de toneladas dos três produtos deixarão de ser colhidas neste verão, uma perda de R$ 2,48 bilhões – R$ 230 milhões a mais que o estimado pela Conab na semana passada.
O maior estrago gerado pela seca é visto nas lavouras de soja – principal cultura plantada no verão brasileiro –, que, neste ano, foram plantadas mais cedo do que o normal. A antecipação foi uma estratégia adotada por grande parte dos produtores para que o plantio da segunda safra de milho pudesse ser realizado dentro de uma janela climática menos arriscada.
Mas a falta de chuva durante a fase em que a cultura mais precisava de água atingiu em cheio as plantações. A Seab calcula que serão perdidas 2,44 milhões de toneladas só na soja - ou R$ 1,76 bilhão, se considerados os valores atuais da commodity. No início do ciclo, a produção paranaense de soja era estimada em 14,11 milhões de toneladas. Agora é de 11,67 milhões de toneladas – 17,3% inferior ao potencial verificado inicialmente.
O milho, que neste ano ganhou mais terreno no Paraná, também foi fortemente castigado pela seca. Das 7,47 milhões de toneladas que eram esperadas no início do ciclo, somente 6,05 milhões devem ser efetivamente retirados dos campos paranaenses.
A causa
O comportamento do clima nesta safra é resultado da influência do fenômeno La Niña, temido pelos agricultores do Sul devido ao histórico de quebras de safras. Tradicionalmente o fenômeno leva seca ao três estados do Sul e excesso de chuvas às regiões Centro-Oeste e Norte do país.
Neste ano, o déficit hídrico começou no dia 21 de novembro em praticamente todas as regiões agrícolas do Paraná, relataram os produtores à Expedição Safra Gazeta do Povo, que na semana passada percorreu mais de 3 mil quilômetros em todo o estado.A equipe de técnicos e jornalistas verificou que o retorno das chuvas na segunda semana de janeiro foi insuficiente para reverter a situação de boa parte das lavouras.
Por outro lado, as precipitações devem a favorecer a semeadura da segunda safra de milho e feijão do estado, que tendem a ganhar mais espaço do que no ano passado, conforme levantamentos prévios.
Fonte: Gazeta do Povo - Caminhos do Campo
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