21
mai
2020
Qual é o futuro da armazenagem agrícola?

“Há boas exceções de que a busca por serviços de armazenagem e aumento de capacidade estática fiquem ainda mais aquecidas devido a possíveis movimentos nas demandas brasileiras tanto interna quanto externa”. A projeção é do superintendente de Armazenagem da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Stelito Reis Neto, na edição desta quinta-feira (21.05) da Série Especial do Agrolink.

“Não há estudos que indiquem a capacidade estática ideal para o Brasil. Todavia, existem sinais de que o país enfrenta uma defasagem no espaço para armazenagem de grãos, como no armazenamento a céu aberto, que pode ser observado com alguma frequência em regiões de grande produção, além da crescente utilização de Silos Bag, forma alternativa de armazenagem, para quando não se tem estruturas fixas, ou mesmo ao se verificar que a capacidade estática nacional representa apenas 69% da produção de grãos do país”, explica ele.

Ele apresenta dois cenários antagônicos de demanda do mercado externa para os principais produtos de exportação do agronegócio brasileiro – o milho e a soja –, cujos resultados podem ser prejudiciais à cadeia produtiva nacional, se não for dada a atenção necessária à infraestrutura de armazenagem nacional:

    1. O primeiro cenário está relacionado à manutenção da demanda externa aquecida que resulta em preços remuneradores e, provavelmente, levariam ao crescimento da produção. Neste caso, o Brasil teria de lidar com o estrangulamento dos canais de exportação, tanto nos portos como na logística de transporte. A regulação necessária para o ajuste desse fluxo seria justamente a infraestrutura de armazenagem, o que leva à reflexão sobre a suficiência da capacidade estática instalada no país, a qualidade dessas instalações e a capacitação de quem opera as unidades armazenadoras.

    2. Por outro lado, caso haja redução da demanda internacional, fica a pergunta: onde seria guardada toda produção nacional? Ao considerar a média do quinquênio correspondente às safras 2011/12 à 2015/16, de milho, observa-se um aumento de 81,5% no estoque de passagem de 2019 em relação à média dos últimos 3 anos, levando-se em conta o Quadro de Oferta e Demanda da Conab. Mesmo assim, alguns fatores específicos, como o clima desfavorável para a safra norte-americana no ciclo 2019 e o câmbio favorável às exportações dos últimos anos, vêm dando sustentação a altas cotações da commodity, consequentemente incentivando o aumento da produção. 

“Da mesma forma, a soja passa por situação que merece atenção. A exportação média dos três últimos anos, frente à média do quinquênio 2011/12 a 2015/16, cresceu 65,7%1, segundo estimativas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Tal demanda eleva os preços, incentivando a produção. Qualquer desajuste, a maior, nessa quantidade produzida, ou mesmo algum resfriamento da demanda externa, promoveria um excedente de produto no Brasil, com necessidade de estruturas de armazenagem. O país ficaria com uma quantidade razoável de produto à espera de um melhor momento para a venda. Todavia, o instrumento para esse tipo de operação é a infraestrutura de armazenagem que, como já citado, mostra sinais de estrangulamento”, conclui Stelito Reis Neto.

Fonte: Agrolink

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