A sociedade rural brasileira se uniu nesta sexta-feira, 14 de junho, e mobilizou o Brasil, simultâneamente em 10 estados. Produtores rurais do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão e Roraima realizaram manifestações contra o processo de demarcações de terras indígenas que acontecem por todo o país.
O movimento, que tinha como palavras de ordem segurança jurídica e paz no campo, foi liderado pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e contou ainda com o apoio de importantes lideranças e entidades do agronegócio brasileiro, como as federações de agricultura e sindicatos rurais. Para o líder da FPA, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), a mobilização foi vitoriosa e cumpriu seu objetivo que era o de chamar atenção para as questões dos conflitos agrários que assolam o Brasil.
"Nós queremos regras claras. Vamos trabalhar em cima da regulamentação do artigo 231, projeto do Deputado Federal, Homero Pereira (PSD-MT), queremos esse projeto aprovado rapidamente no Congresso Nacional", disse Heinze. Além disso, há ainda a reivindicação da revisão da portaria 303, da Advocacia Geral da União, e ainda a instalação da PEC 215, a qual tira da Funai o poder de decidir sozinha sobre as demarcações de terras.
Em todos os estados aconteceram manifestações pacíficas. Em alguns estados, houve a paralisação de pontos de rodovias estaduais e federais, com a entrega de materias explicativos sobre as questões indígenas e os problemas que o Brasil vive atualmente por conta desses conflitos.
Maranhão - Na pequena Amarante, município de 40 mil habitantes no sul do Maranhão, a população saiu às ruas em massa em um protesto contra contra as ações da Funai. Mais de 4 mil manifestantes se reuniram e para preservar a conivência harmoniosa que há entre indígenas e produtores rurais e para tentar impedir um avanço das demarcações de terras.
A presença de assentados e pequenos produtores foi muito expressiva, já que essa é a característica principal das propriedades locais, pequenas propriedades e assentamentos. Além disso, até mesmo os colégios locais mandaram seus estudantes para o movimento.
Paraná - Em Guaíra, no Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul, milhares de produtores se concentraram na ponte Ayrton Senna, sobre o rio Paraná, importante acesso de produção. No local, até mesmo os caminhoneiros apoiaram o movimento.
Rio Grande do Sul - No estado do Rio Grande do Sul foram realizadas manifestações em cinco diferentes pontos: Getúlio Vargas/Erebango, Mato Castelhano, Sananduva, Pontão e Nonoa/Faxinalzinho.
Em Mato Castelhano, cerca de 2 mil agricultores se reuniram e bloquearam, por meia hora a BR 285. Caso as demarcações da Funai sejam efetivadas, 250 famílias poderiam ser atingidas e desapropriadas.
"O Rio Grande do Sul tem que ser tratado de forma diferente, já que são só pequenas propriedades. Em uma região de 2 mil hectares, cerca de 200 famílias podem ser desapropriadas", disse o presidente do Sindicato Rural de Sananduva, um dos municípios onde aconteceu o protesto.
Santa Catarina - Em Santa Catarina, outros sete pontos de manifesto. Em Abelardo Luz, no oeste catarinense, aproximadamente 4 mil produtores rurais foram reunidos pedindo a revisão dos processos de demarcações de terra.
O Presidente da Comissão dos Agricultores do município, Geraldo Gotardo, afirma que há uma área encostada no município de 1.965 hectares que está sendo pleiteada pela Funai. Se a demarcação realmente acontecer, a intenção da Funai depois é ampliar a área para 75 mil hectares, que atingirá 6 municípios da região.
Mato Grosso - Em Mato Grosso, a mobilização foi concentrada na capital, Cuiabá, entre a BR-364 e a BR 163. A manifestação foi pacífica e houve a distribuição de alimentos para caminhoneiros. Os motoristas apoiaram o ato dos produtores, já que também temem ser prejudicados com a redução da oferta de alimentos diante da continuidade das demarcações de terras.
Mato Grosso do Sul - Segundo dados da Famasul, mais de cinco mil produtores rurais se reuniram na movimentação sul-mato-grossense. A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, participou da manifestação e foi aplaudida pelos produtores ao defender a compra de propriedades para a ampliação de áreas indígenas. "Temos que dizer compra de fazenda e não indenização. E compra de fazenda de produtor rural que quiser vender", disse a senadora.
Manifestação pela paz no campo reúne mais de 5 mil produtores em Mato Grosso do Sul
Famasul
"Vamos reconstruir cada caibro, cada tijolo, cada pedaço de chão das propriedades destruídas em Mato Grosso do Sul. Reconstruiremos por que aquela área é nossa e produz riquezas". A fala do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Sistema Famasul), Eduardo Riedel, deu o tom dos discursos durante a movimentação "Onde tem Justiça, tem espaço para todos", realizada em Nova Alvorada do Sul (MS) e, simultaneamente, em outros sete estados brasileiros, nessa sexta-feira (14). Organizada pela Famasul e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a manifestação pediu segurança jurídica ao produtor rural e paz no campo.
Mais de cinco mil produtores rurais se reuniram na movimentação sul-mato-grossense. A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, participou da manifestação e foi aplaudida pelos produtores ao defender a compra de propriedades para a ampliação de áreas indígenas. "Temos que dizer compra de fazenda e não indenização. E compra de fazenda de produtor rural que quiser vender", defendeu. Kátia Abreu deu ênfase à violência com que os produtores rurais têm sido retirados de suas casas durante as invasões. Mato Grosso do Sul tem 66 propriedades invadidas. "Se os índios foram injustiçados, hoje os injustiçados somos nós", afirmou a senadora.
Produtores e lideranças rurais do Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul e São Paulo participara da manifestação em MS. Do Paraná, houve deslocamento de uma comitiva de 15 ônibus, com 650 produtores. O ato pacífico tem objetivo de chamar atenção da sociedade e do poder público sobre a falta de segurança jurídica. Sem interromper o trânsito, os manifestantes distribuíram aos motoristas, material informativo, adesivos e envelopes com sementes de hortaliças.
"Estamos aqui para a sociedade ouvir o pedido de socorro do produtor rural", afirmou Riedel. Ao fazer referência às fazendas incendiadas pelos indígenas, o dirigente justificou que quem produz também tem história na região. "Vamos valorizar a história e a origem de quem prejudicado. Não é justo expulsar 20 mil produtores como ocorreu no Maranhão. Não vamos sossegar enquanto houver uma propriedade invadida em MS", disse.
Deputados estaduais, federais e senadores discursaram durante a mobilização com afirmações sobre a busca de solução em reuniões semanais com representantes do Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Ministérios da Casa Civil e da Justiça.
Minas Gerais - Em Minas Gerais, cerca de 200 manifestantes se reuniram contra a Funai. A manifestação foi realizada por produtores rurais de Pompéu e Martinho Campos e moradores dos dois municípios. De acordo com informações dos organizadores, foram distribuídos cerca de cerca de 3.000 panfletos, foram expostas faixas e tratores foram levados para as margens das rodovias. Após o protesto, os produtores realizaram carreata na cidade de Martinho Campos.
Produtores rurais do Centro-Oeste mineiro paralisam entroncamento das rodovias MG 164 e BR 352
Movimentação foi realizada, na manhã desta sexta-feira (14/06), e contou com a presença de 200 manifestantes
Cerca de 200 pessoas protestaram contra a Fundação Nacional do Índio (Funai), na manhã desta sexta-feira (14/06), no entroncamento das rodovias MG 164 e BR 352, na entrada do município de Martinho Campos, no Centro-Oeste de Minas Gerais. A manifestação foi realizada por produtores rurais de Pompéu e Martinho Campos e moradores dos dois municípios em virtude de processo de demarcação de terras indígenas na região.
Organizado pela Associação de Proprietários Rurais do Vale do Rio Pará, o protesto procurou conscientizar o cidadão sobre o problema vivido por 41 produtores rurais de Pompéu e Martinho Campos. Os organizadores do movimento distribuíram cerca de 3.000 panfletos, expuseram faixas e levaram tratores para as margens das rodovias. Após o protesto, os produtores realizaram carreata na cidade de Martinho Campos.
Portaria da Funai, publicada em 26 de março de 2013, estipula área de 5.411 hectares a ser demarcada na zona rural dos dois municípios, a fim de instalar uma tribo indígena denominada Kaxixó.
Títulos bicentenários
O produtor rural do município de Pompéu, Álvaro de Campos, participou da manifestação e destacou que as terras possuem titulação bicentenária.
"Produzimos, geramos empregos e renda para os municípios. Temos títulos, vivemos da terra. Agora vem o Governo Federal e quer tomar as nossas propriedades? Como fica a situação das nossas famílias e das pessoas que trabalham conosco? Queremos chamar a atenção do Governo Federal, que tem sido omisso na questão indígena em todas as regiões do nosso país", protestou.
As propriedades rurais que podem ser atingidas estão em sua sétima, oitava geração de herdeiros, e possuem escrituras. Os produtores da região vivem exclusivamente das suas terras, geram empregos e renda para os municípios.
A manifestação aconteceu, de forma simultânea, em diversos estados da Federação que enfrentam problemas com relação à causa indígena, dentre eles o Mato Grosso do Sul.
Bahia - No estado baiano, a concentração dos produtores aconteceu na cidade de Itamaraju, com cerca de 600 manifestantes. Os agricultores bloquearam por um pequeno espaço de tempo a BR-101, com o mesmo objetivo dos demais estados, que foi o de fazer uma panfletagem com os motoristas que passavam pelo local. Protesto também foi contra a demarcação de 150 mil hectares no sul e extremo sul da Bahia.
Fonte: Notícias Agrícolas
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