19
jun
2012
Produtividade da soja depende do clima
Técnicas de manejo do solo e da cultura já resultam em aumentos significativos no rendimento das lavouras; Estimativa de produtividade para esta safra é de 2.451 quilos por hectare, resultado menor que o ciclo anterior devido à estiagem
O desafio de atender à demanda pelo crescimento da produção impulsiona as pesquisas para aumento de produtividade da cultura da soja. O desenvolvimento de cultivares com maior potencial produtivo e a aplicação de técnicas de manejo de solo e da cultura têm resultado em incrementos significativos no rendimento das lavouras de oleaginosa ano após ano. No entanto, um fator ainda fora do alcance dos pesquisadores tem limitado o avanço ainda maior do desempenho do grão: o clima.
No Brasil, a média produtiva dos últimos anos foi de 3,1 toneladas por hectare, mas concursos de produtividade têm registrado recordes bem acima desse valor, como até 6,4 t/ha em solos de alto potencial produtivo. A estimativa para a safra 2012/13 no Paraná é de um rendimento de 2.451 kg/ha, uma redução de 28% em comparação ao resultado da safra anterior. A queda é resultado da estiagem que atingiu as lavouras paranaenses no final de 2011 e início de 2012.
De acordo com o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, produtividades de 4.200 kg/ha a 4.400 kg/ha são realidades comuns no Brasil, inclusive no Paraná. ''Teoricamente, o rendimento pode chegar a 18 mil quilos por hectare, mas, na prática, dificilmente atingiremos esse número. Hoje, pelo padrão de tecnologia que temos, rendimentos na faixa de 6 mil kg/ha já são excelentes'', avalia.
Farias afirma que a maior preocupação dos trabalhos desenvolvidos atualmente pela Embrapa é a sustentabilidade. ''A produtividade é um dos componentes da sustentabilidade, mas o sistema produtivo precisa ser ambientalmente correto e economicamente viável'', pondera. A adoção de algumas práticas de manejo que visam potencializar o desempenho produtivo pode resultar no aumento do custo de produção e reduzir, ou até, anular a renda líquida do produtor.
O aproveitamento dos recursos naturais, principalmente da água, o controle fitossanitário e o atendimento às necessidades nutricionais da planta norteiam as pesquisas da Embrapa referentes ao incremento de produtividade da soja. Segundo ele, os aspectos limitantes são os relacionados ao clima, como água e temperatura. ''Práticas de manejo de solo e da cultura têm contribuído para maior retenção de água no solo e, consequentemente, para o aumento do rendimento da cultura'', aponta Farias. Entre as técnicas mencionadas estão o uso de cultivares de ciclo mais longo e com maior tolerência ao estresse hídrico, a adoção de plantio direto, rotação de culturas e de escalonamento de épocas de plantio - que evita perdas em toda a área em caso de seca.
O tema foi debatido durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa Soja e pela Aprosoja na última semana, em Cuiabá (MT). Pesquisadores norte-americanos presentes do debate apontaram a radiação solar, o nitrogênio e a água como principais fatores que interferem nesse resultado, mas se mostraram otimistas quanto à possibilidade de incremento da produtividade. Nos Estados Unidos, a produtividade média é de 2,9 toneladas por hectare, mas foram registrados casos de até 10 t/ha, conquistados com uso de superdoses de insumos, irrigação e gestão da luminosidade.
Mariana Fabre
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O desafio de atender à demanda pelo crescimento da produção impulsiona as pesquisas para aumento de produtividade da cultura da soja. O desenvolvimento de cultivares com maior potencial produtivo e a aplicação de técnicas de manejo de solo e da cultura têm resultado em incrementos significativos no rendimento das lavouras de oleaginosa ano após ano. No entanto, um fator ainda fora do alcance dos pesquisadores tem limitado o avanço ainda maior do desempenho do grão: o clima.
No Brasil, a média produtiva dos últimos anos foi de 3,1 toneladas por hectare, mas concursos de produtividade têm registrado recordes bem acima desse valor, como até 6,4 t/ha em solos de alto potencial produtivo. A estimativa para a safra 2012/13 no Paraná é de um rendimento de 2.451 kg/ha, uma redução de 28% em comparação ao resultado da safra anterior. A queda é resultado da estiagem que atingiu as lavouras paranaenses no final de 2011 e início de 2012.
De acordo com o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, produtividades de 4.200 kg/ha a 4.400 kg/ha são realidades comuns no Brasil, inclusive no Paraná. ''Teoricamente, o rendimento pode chegar a 18 mil quilos por hectare, mas, na prática, dificilmente atingiremos esse número. Hoje, pelo padrão de tecnologia que temos, rendimentos na faixa de 6 mil kg/ha já são excelentes'', avalia.
Farias afirma que a maior preocupação dos trabalhos desenvolvidos atualmente pela Embrapa é a sustentabilidade. ''A produtividade é um dos componentes da sustentabilidade, mas o sistema produtivo precisa ser ambientalmente correto e economicamente viável'', pondera. A adoção de algumas práticas de manejo que visam potencializar o desempenho produtivo pode resultar no aumento do custo de produção e reduzir, ou até, anular a renda líquida do produtor.
O aproveitamento dos recursos naturais, principalmente da água, o controle fitossanitário e o atendimento às necessidades nutricionais da planta norteiam as pesquisas da Embrapa referentes ao incremento de produtividade da soja. Segundo ele, os aspectos limitantes são os relacionados ao clima, como água e temperatura. ''Práticas de manejo de solo e da cultura têm contribuído para maior retenção de água no solo e, consequentemente, para o aumento do rendimento da cultura'', aponta Farias. Entre as técnicas mencionadas estão o uso de cultivares de ciclo mais longo e com maior tolerência ao estresse hídrico, a adoção de plantio direto, rotação de culturas e de escalonamento de épocas de plantio - que evita perdas em toda a área em caso de seca.
O tema foi debatido durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa Soja e pela Aprosoja na última semana, em Cuiabá (MT). Pesquisadores norte-americanos presentes do debate apontaram a radiação solar, o nitrogênio e a água como principais fatores que interferem nesse resultado, mas se mostraram otimistas quanto à possibilidade de incremento da produtividade. Nos Estados Unidos, a produtividade média é de 2,9 toneladas por hectare, mas foram registrados casos de até 10 t/ha, conquistados com uso de superdoses de insumos, irrigação e gestão da luminosidade.
Mariana Fabre