25
nov
2013
Produção de soja está em alta na América do Sul
Pampas argentinos: em 18 anos a produção no país avançou 384% ao chegar perto de 60 milhões de toneladas
André Franco, especial para a Gazeta do Povo
Em nenhuma parte do mundo a agricultura cresce tanto como na América do Sul. As projeções para 2023 indicam que o recorde da temporada atual, com potencial de produção acima de 160 milhões de toneladas de soja no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, será até pequeno. Em dez anos, a colheita vai crescer 31,8% e chegar a 217,8 milhões de toneladas. A projeção foi apresentada no 1.º Fórum de Agricultura da América do Sul, pelo analista argentino Pablo Adreani.
“A América do Sul é privilegiada. Está no momento histórico de atender à demanda mundial do grão. Desde a década de 1990, o consumo mundial de soja aumentou 150%. Hoje, só a China importa 68 milhões de toneladas da oleaginosa”, comentou. A região possui três dos cinco maiores exportadores de soja do mundo (Brasil, em 1.º, Argentina, em 3.º, e Paraguai, em 4.º). Argentina e Brasil ganham dianteira também nos embarques de óleo e farelo da oleaginosa.
O crescimento contínuo, no entanto, será menos explosivo que o verificado nas últimas duas décadas. Nos últimos 18 anos, a produção de soja na América do Sul saltou de 38,4 milhões de toneladas em 1995/96 para 164,9 milhões de toneladas em 2013/14. Um crescimento de 329%, bem superior ao verificado no mundo.
Produtividade em jogo
A partir de agora, ganhar produtividade será cada vez mais difícil, afirmou o analista Seneri Paludo, diretor-executivo da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato). “Manter o crescimento da última década não será possível”, afirma, ressaltando que o custo de abertura de área será um limitante.
Segundo Adreani, a demanda mundial cresce mais do que a oferta. “E isso preocupa os países que precisam garantir abastecimento”, disse. Nas últimas duas décadas, a demanda mundial de soja cresceu 147%, índice maior que o verificado na produção global, apontou.
Os seis países da América do Sul que apostam na soja respondem por 58% da produção mundial e ampliaram suas colheitas bem acima da média global. Nos últimos 18 anos, o Brasil está dando salto de 268%, aproximando-se de 90 milhões de toneladas. A Argentina avança 384% ao chegar perto de 60 milhões de toneladas. No mesmo período, a produção dos Estados Unidos, tradicional líder na produção e exportação de soja, saiu de 59,2 milhões para 88,6 milhões de toneladas – crescimento de apenas 50%.
No comércio mundial de soja, a América do Sul passou a ter uma presença mais consolidada. Nas últimas duas décadas, as exportações de soja da região saltaram de 5,9 milhões para 62,7 milhões de toneladas. Um crescimento de quase dez vezes, puxado pelo Brasil, que está embarcando perto de 44 milhões de toneladas em 2013/14.
Escala global
Emergentes da região aproveitam embalo do crescimento
Paraguai, Uruguai e Bolívia devem seguir ritmo próximo do verificado no Brasil e Argentina e ampliar a produção de soja em 25,7% em uma década. Apesar de terem áreas menores para plantar, também tentam ampliar sua participação no mercado global.
As tecnologias adotadas nos dois players sul-americanos beneficiam os vizinhos. Em dez anos, o Paraguai passa de 1 para perto de 10 milhões de toneladas de soja por safra. A Bolívia avança de 300 mil para 3 milhões e o Uruguai de 500 mil para 3,7 milhões de toneladas.
A evolução das exportações de soja desses países no comércio internacional chama a atenção dos analistas de mercado. Na safra 1995/96, a quantidade de soja exportada pelo Paraguai, Uruguai e Bolívia era a mesma. Cada um desses países embarcava apenas 100 mil toneladas do produto. Porém, na safra 2013/14, só o Paraguai quer embarcar 5,5 milhões de toneladas. Bolívia e Uruguai ultrapassam marcas de 3 milhões de toneladas.
As projeções para os próximos 10 anos são animadoras. Paraguai deve chegar a 15 milhões de toneladas, enquanto Bolívia e Uruguai passarão de 5 milhões de toneladas. Segundo o analista Pablo Adreani, a América do Sul ainda “precisa de uma política agrícola comum. Só assim será possível evitar as fortes assimetrias que existem entre eles”, avaliou.
André Franco, especial para a Gazeta do Povo
Em nenhuma parte do mundo a agricultura cresce tanto como na América do Sul. As projeções para 2023 indicam que o recorde da temporada atual, com potencial de produção acima de 160 milhões de toneladas de soja no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, será até pequeno. Em dez anos, a colheita vai crescer 31,8% e chegar a 217,8 milhões de toneladas. A projeção foi apresentada no 1.º Fórum de Agricultura da América do Sul, pelo analista argentino Pablo Adreani.
“A América do Sul é privilegiada. Está no momento histórico de atender à demanda mundial do grão. Desde a década de 1990, o consumo mundial de soja aumentou 150%. Hoje, só a China importa 68 milhões de toneladas da oleaginosa”, comentou. A região possui três dos cinco maiores exportadores de soja do mundo (Brasil, em 1.º, Argentina, em 3.º, e Paraguai, em 4.º). Argentina e Brasil ganham dianteira também nos embarques de óleo e farelo da oleaginosa.
O crescimento contínuo, no entanto, será menos explosivo que o verificado nas últimas duas décadas. Nos últimos 18 anos, a produção de soja na América do Sul saltou de 38,4 milhões de toneladas em 1995/96 para 164,9 milhões de toneladas em 2013/14. Um crescimento de 329%, bem superior ao verificado no mundo.
Produtividade em jogo
A partir de agora, ganhar produtividade será cada vez mais difícil, afirmou o analista Seneri Paludo, diretor-executivo da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato). “Manter o crescimento da última década não será possível”, afirma, ressaltando que o custo de abertura de área será um limitante.
Segundo Adreani, a demanda mundial cresce mais do que a oferta. “E isso preocupa os países que precisam garantir abastecimento”, disse. Nas últimas duas décadas, a demanda mundial de soja cresceu 147%, índice maior que o verificado na produção global, apontou.
Os seis países da América do Sul que apostam na soja respondem por 58% da produção mundial e ampliaram suas colheitas bem acima da média global. Nos últimos 18 anos, o Brasil está dando salto de 268%, aproximando-se de 90 milhões de toneladas. A Argentina avança 384% ao chegar perto de 60 milhões de toneladas. No mesmo período, a produção dos Estados Unidos, tradicional líder na produção e exportação de soja, saiu de 59,2 milhões para 88,6 milhões de toneladas – crescimento de apenas 50%.
No comércio mundial de soja, a América do Sul passou a ter uma presença mais consolidada. Nas últimas duas décadas, as exportações de soja da região saltaram de 5,9 milhões para 62,7 milhões de toneladas. Um crescimento de quase dez vezes, puxado pelo Brasil, que está embarcando perto de 44 milhões de toneladas em 2013/14.
Escala global
Emergentes da região aproveitam embalo do crescimento
Paraguai, Uruguai e Bolívia devem seguir ritmo próximo do verificado no Brasil e Argentina e ampliar a produção de soja em 25,7% em uma década. Apesar de terem áreas menores para plantar, também tentam ampliar sua participação no mercado global.
As tecnologias adotadas nos dois players sul-americanos beneficiam os vizinhos. Em dez anos, o Paraguai passa de 1 para perto de 10 milhões de toneladas de soja por safra. A Bolívia avança de 300 mil para 3 milhões e o Uruguai de 500 mil para 3,7 milhões de toneladas.
A evolução das exportações de soja desses países no comércio internacional chama a atenção dos analistas de mercado. Na safra 1995/96, a quantidade de soja exportada pelo Paraguai, Uruguai e Bolívia era a mesma. Cada um desses países embarcava apenas 100 mil toneladas do produto. Porém, na safra 2013/14, só o Paraguai quer embarcar 5,5 milhões de toneladas. Bolívia e Uruguai ultrapassam marcas de 3 milhões de toneladas.
As projeções para os próximos 10 anos são animadoras. Paraguai deve chegar a 15 milhões de toneladas, enquanto Bolívia e Uruguai passarão de 5 milhões de toneladas. Segundo o analista Pablo Adreani, a América do Sul ainda “precisa de uma política agrícola comum. Só assim será possível evitar as fortes assimetrias que existem entre eles”, avaliou.
Fonte: Gazeta do Povo