25
fev
2010
Pressionado pela soja, produtor deve vender trigo
A comercialização de trigo no Brasil deve ser retomada em breve. O mercado parado há praticamente 20 dias, em consequência da retração de preço, deve se movimentar com a chegada da soja, que começa a ser colhida a partir do próximo mês de março.
Segundo Élcio Bento, analista de mercado da Safras & Mercado, a necessidade do triticultor agora é liberar espaço para a oleaginosa. "Por dificuldade de armazenagem eles [triticultores] vão ter de "queimar" o trigo", diz.
Apesar da disputa bilateral, de um lado os produtores recusando-se a vender o grão abaixo do valor referência de R$ 530, considerado como o preço mínimo do produto, e de outro as indústrias mantendo a oferta de compra a R$ 420, no fim, segundo Bento, os produtores é que vão arcar com os prejuízos. Isso porque ainda estão em suas propriedades 40% ou 1,2 milhão de toneladas da produção nacional.
"No Paraná, onde essa disparidade de preços está em questão, os produtores querem pelo menos R$ 470 por tonelada", comenta o analista. De acordo com Bento, os vilões para o trigo brasileiro são o mercado internacional, com ofertas de preços mais atrativas para a industria e o câmbio valorizado.
"Juntos permitiram boas aquisições internacionais. Os armazéns de moinhos brasileiros estão abastecidos, também devido às intervenções do governo [federal, por meio de leilão de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP)]", acrescentou.
No Paraná, segundo o analista, 13% da safra de soja já foi colhida e no Rio Grande do Sul deve começar no próximo mês.
A estimativa da safra 2010 de trigo gira em torno 5 milhões de toneladas, semelhante a quantia de grão colhida no ano anterior. Em 2009, foi fixada em 4,9 milhões de toneladas. Segundo Bento, os leilões PEP comercializaram 68% desse montante, ou 3,3 milhões de toneladas. Ao todo o governo realizou por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) 12 leilões do trigo.
A demanda brasileira cuja diferença entre produção e estoque é suprida por países do Mercosul deve somar entre 10 e 11 milhões de toneladas.
Para Gilberto Cunha, chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Trigo, o governo cumpriu com seu compromisso, agora cabe ao triticultor vender o seu produto como melhor lhe convier. "Grande parte da produção foi resolvida. Se existe um preço de garantia, o preço será praticado."
Bento disse ainda que a escassez do cereal prevista para os próximos meses, no Mercosul, como na Argentina, por exemplo, pode viabilizar importação em outros países. "Mas tudo vai depender da elevação ou não da Tarifa Externa Comum (TEC)", pondera.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, para motivar o plantio na próxima safra, disse na semana passada, defender o aumento da TEC, dos 10% praticados hoje, para 20%. "O que melhoraria as cotações internas, mas se isso não ocorrer, como acredito, e se considerarmos que não haverá mais intervenção do governo, o setor fica sem suporte para recuperação", diz o analista. De acordo com Bento, uma tonelada de trigo importado do México, calculado em cima dos 10%, incluindo também o adicional da marinha, chegaria a Santos a US$ 249. Com a TEC em 20%, a mercadoria entraria no País a US$ 335. "O que tornaria o trigo doméstico mais atrativo aos moinhos."
Apesar do plantio de trigo ser uma alternativa econômica para o período de inverno, Cunha acredita que para a próxima safra o produtor pode optar por plantar menos. "Mas não vai deixar de plantar, mesmo porque é uma cultura que não exige investimento, diferente do que a propriedade já possui."
Além da possibilidade de aumento na tarifa de importação, segundo o analista, ainda existe a possibilidade de o trigo entrar para a lista de retaliação contra subsídios americanos ao algodão. A relação de produtos brasileiros levantada por técnicos do ministério que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex) que entrarão para lista deve ser divulgada na próxima segunda-feira.
A comercialização do trigo está estagnada desde a realização do último leilão PEP, no dia 29 de janeiro, deste ano.
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Segundo Élcio Bento, analista de mercado da Safras & Mercado, a necessidade do triticultor agora é liberar espaço para a oleaginosa. "Por dificuldade de armazenagem eles [triticultores] vão ter de "queimar" o trigo", diz.
Apesar da disputa bilateral, de um lado os produtores recusando-se a vender o grão abaixo do valor referência de R$ 530, considerado como o preço mínimo do produto, e de outro as indústrias mantendo a oferta de compra a R$ 420, no fim, segundo Bento, os produtores é que vão arcar com os prejuízos. Isso porque ainda estão em suas propriedades 40% ou 1,2 milhão de toneladas da produção nacional.
"No Paraná, onde essa disparidade de preços está em questão, os produtores querem pelo menos R$ 470 por tonelada", comenta o analista. De acordo com Bento, os vilões para o trigo brasileiro são o mercado internacional, com ofertas de preços mais atrativas para a industria e o câmbio valorizado.
"Juntos permitiram boas aquisições internacionais. Os armazéns de moinhos brasileiros estão abastecidos, também devido às intervenções do governo [federal, por meio de leilão de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP)]", acrescentou.
No Paraná, segundo o analista, 13% da safra de soja já foi colhida e no Rio Grande do Sul deve começar no próximo mês.
A estimativa da safra 2010 de trigo gira em torno 5 milhões de toneladas, semelhante a quantia de grão colhida no ano anterior. Em 2009, foi fixada em 4,9 milhões de toneladas. Segundo Bento, os leilões PEP comercializaram 68% desse montante, ou 3,3 milhões de toneladas. Ao todo o governo realizou por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) 12 leilões do trigo.
A demanda brasileira cuja diferença entre produção e estoque é suprida por países do Mercosul deve somar entre 10 e 11 milhões de toneladas.
Para Gilberto Cunha, chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Trigo, o governo cumpriu com seu compromisso, agora cabe ao triticultor vender o seu produto como melhor lhe convier. "Grande parte da produção foi resolvida. Se existe um preço de garantia, o preço será praticado."
Bento disse ainda que a escassez do cereal prevista para os próximos meses, no Mercosul, como na Argentina, por exemplo, pode viabilizar importação em outros países. "Mas tudo vai depender da elevação ou não da Tarifa Externa Comum (TEC)", pondera.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, para motivar o plantio na próxima safra, disse na semana passada, defender o aumento da TEC, dos 10% praticados hoje, para 20%. "O que melhoraria as cotações internas, mas se isso não ocorrer, como acredito, e se considerarmos que não haverá mais intervenção do governo, o setor fica sem suporte para recuperação", diz o analista. De acordo com Bento, uma tonelada de trigo importado do México, calculado em cima dos 10%, incluindo também o adicional da marinha, chegaria a Santos a US$ 249. Com a TEC em 20%, a mercadoria entraria no País a US$ 335. "O que tornaria o trigo doméstico mais atrativo aos moinhos."
Apesar do plantio de trigo ser uma alternativa econômica para o período de inverno, Cunha acredita que para a próxima safra o produtor pode optar por plantar menos. "Mas não vai deixar de plantar, mesmo porque é uma cultura que não exige investimento, diferente do que a propriedade já possui."
Além da possibilidade de aumento na tarifa de importação, segundo o analista, ainda existe a possibilidade de o trigo entrar para a lista de retaliação contra subsídios americanos ao algodão. A relação de produtos brasileiros levantada por técnicos do ministério que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex) que entrarão para lista deve ser divulgada na próxima segunda-feira.
A comercialização do trigo está estagnada desde a realização do último leilão PEP, no dia 29 de janeiro, deste ano.