15
jul
2013
Preços sobem com pouca intensidade - Análise semanal do mercado de trigo
Comentários referentes ao período entre 05/07/2013 a 11/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago seguiram o comportamento do milho, porém, em intensidade menor. O fechamento desta quinta-feira (11) ficou em US$ 6,79/bushel, após US$ 6,75 no dia 09/07 e US$ 6,57 no fechamento da semana anterior.
O relatório de oferta e demanda do USDA trouxe os seguintes dados:
1) confirmação de uma área semeada nos EUA, para 2013/14, de 22,9 milhões de hectares;
2) produtividade média aumentada para 3.106 quilos/hectare para a nova safra estadunidense;
3) estoques finais nos EUA reduzidos em 12,6% em relação a estimativa de junho, com um volume final de 15,7 milhões de toneladas;
4) patamar de preços médios aumentado para valores entre US$ 6,45 e US$ 7,75/bushel para o ano 2013/14;
5) produção mundial aumentada para 697,8 milhões de toneladas em 2013/14;
6) estoques finais mundiais reduzidos para 172,4 milhões de toneladas no mesmo ano;
7) produção brasileira e argentina estimadas em 5 e 13 milhões de toneladas neste novo ano comercial;
8) importações brasileiras em 2013/14 ao redor de 7,5 milhões de toneladas.
Enquanto isso, o trigo de inverno nos EUA já estava colhido em 57% da área, até o dia 07/07, contra 64% na média histórica para esta época. As lavouras deste tipo de trigo se apresentavam com 42% entre ruins a muito ruins; 24% regulares; e 34% entre boas a excelentes. Já o trigo de primavera apresentava, na mesma data, 5% entre ruins a muito ruins; 27% regulares; e 68% entre boas a excelentes.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo pelos EUA, correspondentes ao ano comercial 2013/14, iniciado em 1º de junho, na semana encerrada em 27/06, chegaram a 593.028 toneladas, sendo a China o principal comprador com 239.300 toneladas. Já as inspeções de exportação estadunidenses do cereal, na semana encerrada em 04/07, atingiram a 696.386 toneladas, acumulando no ano comercial um total de 2,95 milhões de toneladas, contra 2,75 milhões em igual período do ano anterior.
Por outro lado, no Mercosul, praticamente não há indicações de preços para a safra velha após a suspensão das exportações argentinas na semana passada. Assim, os preços existentes correspondem à safra nova. Desta forma, o Up River argentino, para dezembro/janeiro registra compra na faixa de US$ 270,00/tonelada. Com o câmbio atual, este trigo chegaria aos moinhos paulistas ao redor de R$ 760,00/tonelada, fato que colocaria a tonelada FOB nas regiões produtoras do Paraná no valor de apenas R$ 650,00 (R$ 39,00/saco) pela paridade de importação. (cf. Safras & Mercado) Mas os preços na Argentina, se a nova safra for normal, devem ser ainda mais reduzidos no momento da colheita.
No ano de 2012/13 a produção somada de Argentina, Uruguai e Paraguai chegou a 11,9 milhões de toneladas, diante de um consumo de 6,5 milhões. Assim, o excedente chegou a 5,34 milhões de toneladas e os estoques recuaram para tão somente 807.000 toneladas. Essa forte redução na oferta do Mercosul levou o Brasil a isentar a TEC do Mercosul, que era de 10%, buscando estimular a entrada de trigo de outros países, externos ao Mercado Comum. Todavia, três fatores continuaram a pesar sobre esse tipo de produto, aumentando os custos internos: a forte desvalorização do Real, que encareceu as importações em 12% nos últimos 60 dias; a cobrança da Taxa de Renovação da Marinha Mercante (25% sobre o frete); e a péssima logística portuária, de armazenagem e transporte existente no país.
Dito isso, o próximo ano comercial 2013/14 deverá assistir a uma recuperação na produção de trigo junto aos três parceiros do Mercosul, se o clima deixar. Espera-se um volume de 15,7 milhões de toneladas, fato que deixará um superávit de 9,1 milhões de toneladas, as quais serão na quase totalidade exportadas. É um volume bem melhor do que o existente no ano anterior, porém, ainda abaixo das 13,8 milhões de toneladas exportadas em 2011/12. Enfim, os países do Mercosul não vendem trigo unicamente ao Brasil, fato que deverá exigir de nosso país importações externas ao bloco também no próximo ano. Mas é certo que o quadro é de maior folga na oferta regional e mundial, com tendência a preços mundiais menores.
Nesse contexto, o mercado brasileiro ainda se manteve, na semana, com preços elevados devido a entressafra e a pouca disponibilidade de produto, além do encarecimento das importações pelo câmbio. Assim, no mercado gaúcho o preço de balcão subiu para R$ 31,04/saco na média semanal, enquanto os lotes giraram ao redor de R$ 780,00/tonelada na compra. Já no Paraná os lotes ficaram entre R$ 930,00 e R$ 950,00/tonelada. Mas a tendência, em safra normal, é destes preços recuarem bastante a partir do final do ano.
Tanto é verdade que analistas privados (Safras & Mercado) e a Conab avançam agora uma safra brasileira de 5,6 milhões de toneladas a partir de setembro (Paraná com 2,7 milhões de toneladas e Rio Grande do Sul com 2,5 milhões, o Sudeste alcançando 219.700 toneladas e o restante nas demais regiões produtoras do país), confirmando a tendência por nós apontada há alguns meses. Isso representará cerca de 1,3 milhão de toneladas acima das 4,3 milhões colhidas no ano anterior. Considerando-se os estoques de passagem existentes, subtraindo-se as exportações da safra passada (1,55 milhão de toneladas) e a reserva para sementes, ainda assim os moinhos nacionais terão uma disponibilidade, em 2013/14, de 5,2 milhões de toneladas ou 131% acima do existente no ano anterior. A projeção de exportação para o novo ano comercial, que se inicia em agosto/13, é de apenas 850.000 toneladas por parte do Brasil. (cf. Safras & Mercado) Tal disponibilidade será a maior desde 2009/10.
Enquanto a nova colheita não chega, o mercado interno fica na dependência dos leilões de venda dos estoques públicos. Nesse sentido, neste dia 11/07 ocorreu o último leilão oficial, com a oferta de um pouco mais de 106.000 toneladas que ainda estavam depositadas junto à Conab.
Dito isso, é bom lembrar que as constantes chuvas têm atrasado o plantio do trigo no sul do país. Assim, no final da primeira semana de julho o Paraná registrava 91% da área semeada, Santa Catarina ao redor de 70% e o Rio Grande do Sul com 78%. No Paraná, no início de julho, 79% das lavouras apresentavam boas condições, com apenas 5% do total esperado na produção já comercializado.
Enfim, na paridade de importação, com base em uma tonelada do produto argentino a US$ 270,00 e um câmbio a R$ 2,26, o produto chegaria nos moinhos do Nordeste brasileiro a R$ 756,00/tonelada. Assim, a paridade no interior do Paraná seria de apenas R$ 648,00/tonelada, o que mostra o potencial de baixa (cerca de R$ 300,00/tonelada) que existe hoje junto ao trigo paranaense em particular a partir da nova safra, se ela vier normal aqui e nos vizinhos do Mercosul. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago seguiram o comportamento do milho, porém, em intensidade menor. O fechamento desta quinta-feira (11) ficou em US$ 6,79/bushel, após US$ 6,75 no dia 09/07 e US$ 6,57 no fechamento da semana anterior.
O relatório de oferta e demanda do USDA trouxe os seguintes dados:
1) confirmação de uma área semeada nos EUA, para 2013/14, de 22,9 milhões de hectares;
2) produtividade média aumentada para 3.106 quilos/hectare para a nova safra estadunidense;
3) estoques finais nos EUA reduzidos em 12,6% em relação a estimativa de junho, com um volume final de 15,7 milhões de toneladas;
4) patamar de preços médios aumentado para valores entre US$ 6,45 e US$ 7,75/bushel para o ano 2013/14;
5) produção mundial aumentada para 697,8 milhões de toneladas em 2013/14;
6) estoques finais mundiais reduzidos para 172,4 milhões de toneladas no mesmo ano;
7) produção brasileira e argentina estimadas em 5 e 13 milhões de toneladas neste novo ano comercial;
8) importações brasileiras em 2013/14 ao redor de 7,5 milhões de toneladas.
Enquanto isso, o trigo de inverno nos EUA já estava colhido em 57% da área, até o dia 07/07, contra 64% na média histórica para esta época. As lavouras deste tipo de trigo se apresentavam com 42% entre ruins a muito ruins; 24% regulares; e 34% entre boas a excelentes. Já o trigo de primavera apresentava, na mesma data, 5% entre ruins a muito ruins; 27% regulares; e 68% entre boas a excelentes.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo pelos EUA, correspondentes ao ano comercial 2013/14, iniciado em 1º de junho, na semana encerrada em 27/06, chegaram a 593.028 toneladas, sendo a China o principal comprador com 239.300 toneladas. Já as inspeções de exportação estadunidenses do cereal, na semana encerrada em 04/07, atingiram a 696.386 toneladas, acumulando no ano comercial um total de 2,95 milhões de toneladas, contra 2,75 milhões em igual período do ano anterior.
Por outro lado, no Mercosul, praticamente não há indicações de preços para a safra velha após a suspensão das exportações argentinas na semana passada. Assim, os preços existentes correspondem à safra nova. Desta forma, o Up River argentino, para dezembro/janeiro registra compra na faixa de US$ 270,00/tonelada. Com o câmbio atual, este trigo chegaria aos moinhos paulistas ao redor de R$ 760,00/tonelada, fato que colocaria a tonelada FOB nas regiões produtoras do Paraná no valor de apenas R$ 650,00 (R$ 39,00/saco) pela paridade de importação. (cf. Safras & Mercado) Mas os preços na Argentina, se a nova safra for normal, devem ser ainda mais reduzidos no momento da colheita.
No ano de 2012/13 a produção somada de Argentina, Uruguai e Paraguai chegou a 11,9 milhões de toneladas, diante de um consumo de 6,5 milhões. Assim, o excedente chegou a 5,34 milhões de toneladas e os estoques recuaram para tão somente 807.000 toneladas. Essa forte redução na oferta do Mercosul levou o Brasil a isentar a TEC do Mercosul, que era de 10%, buscando estimular a entrada de trigo de outros países, externos ao Mercado Comum. Todavia, três fatores continuaram a pesar sobre esse tipo de produto, aumentando os custos internos: a forte desvalorização do Real, que encareceu as importações em 12% nos últimos 60 dias; a cobrança da Taxa de Renovação da Marinha Mercante (25% sobre o frete); e a péssima logística portuária, de armazenagem e transporte existente no país.
Dito isso, o próximo ano comercial 2013/14 deverá assistir a uma recuperação na produção de trigo junto aos três parceiros do Mercosul, se o clima deixar. Espera-se um volume de 15,7 milhões de toneladas, fato que deixará um superávit de 9,1 milhões de toneladas, as quais serão na quase totalidade exportadas. É um volume bem melhor do que o existente no ano anterior, porém, ainda abaixo das 13,8 milhões de toneladas exportadas em 2011/12. Enfim, os países do Mercosul não vendem trigo unicamente ao Brasil, fato que deverá exigir de nosso país importações externas ao bloco também no próximo ano. Mas é certo que o quadro é de maior folga na oferta regional e mundial, com tendência a preços mundiais menores.
Nesse contexto, o mercado brasileiro ainda se manteve, na semana, com preços elevados devido a entressafra e a pouca disponibilidade de produto, além do encarecimento das importações pelo câmbio. Assim, no mercado gaúcho o preço de balcão subiu para R$ 31,04/saco na média semanal, enquanto os lotes giraram ao redor de R$ 780,00/tonelada na compra. Já no Paraná os lotes ficaram entre R$ 930,00 e R$ 950,00/tonelada. Mas a tendência, em safra normal, é destes preços recuarem bastante a partir do final do ano.
Tanto é verdade que analistas privados (Safras & Mercado) e a Conab avançam agora uma safra brasileira de 5,6 milhões de toneladas a partir de setembro (Paraná com 2,7 milhões de toneladas e Rio Grande do Sul com 2,5 milhões, o Sudeste alcançando 219.700 toneladas e o restante nas demais regiões produtoras do país), confirmando a tendência por nós apontada há alguns meses. Isso representará cerca de 1,3 milhão de toneladas acima das 4,3 milhões colhidas no ano anterior. Considerando-se os estoques de passagem existentes, subtraindo-se as exportações da safra passada (1,55 milhão de toneladas) e a reserva para sementes, ainda assim os moinhos nacionais terão uma disponibilidade, em 2013/14, de 5,2 milhões de toneladas ou 131% acima do existente no ano anterior. A projeção de exportação para o novo ano comercial, que se inicia em agosto/13, é de apenas 850.000 toneladas por parte do Brasil. (cf. Safras & Mercado) Tal disponibilidade será a maior desde 2009/10.
Enquanto a nova colheita não chega, o mercado interno fica na dependência dos leilões de venda dos estoques públicos. Nesse sentido, neste dia 11/07 ocorreu o último leilão oficial, com a oferta de um pouco mais de 106.000 toneladas que ainda estavam depositadas junto à Conab.
Dito isso, é bom lembrar que as constantes chuvas têm atrasado o plantio do trigo no sul do país. Assim, no final da primeira semana de julho o Paraná registrava 91% da área semeada, Santa Catarina ao redor de 70% e o Rio Grande do Sul com 78%. No Paraná, no início de julho, 79% das lavouras apresentavam boas condições, com apenas 5% do total esperado na produção já comercializado.
Enfim, na paridade de importação, com base em uma tonelada do produto argentino a US$ 270,00 e um câmbio a R$ 2,26, o produto chegaria nos moinhos do Nordeste brasileiro a R$ 756,00/tonelada. Assim, a paridade no interior do Paraná seria de apenas R$ 648,00/tonelada, o que mostra o potencial de baixa (cerca de R$ 300,00/tonelada) que existe hoje junto ao trigo paranaense em particular a partir da nova safra, se ela vier normal aqui e nos vizinhos do Mercosul. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
Fonte: Agrolink com informações de assessoria