11
mai
2020
Preços do trigo estão em alta desde outubro

Os preços do trigo estão em movimento de alta desde outubro do ano passado, influenciados pelo dólar elevado, por dificuldades na importação e, mais recentemente, pela firme demanda interna. Com isso, produtores devem dedicar neste ano uma área maior que a de 2019 para a triticultura, na expectativa de boa rentabilidade. No Paraná, o Deral/Seab indica que a área da temporada 2019/2020 deve crescer 5%, indo para 1,02 milhão de hectares. Ao mesmo tempo, em abril, moinhos estiveram em busca de alternativas para importação, no intuito de amenizar o impacto doméstico da menor disponibilidade.

Em abril, alguns moinhos apontaram estar com estoques curtos e necessidade de retomar as aquisições. Entretanto, esses agentes tiveram dificuldades em encontrar lotes disponíveis para venda. Neste cenário, demandantes de trigo pressionaram o governo brasileiro, para que este facilite a entrada de cereal no País, especialmente o da Argentina. Para aliviar os custos, muitos reivindicam diminuição permanente das taxas de importação do cereal da Argentina. Ressalta-se que a cota que isenta opagamento da TEC (Tarifa Externa Comum) de 750 mil toneladas do trigo de fora do Mercosul se expira em maio.

Mesmo com o dólar em alta, as importações brasileiras estiveram firmes em abril, visando repor os estoques das indústrias processadoras Segundo dados da Secex, até a terceira semana de abril, haviam sido importadas 461,3 mil toneladas de trigo. A média diária de importação foi 30,5% acima da registrada em abril de 2019. 

PREÇOS – No acumulado do mês (de 31 de março a 30 de abril), os preços no mercado de lotes em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo subiram 16,4%, 11,4%, 8,7% e 6,6%, respectivamente. No mesmo período, o preço do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registrou alta de 4,6% no Paraná, de 4,5% no estado sul-rio-grandense e de 2,1 % no catarinense. 

Quando comparadas as médias mensais de março e abril, nota-se alta de 10,9% no Paraná, com o trigo a R$ 1.174,64/tonelada no último mês. No Rio Grande do Sul, a média de abril foi 11,7% superior à de março, a R$ 1.017,17 /t. No mesmo comparativo, em São Paulo e em Santa Catarina, as médias avançaram 10,3% (a R$ 1.195,06 /t) e 9,6% (a R$ 1.045,92), na mesma ordem.

DERIVADOS – A demanda doméstica por farinha e derivados esteve aquecida em abril, especialmente por parte de indústrias alimentícias responsáveis por bens essenciais de consumo. No caso do farelo, a falta de chuva em importantes regiões pecuárias no Sul do País tem prejudicado as pastagens e elevado a procura de produtores pelo farelo para alimentar o gado.

Com isso, os preços dos derivados subiram em abril, mas em menor intensidade que os da matéria-prima (o trigo em grão). No mês, as cotações das farinhas para bolacha salgada, massas em geral, pré-mistura, panificação, bolacha doce, massas frescas e integral subiram 7,3%, 5,4%, 5,4%, 4,3%, 4,3%, 3,8% e 3,6% respectivamente. Para os farelos, houve valorização de 4,8% para o a granel e de 2,2% para o ensacado.

PREÇOS INTERNACIONAIS – Considerando-se as médias de março e abril, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociado na CME Group, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, se valorizaram 1,2 % e 4,5% respectivamente, a US$ 5,4131/bushel (US$ 198,90/t) e a US$ 4,7968/bushel
(US$ 176,25/t) no último mês.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações norte-americanas na última semana de abril somaram 467,4 mil toneladas de trigo (da safra 2019/20), forte alta de 91% em relação às da semana anterior e acima da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram Taiwan (150 mil t) e Filipinas (110,2 mil t). Em relação à temporada 2020/21, foram comercializadas 155,1 mil toneladas.

Na Argentina, os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, avançaram 0,3% de março para abril, a US$ 244,19/tonelada. CORONAVÍRUS – Com o avanço da pandemia do covid-19, o relatório da USDA  indicou que a segurança alimentar e o suprimento de grãos básicos têm se tornado um problema global. Apesar de os estoques serem suficientes, vários exportadores estão sendo cercados por restrições comerciais com o propósito de ampliar a segurança alimentar doméstica.

No Brasil, os reflexos da pandemia de coronavírus atingiram, principalmente, os derivados de trigo. Apesar do temor, o abastecimento das farinhas e farelos permaneceu estável e a demanda, aquecida. Destaca-se que as massas destinadas a macarrão estiveram entre os itens mais procurados pelos consumidores finais durante a pandemia.

Fonte: Agrolink

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