Produtores paranaenses começam a se beneficiar do aumento nos preços da soja e do milho nos mercados externo e interno. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, neste ano o preço da soja já subiu 11% e do milho, 8%.
Para o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, essa valorização veio em boa hora, justamente quando o produtor está colhendo sua safra e com isso consegue vender bem a produção. “A reação positiva nos preços dos grãos em período de colheita é um incentivo para os produtores no momento que ele mais precisa”, disse. A valorização das commodities está ocorrendo em decorrência do longo período de seca na Argentina, um dos grandes produtores mundiais de soja ao lado dos Estados Unidos e Brasil. Os técnicos argentinos comentam que esta é a maior estiagem no país nos últimos 30 anos e falam em perdas ao redor de 10 milhões de toneladas de soja, que já está refletindo no mercado externo.
O diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, disse que o produtor atravessou um período difícil desde o plantio, com excesso de chuvas, e verão com baixa incidência de luminosidade, o que alongou o ciclo de desenvolvimento das plantas. Mesmo assim, o produtor de soja está colhendo com boa produtividade e agora começa a se beneficiar com excelente produção e mercado positivo. “Essa é a compensação para quem plantou com tecnologia, fez conservação de solos e seguiu corretamente os manuais da pesquisa e da assistência técnica”, afirmou.
Soja - O produtor paranaense está se beneficiando também do clima. De acordo com o Deral, antes existia a perspectiva de La Niña fraco, com falta de chuvas, o que não ocorreu. A falta de chuvas provocou o atraso no plantio. Depois, durante o desenvolvimento das lavouras a luminosidade ficou abaixo do ideal, ocasionando alongamento do ciclo da soja, retardando também a colheita.
De acordo com o economista do Deral, Marcelo Garrido, essa sucessão de eventos climáticos, que poderiam prejudicar a cultura por aqui, acabou beneficiando as plantas. Os produtores começaram a colher quase que simultaneamente ao início do ciclo de alta nos preços.
O produtor paranaense que vinha recebendo cerca de R$ 62,00 a saca de soja em janeiro, neste mês de março passou a receber em torno de R$ 70,00. Por conta dessa reação nos preços alguns núcleos regionais da Seab estão comunicando que os produtores estão acelerando as vendas, para aproveitar o bom momento.
O Deral mantém a expectativa de colheita de 19,3 milhões de toneladas no Paraná na safra 2017/18. Conforme o último levantamento do Deral, 46% da área plantada (2,5 milhões de ha) já foi colhida. Mesmo assim, a colheita continua atrasada. Segundo Garrido, nessa mesma época do ano passado 56% da área plantada já havia sido colhida.
Milho - O milho também está se valorizando, embora o fator de alta esteja mais relacionado ao mercado interno, disse o técnico do Deral, Edmar Gervásio. O produtor paranaense vinha recebendo R$ 22,14 a saca de 60 kg, em janeiro, e na última semana recebeu em média de R$ 25,00 a saca.
Segundo Gervásio, o preço do milho começou a aumentar mais pela incerteza no desempenho da segunda safra brasileira do grão, que está sendo plantada. Com o atraso na colheita da soja, provocada pelo clima, o plantio de milho da segunda safra também atrasou. Essa condição poderá ter reflexos durante o ciclo produtivo, caso ocorram geadas mais cedo este ano. Ou seja, os produtores correrão um risco maior, pois a possibilidade de colher o milho da segunda safra antes da chegada do período de geadas ficou menor.
Geralmente as geadas tendem a ocorrer a partir da segunda quinzena de maio. “A preocupação é se de fato haverá produção suficiente para atender a demanda interna por milho devido às causas do clima adverso que provocou o plantio tardio e o risco de frio pela frente”, disse. Por enquanto está sendo esperada uma segunda safra de 63 milhões de toneladas de milho no Brasil e de 12,3 milhões de toneladas no Paraná.
Cerca de 17% da primeira safra de milho plantada no Estado já foi colhida e 70% da área total que deverá ser ocupada com a segunda safra já foi plantada. Os produtores de milho, que esperavam a estabilidade nas cotações também começam a se beneficiar do aumento de preços.
Fonte: SEAB PR
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