14
mai
2015
Preço mínimo do trigo vai para R$ 34,98 a saca
Reajuste de 4,57% é considerado insuficiente na opinião de entidades do setor; Faep chegou a pedir aumento de 19%
O reajuste de 4,57% no preço mínimo pago pela saca de trigo na comercialização não foi recebido com muito entusiamo pelo setor. O valor, anunciado na última segunda-feira pelo Ministério da Agricultura (Mapa), passou de R$ 33,45 a saca para R$ 34,98. Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), avalia que o novo preço consegue cobrir o custo variável de produção, cotado em fevereiro em R$ 31,84/sc, mas é insuficiente para cobrir o custo operacional, estipulado em R$ 44,65/sc.
O custo variável engloba todos os gastos do produtor com insumos, assistência técnica, transporte externo, juros de financiamento e seguro rural. Já o operacional, além de conter todos os itens descritos acima, leva em conta os gastos com maquinários durante a safra. Por causa da insatisfação dos produtores paranaenses com o valor do trigo praticado nas últimas safras, a área plantada nesta safra registrou uma ligeira queda de 2%.
Garrido afirma que os produtores reclamam que o governo federal baseia os preços mínimos no custo variável, mas que deveria se pautar no custo operacional. Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), lembra que a entidade tinha pedido recentemente ao governo um reajuste de 19% no valor mínimo. "Estamos em um ano de ajuste fiscal, por isso o aumento (do preço mínimo) deveria ter sido maior", observa o economista.
Com esse tímido reajuste, Loyola prevê que o triticultor irá precisar do apoio do governo na hora da comercialização desta safra, principalmente por meio de leilões realizados pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). "O programa de preços mínimos não está cumprindo a sua função", lamenta o economista da Faep. Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), recorda que a entidade havia mandado recentemente um pleito para que o governo federal tomasse como base o custo operacional para estabelecer o preço mínimo. Contudo, a entidade não teve sucesso.
João Kapsumi Nazima, triticultor na região de Guaravera, aponta que o atual valor mínimo para o trigo seria razoável se realmente eles fossem seguidos. Nazima explica que já houve momentos em que o mercado não pagava nem o valor mínimo estipulado pela saca do cereal. "O mercado de trigo é complicado e não dá lucro", desabafa o produtor que só planta para fazer rotação e não deixar a área vazia. Neste ciclo, ele semeou 160 hectares com trigo, mesmo índice se comparado ao ciclo anterior. Ele espera colher oito mil sacas do cereal neste período.
De acordo com o último levantamento do Deral, em abril deste ano o preço da saca de trigo pago ao produtor paranaense fechou em R$ 34,37/sc, ante R$ 31,21/sc em março e R$ 42,58/sc em abril de 2014. Vale lembrar que os preços tendem a cair no decorrer da safra devido ao aumento da disponibilidade de produto no mercado.
Produção
Ao todo, o Paraná semeou na atual safra 1,37 milhão de hectares, contra 1,39 milhão de hectares semeados no período 2013/14. Mesmo com essa redução em área, o Deral estima uma colheita de 4,07 milhões de toneladas, 7% a mais se comparado ao ciclo anterior. Temperaturas amenas e chuvas regulares são os fatores que devem proporcionar esse aumento de produção, segundo avaliam especialistas do Deral. Até ontem, terça-feira, 43% da área já tinha sido semeada, contra 46% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Ricardo Maia
O reajuste de 4,57% no preço mínimo pago pela saca de trigo na comercialização não foi recebido com muito entusiamo pelo setor. O valor, anunciado na última segunda-feira pelo Ministério da Agricultura (Mapa), passou de R$ 33,45 a saca para R$ 34,98. Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), avalia que o novo preço consegue cobrir o custo variável de produção, cotado em fevereiro em R$ 31,84/sc, mas é insuficiente para cobrir o custo operacional, estipulado em R$ 44,65/sc.
O custo variável engloba todos os gastos do produtor com insumos, assistência técnica, transporte externo, juros de financiamento e seguro rural. Já o operacional, além de conter todos os itens descritos acima, leva em conta os gastos com maquinários durante a safra. Por causa da insatisfação dos produtores paranaenses com o valor do trigo praticado nas últimas safras, a área plantada nesta safra registrou uma ligeira queda de 2%.
Garrido afirma que os produtores reclamam que o governo federal baseia os preços mínimos no custo variável, mas que deveria se pautar no custo operacional. Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), lembra que a entidade tinha pedido recentemente ao governo um reajuste de 19% no valor mínimo. "Estamos em um ano de ajuste fiscal, por isso o aumento (do preço mínimo) deveria ter sido maior", observa o economista.
Com esse tímido reajuste, Loyola prevê que o triticultor irá precisar do apoio do governo na hora da comercialização desta safra, principalmente por meio de leilões realizados pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). "O programa de preços mínimos não está cumprindo a sua função", lamenta o economista da Faep. Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), recorda que a entidade havia mandado recentemente um pleito para que o governo federal tomasse como base o custo operacional para estabelecer o preço mínimo. Contudo, a entidade não teve sucesso.
João Kapsumi Nazima, triticultor na região de Guaravera, aponta que o atual valor mínimo para o trigo seria razoável se realmente eles fossem seguidos. Nazima explica que já houve momentos em que o mercado não pagava nem o valor mínimo estipulado pela saca do cereal. "O mercado de trigo é complicado e não dá lucro", desabafa o produtor que só planta para fazer rotação e não deixar a área vazia. Neste ciclo, ele semeou 160 hectares com trigo, mesmo índice se comparado ao ciclo anterior. Ele espera colher oito mil sacas do cereal neste período.
De acordo com o último levantamento do Deral, em abril deste ano o preço da saca de trigo pago ao produtor paranaense fechou em R$ 34,37/sc, ante R$ 31,21/sc em março e R$ 42,58/sc em abril de 2014. Vale lembrar que os preços tendem a cair no decorrer da safra devido ao aumento da disponibilidade de produto no mercado.
Produção
Ao todo, o Paraná semeou na atual safra 1,37 milhão de hectares, contra 1,39 milhão de hectares semeados no período 2013/14. Mesmo com essa redução em área, o Deral estima uma colheita de 4,07 milhões de toneladas, 7% a mais se comparado ao ciclo anterior. Temperaturas amenas e chuvas regulares são os fatores que devem proporcionar esse aumento de produção, segundo avaliam especialistas do Deral. Até ontem, terça-feira, 43% da área já tinha sido semeada, contra 46% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Ricardo Maia
Fonte: Folha Web