A previsão do tempo para os três últimos meses do ano, período de plantio das safras de verão como soja, milho primeira safra e feijão, é de normalidade no Paraná, depois de um 2016 de preocupações com o fenômeno La Niña. Apesar de a distribuição de chuvas não ser homogênea, é pequeno o risco de ocorrências de seca ou de chuva em excesso, conforme o relatório de probabilidades de setembro do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
No Paraná, o plantio da primeira safra de milho está 68% finalizado, o de feijão, 54%, e o de soja, 27%, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). A expectativa é que a safra de grãos atinja 23,1 milhões de toneladas na safra 2016/2017, 14% a mais do que os 20,2 milhões de toneladas da colheita que está próxima de se encerrar, justamente pelas perdas causadas por La Niña. O volume previsto para o próximo ano no relatório do Deral do último dia 26 é de normalidade diante da mesma área plantada, de 5,9 milhões de hectares.
A expectativa é um pouco pior para o Oeste e para o Norte Pioneiro, onde deve ocorrer clima mais seco, e para o Litoral, mais chuvoso. De acordo com o boletim do Simepar, as diferenças se devem às características dos principais sistemas meteorológicos que provocam chuvas em cada local.
Segundo o chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni, o plantio tem ocorrido em condições razoáveis até o momento. "Se pede um pouco de chuva no Sul do Estado, para homogeneizar em relação às outras regiões, mas o pessoal do Centro-Sul está contente porque estão colhendo trigo sem problemas", explica. No caso, ele se refere a uma das últimas em colheita no Estado, com 54%.
Contudo, Simioni lembra que é preciso calma antes de fazer previsões otimistas. "Temos a previsão de um frio ainda intenso em alguns lugares nos próximos dias e o frio nessa época não é bom para o desenvolvimento do feijão e do milho. Claro que não se espera uma massa polar intensa, mas ainda não entramos no calor da primavera, com noites frias."
A colheita de feijão, que começa em dezembro, pode ser um indicativo do andamento da próxima safra, diz. Houve quebra de safra do grão neste ano de 151 mil toneladas na última colheita, justamente por problemas climáticos. O problema faz com o preço do feijão de cor esteja 250% mais caro do que no mesmo período do ano passado, assim como o preto, que está 133% maior.
Menor risco
Conforme o relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade (IRI, na sigla em inglês), citado pelo Simepar, a análise sobre a área de monitoramento do fenômeno El Niño, no Oceano Pacífico Equatorial, aponta que o trimestre entre agosto e outubro marca o fim da diminuição das temperaturas causadas pelo La Niña, quando passam a ser constantes até o próximo ano, quando volta a esquentar. No entanto, mostram neutralidade em relação a possíveis efeitos futuros do El Niño.
Vale destacar que o fenômeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado por aquecimento da temperatura da superfície do oceano em questão, diferentemente do La Niña, quando ocorre esfriamento. Ambos afetam a precipitação de chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias, mas de forma oposta, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).