18
set
2012
PR: perdas no trigo já chegam a 20%

Passados 45 dias desde a última chuva substancial, e com o afastamento da possibilidade de chuvas nos próximos dias, a preocupação com as lavouras de inverno se intensifica. As perdas em produtividade já chegam a 20% em relação ao potencial inicial (que era de 3.600 kg por hectare). Esse quadro já é considerado irreversível, independentemente do nível de precipitação que possa ocorrer na região.

Contudo, o prejuízo econômico nas lavouras de trigo ainda pode ser rebatido, pelo menos em parte. Se ainda houver chuva em quantidade suficiente para o desenvolvimento das plantas, o tempo mais seco pode favorecer a qualidade dos grãos, que encontrariam preços melhores no mercado.

Perdas

De acordo com o engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural) em Guarapuava Arthur Bittencourt Filho, o principal dano às lavouras da região é a quebra na produtividade – especialmente porque a falta de água atingiu as lavouras ainda em estágios suscetíveis.

“Para os nossos produtores essa estiagem é muito ruim em termos de cultura de inverno. Em outras regiões do Estado, onde a semeadura ocorre mais cedo, houve chuvas durante as fases críticas das plantas, mas não é o caso da nossa região”.

As perdas nas lavouras da região, em produtividade, já chegam a 20%, segundo o engenheiro agrônomo da Coamo em Guarapuava, Wilson Juliani. “A safra de trigo já está comprometida pela falta de chuvas. E, agora que não há mais previsão de chuva para a próxima semana, certamente as perdas podem se agravar, embora seja difícil de avaliar”, disse.

Se a previsão de perdas se concretizar, a expectativa de produção de 149 mil pode cair para menos de 119 mil toneladas de trigo na região.

Qualidade

Mas pode haver um fator compensatório na estiagem – embora ele não possa recuperar toda a perda econômica acarretada pela queda de produtividade. Com um menor volume de chuvas, a qualidade dos grãos de inverno tende a apresentar mais qualidade. Nas outras regiões do Paraná, em que a colheita já está em andamento, os produtores estão constatando esse benefício.

“A perda de qualidade do grão ocorre quando há muita chuva a partir do florescimento até a maturação da planta. Como tem pouca chuva, teoricamente a qualidade será boa”, explicou Juliani. “Em anos um pouco mais secos, com menor volume de pluviosidade (desde que tenha chuva suficiente para o desenvolvimento), a qualidade do produto costuma ser boa”.

O produto de melhor qualidade recebe ofertas melhores no mercado. Segundo o Deral, a diferença de preço entre o trigo tipo 1 (pão), com umidade máxima de 13%, para o tipo 2 (biscoito), chega a quase 10%.

No entanto, a colheita na região guarapuavana se inicia apenas no final de outubro. Diante disso, é impossível prever como o tempo se comportará dentro do próximo mês. “Realmente é cedo para afirmar”, destacou Bittencourt. “Poderemos dizer com certeza apenas quando a colheita começar”.

Fonte: Diário de Guarapuava

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