Faltou luminosidade na fase de maturação dos grãos e umidade disseminou doenças. Onde se esperava colher de 130 a 150 sacas, por alqueire, a produtividade ficou entre 80 e 90 sacas
A região de Maringá plantou a maior área de trigo dos últimos anos e esperava colher uma grande safra. Os primeiros resultados, no entanto, apontam para outra direção. Os produtores que já colocaram as máquinas no campo estão decepcionados. Em locais onde a cultura é tradicional e se esperava colher entre 130 e 150 sacas, por alqueire, a produtividade ficou entre 80 e 90 sacas. O vilão, segundo produtores e técnicos, foi o excesso de chuva, durante o mês de julho.
De acordo com o engenheiro agrônomo Ivan José da Cruz, da Cooperativa Integrada Agroindustrial, com a predominância de céu nublado, no mês passado, a cultura não recebeu a luminosidade necessária para a fase de maturação. Além disso, com a chuva constante, o agricultor ficou impedido de entrar na lavoura, com as máquinas, para fazer pulverizações de defensivos, o que favoreceu o aumento de doenças.
"O trigo que foi colhido nestes primeiros dias está com o PH bom, em torno de 80 e 81, mas de baixa liquidez", explica o agrônomo. "A gente vê a lavoura bonita, com muitos grãos nos cachos, mas na balança vê-se que o trigo está sem peso", destaca.
Outro fenômeno climático que afetou a lavoura foram as chuvas de granizo ocorridas em julho. Em um só dia, foram danificados cerca de 120 alqueires, em Marialva, e os produtores acreditam que na área afetada a colheita, dificilmente, passará de 30 sacas, por alqueire.
Além da produtividade e liquidez decepcionantes, os técnicos dizem que há o risco de o produto não alcançar a qualidade esperada. Eles fazem esta previsão com base na quantidade de triguilho - grãos que não se desenvolvem, embora mantenham todas as propriedades do trigo normal - que está sendo colhida.
A família Frameschi, de Sarandi, aposta na agricultura de precisão, faz adubação dentro do recomendado e esperava colher 150 sacas, por alqueire, mas não passou de 110. Realidade semelhante é vivida pela família Brita, da região conhecida como 10, em Marialva, uma das campeãs de produtividade do noroeste paranaense.
Na Estrada Fruteira, também em Marialva, esperava-se uma produtividade de 170 sacas, por alqueire, mas o excesso de chuva no momento em que os cachos já estavam no estágio de maturação provocou a Geribela, também conhecida como Brusone ou Fusariose. Os cachos embranqueceram e onde se esperava trigo de qualidade deu quase que somente triguilho.
O economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura, Moisés Barion Bolonhez, diz que, como a colheita já chegou a 40% na região de Maringá, dificilmente, a produção alcançará a do ano passado, quando foram plantados 19,8 mil hectares com trigo. Nesta safra a área aumentou para 23,3 mil hectares. "A esperança é de que algumas áreas tenham superado as consequências do clima e proporcionem uma produtividade média parecida com a de 2014", ressalta.
A área de trigo aumentou por causa do atraso verificado para o plantio do milho em consequência do excesso de chuva, em fevereiro. Alguns produtores temiam que plantando milho, em março, o cereal, dificilmente, estaria em ponto de colheita antes de possíveis geadas no fim de julho ou agosto.
Com a redução da área de milho, a opção foi o trigo, uma cultura de inverno que tem o Paraná como o maior produtor nacional. O governo do Estado tinha a expectativa de uma produção de 3,9 milhões de toneladas, que representaria um crescimento de 4% em relação à safra passada.
Fonte: Agrolink
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