29
ago
2013
PR: Encontro propõe novas fronteiras para o trigo
Pesquisa alerta para a necessidade de criação de variedades adaptáveis a diferentes locais de cultivo do cereal, como o Cerrado e o Nordeste do País
Ingrediente básico do pãozinho, macarrão e outros produtos do dia a dia, o trigo nacional tem potencial para atender as demandas internas, mas necessita de auxílio. Este ano, além dos problemas tradicionais - principalmente a falta de política governamental para o setor - a geada atrapalhou a produção dos estados do Sul do País. A estimativa de produção, no Paraná, que antes girava em torno de 2,7 milhões de toneladas, sofreu queda de 700 mil toneladas até agora, que pode se agravar caso outras geadas previstas sejam confirmadas. O resultado é que a importação brasileira da commodity deve chegar a 7 milhões de toneladas: são US$ 3 bilhões enviados de bandeja aos produtores internacionais que poderiam permanecer no País.
Mesmo assim, os participantes do 8º Fórum Nacional de Trigo e 7ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que segue até sexta-feira no Parque De Exposições Ney Braga, em Londrina, acreditam que é possível reverter esta situação. Por volta de 400 pessoas, entre produtores, pesquisadores, representantes de moinhos e entidades ligadas ao setor participam dos encontros.
Não há dúvidas que o Brasil sempre foi dependente da importação de trigo. Isso fez com que as empresas que necessitam dos grãos se instalassem no litoral do País, facilitando a logística de recebimento através dos portos. "Porém, é possível que pelo menos Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até estados do Nordeste consigam abastecer essas industrias. Acredito que eles sempre irão importar, até pelas facilidades de negócio com o exterior, mas é possível criar alternativas. No futuro, podemos instalar essas industrias na Região Central do Brasil e começar a circular a farinha ao invés do cereal", sugeriu o chefe-geral da Embrapa Trigo, Sérgio Roberto Dotto, que palestrou sobre o futuro do trigo no Brasil.
Atualmente, o consumo anual de trigo no País gira em torno de 10,8 milhões de toneladas, sendo que a produção nacional é praticamente metade desse valor. A situação tem se agravado desde o ano passado, já que o milho safrinha tem tomado espaço do cereal, que só voltou a ter um melhor preço nesta safra. Dotto acredita que é possível aumentar essa produção, não apenas nas regiões tradicionais de plantio como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, mas também em regiões de fronteira como o Cerrado do Brasil Central e até o Nordeste. "Nesses novos locais não existem problemas com o clima. O que é necessário é o investimento em pesquisa para a criação de novas variedades que se adaptem a estes locais", salientou o coordenador da Embrapa Trigo.
Em relação aos avanços da pesquisa, o pesquisador comentou que as entidades já fizeram muito pela cultivar, que hoje não perde em nada para o trigo importado, sem falar da alta produtividade. De acordo com Dotto, da década de 1970 para cá a produtividade saltou de 700 quilos por hectare para, em média, 2,7 toneladas por hectare, com picos de 5 toneladas por hectare e, na região irrigada, 7 toneladas por hectare. "Hoje somos capazes de produzir trigo de acordo com a demanda do mercado nacional, independentemente da classe. As entidades de pesquisa há alguns anos começaram a focar as demandas dos moinhos brasileiros", complementou Dotto.
Victor Lopes
Ingrediente básico do pãozinho, macarrão e outros produtos do dia a dia, o trigo nacional tem potencial para atender as demandas internas, mas necessita de auxílio. Este ano, além dos problemas tradicionais - principalmente a falta de política governamental para o setor - a geada atrapalhou a produção dos estados do Sul do País. A estimativa de produção, no Paraná, que antes girava em torno de 2,7 milhões de toneladas, sofreu queda de 700 mil toneladas até agora, que pode se agravar caso outras geadas previstas sejam confirmadas. O resultado é que a importação brasileira da commodity deve chegar a 7 milhões de toneladas: são US$ 3 bilhões enviados de bandeja aos produtores internacionais que poderiam permanecer no País.
Mesmo assim, os participantes do 8º Fórum Nacional de Trigo e 7ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que segue até sexta-feira no Parque De Exposições Ney Braga, em Londrina, acreditam que é possível reverter esta situação. Por volta de 400 pessoas, entre produtores, pesquisadores, representantes de moinhos e entidades ligadas ao setor participam dos encontros.
Não há dúvidas que o Brasil sempre foi dependente da importação de trigo. Isso fez com que as empresas que necessitam dos grãos se instalassem no litoral do País, facilitando a logística de recebimento através dos portos. "Porém, é possível que pelo menos Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até estados do Nordeste consigam abastecer essas industrias. Acredito que eles sempre irão importar, até pelas facilidades de negócio com o exterior, mas é possível criar alternativas. No futuro, podemos instalar essas industrias na Região Central do Brasil e começar a circular a farinha ao invés do cereal", sugeriu o chefe-geral da Embrapa Trigo, Sérgio Roberto Dotto, que palestrou sobre o futuro do trigo no Brasil.
Atualmente, o consumo anual de trigo no País gira em torno de 10,8 milhões de toneladas, sendo que a produção nacional é praticamente metade desse valor. A situação tem se agravado desde o ano passado, já que o milho safrinha tem tomado espaço do cereal, que só voltou a ter um melhor preço nesta safra. Dotto acredita que é possível aumentar essa produção, não apenas nas regiões tradicionais de plantio como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, mas também em regiões de fronteira como o Cerrado do Brasil Central e até o Nordeste. "Nesses novos locais não existem problemas com o clima. O que é necessário é o investimento em pesquisa para a criação de novas variedades que se adaptem a estes locais", salientou o coordenador da Embrapa Trigo.
Em relação aos avanços da pesquisa, o pesquisador comentou que as entidades já fizeram muito pela cultivar, que hoje não perde em nada para o trigo importado, sem falar da alta produtividade. De acordo com Dotto, da década de 1970 para cá a produtividade saltou de 700 quilos por hectare para, em média, 2,7 toneladas por hectare, com picos de 5 toneladas por hectare e, na região irrigada, 7 toneladas por hectare. "Hoje somos capazes de produzir trigo de acordo com a demanda do mercado nacional, independentemente da classe. As entidades de pesquisa há alguns anos começaram a focar as demandas dos moinhos brasileiros", complementou Dotto.
Victor Lopes
Fonte: Folha de Londrina