15
out
2015
PR: Chuvas podem comprometer a qualidade do trigo

A quebra da safra atual de trigo, estimada no mês de setembro em 10%, poderá ser maior se as chuvas não derem trégua nas próximas semanas, segundo avalia o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Hugo Godinho. Antes do plantio da safra, a previsão do órgão era de uma colheita de 4 milhões de toneladas do cereal. Já em setembro, esse número foi revisado para 3,6 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume da produção do trigo paranaense será menor em relação à safra passada, quando o Estado produziu 3,83 milhões de toneladas do grão.


Ainda nesta semana, o Deral deve emitir um novo prognóstico revisando para baixo essa produção, causada principalmente pelo excesso de chuvas. Mas o que preocupa o engenheiro agrônomo da entidade não é tanto a quantidade, mas sim a qualidade dos grãos devido ao excesso de umidade, o que poderá comprometer a rentabilidade dos agricultores.


A colheita, por sua vez, segue adiantada. Até a semana passada, 65% de uma área plantada de 1,33 milhão de hectares foi colhida. Até ontem, a estimativa era que o volume colhido tenha aumentado em até 5%. Godinho afirma que esse número poderia ter sido maior se não fossem as chuvas dos últimos dias que prejudicaram a colheita em todo o Estado. "Mas a maior preocupação no momento é com a qualidade desse trigo recolhido nos últimos dias", reforça o especialista.
Além de interromper a colheita, as chuvas causam transtorno no processo de armazenagem. Ainda em relação à qualidade, Godinho explica que próximo a 50% do trigo que ainda está em campo está na fase de maturação, período em que as plantas ficam ainda mais suscetíveis ao excesso de água.
Valentin Rosolen, produtor na região de Rolândia (Norte), já conseguiu terminar a colheita. Porém, não escapou da perda de produtividade, resultado do excesso de chuvas que atingiram a região nos últimos meses. Em uma área de 500 hectares, o triticultor colheu 45 sacas por hectare, contra 60 sc/ha recolhidas na safra passada. "O excesso de chuva de julho, o sol forte em agosto e as fortes chuvas de setembro prejudicaram a minha produção", lamenta o agricultor.

Mercado

O preço do trigo segue em um patamar mais elevado, segundo observa o engenheiro agrônomo do Deral, Hugo Godinho. Ele avalia que a redução em 4% da área plantada no Estado em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram semeados 1,39 milhão de toneladas e a elevação do dólar frente ao real, inibiram as importações do cereal, o que elevou a procura pelo produto nacional. Com a oferta mais restrita, somado ao aumento da demanda pelo produto nacional, os preços dispararam.


Em setembro, segundo dados do Deral, o valor médio da saca de trigo pago ao produtor foi de R$ 34,02, ante R$ 33,59/sc em agosto e R$ 29,97/sc em setembro de 2014. Na semana passada, o valor da saca fechou na casa dos R$ 39,00/sc. Porém, produzir trigo neste ano também ficou mais caro no comparativo com o mesmo período do ano passado.


De acordo com dados do Deral, o custo variável de produção, que leva em conta gastos com insumos, mão de obra, transporte, maquinários, entre outros, foi de R$ 37,83/sc, contra R$ 25,89/sc no comparativo com o período 2013/14. Os dados foram compilados em agosto de 2014 e 2015 respectivamente.
 

Fonte: Agrolink

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