O Centro de Previsão do Clima (CPC), uma agência do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira (14) que as chances de ocorrer o fenômeno climático La Niña, ainda no segundo semestre de 2016, estão cada vez maior.
O departamento de meteorologia do governo australiano, Bureau of Meteorology (BOM), também confirmou ao site internacional Agrimoney, que as possibilidades do fenômeno em 2016 aumentaram para 50%. Na segunda-feira (11) o serviço meteorológico oficial do Japão constatou que o evento neste ano, torna-se a cada dia uma realidade.
Dos últimos quinze fenômenos de El Niño, como ocorreu em 2015 e está se enfraquecendo neste ano, onze deles foram seguidos de La Niña, relatam pesquisas de agências meteorológicas de todo o mundo.
"A previsão oficial é consistente com as previsões do modelo, também apoiada por uma tendência histórica de La Nina acompanhada de acontecimentos fortes de El Niño", disse o CPC no relatório.
Para o BOM, o La Niña eleva as chances de inundações generalizadas, secas e furacões em diversas regiões do planeta. O fenômeno, causado pelo resfriamento das águas do Pacífico, está associado à seca na América do Norte e tempo chuvoso no Sudeste Asiático, ao contrário do El Niño que causa tempo seco na Austrália e Ásia, e tempo de chuva nas Américas.
Os efeitos reais que um evento de La Nina podem variar e ser difícil de prever, mas o desenvolvimento de um forte sinal poderá promover alta para a maioria das commodities agrícolas, já que adiciona algum risco ascendente para o mercado.
Clima no Brasil
Ainda que não seja possível definir sua intensidade e conseqüentemente suas influencias para o clima, o agrometeorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos afirma que o La Niña traz um regime de chuvas benéficos para as culturas de verão em grande parte do Brasil.
"Apesar de atrasar a chegada das chuvas na primavera, quando as precipitações chegam elas ocorrem de forma mais regular em todo o país, diferente do que foi observado na temporada 2015/16", destaca Santos.
Segundo Santos, caso o fenômeno climático se confirme poderemos ter um inverno mais rigoroso no Brasil, "pois as massas de ar polar entram com mais facilidade no território brasileiro", e esse cenário é favorável ao desenvolvimento de geadas antecipadas e tardias.
Na transição entre o inverno e a primavera (setembro) os modelos climáticos indicam um período de pouca chuva no sudeste, centro-oeste e Matopiba, ao contrário de sul, onde espera-se chuvas regulares.
"Esse cenário é uma boa tendência para as culturas de inverno como o trigo, que foi extremamente castigada por conta da chuvarada que ocorreu nas duas últimas primaveras", explica Santos.
Na primavera com La Niña, poderemos ter um atraso na chegada das chuvas principalmente do Brasil Central, mas de maneira oposta ao que ocorreu na safra 2015/16, mesmo com o retardamento das precipitações, elas deverão retornar em outubro com maior regularidade, sendo benéfico para o desenvolvimento das lavouras de verão.
Para o sul, o período do verão dependerá da intensidade que o fenômeno climático alcançará. Segundo Santos, quanto mais forte o La Niña, menos chuvas chegarão aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e podendo incluir também o sul do Mato Grosso do Sul.
EUA
A possibilidade de La Niña, no entanto, não é positiva para o desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos. No meio-oeste há possibilidade de períodos prolongados de estiagem durante o verão norte-americano.
"Uma mudança para La Nina teria, potencial de trazer um clima mais quente e mais seco à região central norte-americana, principalmente no cinturão do milho ocidental", disse o Serviço de Meteorologia dos EUA, na semana passada.
Fonte: Famasul
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