06
mai
2011
Pesquisas da Embrapa colaboram com agricultura de baixo carbono

 

Aprosoja - A partir de 2010, o governo brasileiro instituiu o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que visa associar a produção de alimentos e bioenergia com a redução da emissão dos gases de efeito estufa. A pesquisa brasileira tem resultados relevantes para auxiliar na incorporação dos cinco grandes pilares que compõem o Programa ABC: sistema plantio direto (SPD), fixação biológica do nitrogênio (FBN), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de pastagens e florestas plantadas.

O Ministério da Agricultura destina R$ 2 bilhões, por intermédio de cinco linhas de financiamento, para financiar os produtores na adoção de práticas adequadas, tecnologias adaptadas e sistemas produtivos que contribuam para a mitigação da emissão dos gases de efeito estufa.

A Embrapa Soja tem tecnologias que contribuem para aumentar a eficiência direta ou indiretamente nos quatros primeiros ítens. O sistema de plantio direto (SPD), por exemplo, é reconhecido como uma das formas mais sustentáveis para a condução do sistema produtivo de grãos.

De acordo com o pesquisador Julio Franchini, o SPD baseia-se na melhoria do sistema produtivo, por intermédio do aumento da produção de fitomassa vegetal e seu máximo aproveitamento e conservação. “O aumento na produção de fitomassa requer sistemas de rotação de culturas com soja, trigo, arroz, milho, aveia, milheto, sorgo e outras forrageiras tropicais e subtropicais que podem ser pastejadas para alimentação animal” afirma.

Segundo Franchini, em termos de manejo do solo, a contribuição do SPD é favorecer o aumento do teor de matéria orgânica. “Sob condições ideais de manejo dos sistemas produtivos, o sequestro de carbono pelo solo pode variar entre 200 a 1200 kg ha-1ano-1, dependendo da quantidade de fitomassa produzida e das condições climáticas da região, principalmente, temperatura e disponibilidade hídrica anual”.

INTEGRAÇÃO - Em busca de opções para a diversificação das atividades agrícolas e de pecuária e reduzir o impacto ambiental pelo uso da terra, a Embrapa desenvolve estudos de campo no Mato Grosso e no Paraná, dentro da filosofia de integração entre as atividades de Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF).
Segundo Franchini, a soja tem um papel importante no processo de desenvolvimento da Integração Lavoura Pecuária como cultura com alto valor de mercado. Do ponto de vista ambiental, a soja fixa nitrogênio e participa com a melhoria da fertilidade do sistema produtivo. “A elevação dos níveis de matéria orgânica e a melhoria da qualidade física do solo com a introdução das pastagens em áreas agrícolas amplia ainda mais o conceito de fertilidade”.
De acordo com Franchini, os resultados obtidos na safra 2009/2010 demonstram que as pastagens podem contribuir com o sequestro de até 2 Mg ha-1ano-1 de Carbono. “Isso consolida o conceito de que a Integração Lavoura Pecuária é uma alternativa importante para uma agricultura baseada na baixa emissão de carbono”.

FBN - O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pelas plantas que, no caso da soja, é obtido com a inoculação de bactérias genericamente denominadas rizóbios. Estas bactérias têm a função de fixar nitrogênio do ar por simbiose com as plantas. Além de reduzir os custos de produção da cultura, a FBN evita o uso de fertilizantes químicos nitrogenados, cuja produção depende de fontes de energia não renováveis como o petróleo.

De acordo com o pesquisador Marco Antonio Nogueira, estes fertilizantes, no entanto, são necessários para suprir a necessidade de nitrogênio de gramíneas como trigo, milho e cana. “O problema é que estes químicos são parcialmente absorvidos pela planta, porque sofrem transformações no solo que podem resultar em perdas gasosas com potencial de provocar o efeito estufa”, afirma .

Segundo ele, para exemplificar, cada quilo de óxido nitroso (N20) emitido para a atmosfera é equivalente à emissão de quase 300 quilos de CO2. “No caso das gramíneas, a FBN não é eficiente como no caso da soja, mas pesquisas têm indicado que, pelo menos, parte dos fertilizantes químicos nitrogenados pode ser substituída pela inoculação de outros tipos de bactérias fixadoras de N como as do gênero Azospirullum, que têm apresentado resultados promissores para as culturas de milho e trigo”, avalia.


Fonte: Olhar Direto..

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