03
out
2012
Pesquisa mostra relação de El Niño e La Niña com o clima no Paraná
Oswaldo Petrin
A extensão dos estragos causados por adversidades climáticas decorrentes do El Niño e da La Niña tem relação direta com a duração desses fenômenos, e não apenas com sua ocorrência. Esta e outras conclusões fazem parte de estudos feitos pelas pesquisadoras Heverly Morais, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), e Ângela Beatriz Costa, do Simepar.
O objetivo das pesquisadoras foi analisar a influência desses fenômenos sobre as chuvas nas regiões Norte, Sul e Oeste do Paraná e correlacionar o volume de precipitação com a duração dos dois fenômenos. O trabalho oferece dados que podem subsidiar ações preventivas e a implantação de políticas públicas para reduzir as consequências de excesso ou escassez de chuvas e efeitos de geadas. Com isso, contribui para o emprego racional e planejado de medidas nos setores públicos privados. O documento, inédito, foi apresentado em um congresso científico internacional de meteorologia realizado semana passada em Gramado (RS).
No estudo “Relação entre a duração do fenômeno ENOS (El Niño Oscilação Sul) e a Precipitação no Estado do Paraná”, Heverly agrupou dados de chuvas em Londrina (Norte), Palmas (Sul) e Cascavel (Oeste) de acordo com a duração de cada situação climática (El Niño, La Niña e Neutralidade) e calculou seus desvios com base na precipitação média histórica do mesmo período. A análise mostrou predomínio de chuvas superiores à média histórica em ocasiões de El Niño e inferiores à média histórica em fases de La Niña.
A novidade é que somente o fato de o clima estar sob influência do El Niño e La Niña não indica maiores e menores volumes de chuvas, respectivamente. O estudo mostrou que a extensão desses eventos influencia no regime de precipitação. Assim, por exemplo, quando o clima está sob influência de um El Niño que perdura por um longo tempo, a probabilidade de ocorrer chuvas acima da normal é maior. No caso da La Niña, se o evento for extenso, há maior possibilidade de ocorrer volumes de chuvas abaixo da média histórica. Assim, essa duração dos eventos explica a variabilidade observada nos impactos de El Niño e La Niña no Estado.
IMPORTÂNCIA – Esse trabalho é importante porque auxiliará nas previsões meteorológicas e climáticas que são ferramentas importantes para tomadas de decisões e planejamento de agricultores e técnicos, desde a escolha da cultura até a definição do melhor momento para controle de pragas e doenças, colheita, transporte e armazenamento.
Segundo Heverly, a previsão de chuvas no Paraná é uma tarefa complicada devido ao posicionamento geográfico do Estadp, numa área de transição climática, e pela grande dependência das condições regionais, influência da circulação atmosférica, dinâmica das frentes frias que se deslocam do extremo sul do planeta e situação de outros eventos como a Zona de Convergência do Atlântico Sul.
Em “Geadas severas na cafeicultura paranaense e sua relação com o fenômeno ENOS”, Ângela Costa lembra que as geadas exercem forte influência na agricultura e na economia do Paraná. Foram decisivas no rumo da cafeicultura, na política de preços internacionais e na industrialização de grandes cidades.
Nos estudos, foram consideradas somente as geadas que causaram prejuízos severos a partir de 1955. Assim, os seguintes episódios foram identificados, com base nos dados de temperaturas mínimas e registros de danos à produção no Norte do Paraná: 2 de agosto de 1955, 10 de julho de 1969, 9 de julho de 1974, 18 de julho de 1975, 20 de julho de 1981, 26 de junho de 1994, 13 e 17 de julho de 2000.
Para cada geada dessas foram analisadas as condições meteorológicas antes e durante a sua ocorrência e a situação em relação ao fenômeno ENOS. Ângela deu ênfase à duração (em meses) do fenômeno antes da ocorrência da geada, partindo da hipótese de que os oceanos respondem mais lentamente a mudanças e, assim, a maior permanência na condição de El Niño ou La Niña poderia ocasionar temperaturas mais elevadas ou mais amenas durante o inverno, reduzindo as chances de geadas fortes ou agravando o problema.
Através de tabelas, a pesquisa mostra as durações em meses das fases quente (El Niño), neutra e fria (La Niña) do fenômeno ENOS, antes do mês em que ocorreu cada uma das geadas que mais causaram danos à cafeicultura desde 1955.
O estudo observa que as geadas de 1955, 1975 e 2000 ocorreram sob La Niña. O fenômeno manifestou-se, respectivamente, durante 14, 26 e 24 meses consecutivos antes do mês de cada geada. Somente no caso da geada de 1969 houve uma situação de El Niño, que se estendeu por um período de 11 meses antes da geada severa daquele ano. Na geada ocorrida em 1972 a condição era de El Niño no seu início, após um período prolongado de La Niña e uma curta transição de neutralidade.
Houve mais duas geadas na condição de neutralidade, em 1981 e 1994. Considerando que as geadas são fenômenos extremos, dependentes das condições atmosféricas durante o deslocamento das massas de ar frio, não se espera um comportamento padrão nas ocorrências desses episódios. Mas fica evidente nos eventos passados a influência de longos períodos sob La Niña antes da ocorrência das geadas consideradas “severíssimas” e “severas”, prevalecendo em quatro dos sete episódios.
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A extensão dos estragos causados por adversidades climáticas decorrentes do El Niño e da La Niña tem relação direta com a duração desses fenômenos, e não apenas com sua ocorrência. Esta e outras conclusões fazem parte de estudos feitos pelas pesquisadoras Heverly Morais, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), e Ângela Beatriz Costa, do Simepar.
O objetivo das pesquisadoras foi analisar a influência desses fenômenos sobre as chuvas nas regiões Norte, Sul e Oeste do Paraná e correlacionar o volume de precipitação com a duração dos dois fenômenos. O trabalho oferece dados que podem subsidiar ações preventivas e a implantação de políticas públicas para reduzir as consequências de excesso ou escassez de chuvas e efeitos de geadas. Com isso, contribui para o emprego racional e planejado de medidas nos setores públicos privados. O documento, inédito, foi apresentado em um congresso científico internacional de meteorologia realizado semana passada em Gramado (RS).
No estudo “Relação entre a duração do fenômeno ENOS (El Niño Oscilação Sul) e a Precipitação no Estado do Paraná”, Heverly agrupou dados de chuvas em Londrina (Norte), Palmas (Sul) e Cascavel (Oeste) de acordo com a duração de cada situação climática (El Niño, La Niña e Neutralidade) e calculou seus desvios com base na precipitação média histórica do mesmo período. A análise mostrou predomínio de chuvas superiores à média histórica em ocasiões de El Niño e inferiores à média histórica em fases de La Niña.
A novidade é que somente o fato de o clima estar sob influência do El Niño e La Niña não indica maiores e menores volumes de chuvas, respectivamente. O estudo mostrou que a extensão desses eventos influencia no regime de precipitação. Assim, por exemplo, quando o clima está sob influência de um El Niño que perdura por um longo tempo, a probabilidade de ocorrer chuvas acima da normal é maior. No caso da La Niña, se o evento for extenso, há maior possibilidade de ocorrer volumes de chuvas abaixo da média histórica. Assim, essa duração dos eventos explica a variabilidade observada nos impactos de El Niño e La Niña no Estado.
IMPORTÂNCIA – Esse trabalho é importante porque auxiliará nas previsões meteorológicas e climáticas que são ferramentas importantes para tomadas de decisões e planejamento de agricultores e técnicos, desde a escolha da cultura até a definição do melhor momento para controle de pragas e doenças, colheita, transporte e armazenamento.
Segundo Heverly, a previsão de chuvas no Paraná é uma tarefa complicada devido ao posicionamento geográfico do Estadp, numa área de transição climática, e pela grande dependência das condições regionais, influência da circulação atmosférica, dinâmica das frentes frias que se deslocam do extremo sul do planeta e situação de outros eventos como a Zona de Convergência do Atlântico Sul.
Em “Geadas severas na cafeicultura paranaense e sua relação com o fenômeno ENOS”, Ângela Costa lembra que as geadas exercem forte influência na agricultura e na economia do Paraná. Foram decisivas no rumo da cafeicultura, na política de preços internacionais e na industrialização de grandes cidades.
Nos estudos, foram consideradas somente as geadas que causaram prejuízos severos a partir de 1955. Assim, os seguintes episódios foram identificados, com base nos dados de temperaturas mínimas e registros de danos à produção no Norte do Paraná: 2 de agosto de 1955, 10 de julho de 1969, 9 de julho de 1974, 18 de julho de 1975, 20 de julho de 1981, 26 de junho de 1994, 13 e 17 de julho de 2000.
Para cada geada dessas foram analisadas as condições meteorológicas antes e durante a sua ocorrência e a situação em relação ao fenômeno ENOS. Ângela deu ênfase à duração (em meses) do fenômeno antes da ocorrência da geada, partindo da hipótese de que os oceanos respondem mais lentamente a mudanças e, assim, a maior permanência na condição de El Niño ou La Niña poderia ocasionar temperaturas mais elevadas ou mais amenas durante o inverno, reduzindo as chances de geadas fortes ou agravando o problema.
Através de tabelas, a pesquisa mostra as durações em meses das fases quente (El Niño), neutra e fria (La Niña) do fenômeno ENOS, antes do mês em que ocorreu cada uma das geadas que mais causaram danos à cafeicultura desde 1955.
O estudo observa que as geadas de 1955, 1975 e 2000 ocorreram sob La Niña. O fenômeno manifestou-se, respectivamente, durante 14, 26 e 24 meses consecutivos antes do mês de cada geada. Somente no caso da geada de 1969 houve uma situação de El Niño, que se estendeu por um período de 11 meses antes da geada severa daquele ano. Na geada ocorrida em 1972 a condição era de El Niño no seu início, após um período prolongado de La Niña e uma curta transição de neutralidade.
Houve mais duas geadas na condição de neutralidade, em 1981 e 1994. Considerando que as geadas são fenômenos extremos, dependentes das condições atmosféricas durante o deslocamento das massas de ar frio, não se espera um comportamento padrão nas ocorrências desses episódios. Mas fica evidente nos eventos passados a influência de longos períodos sob La Niña antes da ocorrência das geadas consideradas “severíssimas” e “severas”, prevalecendo em quatro dos sete episódios.