25
mar
2010
Perdas acima dos R$ 900 milhões devido a ferrugem asiática em MT

 

A safra 09/10 vai entrar para a história como a pior em ferrugem asiática para o sojicultor mato-grossense nos últimos anos. Com presença em praticamente todas as lavouras do Estado nesta temporada, a ferrugem deve impor perda de 10% em produtividade e prejuízos que podem ultrapassar a R$ 900 milhões com a aplicação de fungicidas.

De acordo com cálculos dos produtores, as aplicações extras poderão elevar o desembolso com a aquisição de fungicidas para R$ 900 milhões, quase 50% a mais em relação às safras anteriores. No ano passado, os sojicultores plantaram 5,8 milhões de hectares e fizeram, em média, 2,5 aplicações por hectare. O total de aplicações chegou a 14,5 milhões, gerando um prejuízo de R$ 750 milhões para o produtor. Para este ano, com o plantio de 6 milhões de hectares e 3,5 aplicações/ha, a média pode chegar 19 milhões de aplicações.

Na avaliação dos produtores, o quadro é dramático e o governo deve intervir imediatamente, importando o fungicida e fornecendo aos produtores.

“Não poderia ser pior para o produtor, que ainda enfrenta o problema dos baixos preços da soja no mercado e câmbio defasado”, aponta o agrônomo Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Aprosoja/MT e responsável pelo Projeto Antiferrugem no Estado.

Segundo ele, até a segunda quinzena de março havia sido detectados mais de 500 focos de ferrugem, motivados pelo clima quente e pela “explosão das chuvas”, que têm dificultado o trabalho de controle do fungo. A região Oeste do Estado – Campo Novo, Sapezal e Campos de Júlio – é a mais castigada pela ferrugem. “Este ano, diferentemente dos anteriores, estamos observando não apenas quantidade, mas a severidade dos ataques. Realmente é um desastre para os produtores”.

Nery Ribas informou que em 2010 houve uma redução dos intervalos das aplicações de fungicidas devido à intensificação e propagação dos fungos nas lavouras de soja. Em anos anteriores, por exemplo, o intervalo era de 20 a 25 dias entre as aplicações. Este ano o período encurtou para 10, no máximo 15 dias. Com isso, os produtores estão fazendo em média uma aplicação a mais nesta safra, sendo que existem lavouras que estão recebendo até duas aplicações além do previsto.

APLICAÇÕES - A Aprosoja/MT, que vem acompanhando a evolução da ferrugem asiática, em Mato Grosso, nas últimas safras, constatando sérios prejuízos para os agricultores. O principal deles é o aumento dos custos de produção, com perda de renda para o produtor, associado à queda da produtividade. Segundo Nery Ribas, o custo de cada aplicação gira em torno de quase duas sacas de soja por hectare, R$ 50. “Se for considerado uma média de três aplicações em uma lavoura, o produtor terá de desembolsar o equivalente a cerca de seis sacas de soja só para pagar as despesas com fungicidas. Isso significa um prejuízo de R$ 300 por hectare.

O agrônomo lembra que o tempo chuvoso e quente é propício para o avanço da ferrugem pelos campos e, por outro lado, acaba dificultando as aplicações de fungicidas, já que o produtor pode acabar tendo um resultado menor em decorrência das chuvas. “Este ano, as condições climáticas - muito calor e alta umidade - provocaram a proliferação do fungo da ferrugem na região, gerando perdas de produção de soja e elevação dos custos para o produtor”.

“Não há outra saída, pois os sojicultores estão descapitalizados. Ou o governo federal dá este socorro ou a agricultura ficará definitivamente inviabilizada”.

As regiões com o maior número de registros de ferrugem em Mato Grosso são o oeste, norte, sul e leste. Itiquira, Alto Taquari, Guiratinga, Pedra Preta, Sinop, Sorriso, Campos de Julho, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde, Diamantino e Nova Xavantina são os municípios com maiores incidências.

Fonte: Diário de Cuiabá - MARCONDES MACIEL
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