15
jun
2010
Paraná inicia vazio sanitário da soja

 

Produtor deve eliminar restos da cultura que sobraram no campo; quem não cumprir pode ser multado em até R$ 10.112

O vazio sanitário da soja inicia nesta terça-feira (15) em todo o Paraná e será adotado pela terceira vez como uma medida para o controle da ferrugem asiática, doença que ataca as plantas causando perdas econômicas significativas nas lavouras. Este período vai até 15 de setembro.

O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Erikson Camargo Chandoha, destacou que, há três anos, as perdas com a doença chegavam a R$ 24 bilhões no Brasil e R$ 2 bilhões no Paraná. De 2007 até agora, ocorreu uma redução de 20% a 25% nos gastos com fungicidas e as perdas dos produtores no Estado caíram a R$ 500 milhões em 2009. Nesse mesmo período, o uso de fungicida caiu de 2,3 aplicações por ano para 1,3 aplicação por ano. ""Isso beneficia o produtor e reduzimos o custo de produção da lavoura de soja"", disse. Segundo ele, a economia por hectare é de R$ 200.

O produtor que não cumprir a determinação é notificado. Caso não regularize a situação imediatamente, é autuado e pode ser multado de R$ 187 a R$ 10.112, dependendo do caso. No ano passado, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) realizou 70 autuações.

""O produtor deve eliminar a soja que sobrou no campo o quanto antes. Isso será benéfico para ele mesmo. Se não houver soja no campo, o fungo não terá hospedeiro (plantas vivas de soja) e o produtor ganhará com a aplicação de menos fungicidas na próxima safra de verão"", afirmou o secretário.

Esta será a terceira vez que o vazio sanitário da soja entra em vigor no Paraná. A engenheira agrônoma do Departamento de Fiscalização e da Defesa Agropecuária da Seab, Maria Celeste Marcondes, explica que conforme estabelece a Resolução Secretarial 120/07 não pode haver plantas vivas de soja em áreas cultivadas, parques, instalações de armazenamento, comércio e industrialização, praças, e até mesmo plantas germinadas de grãos caídos durante o transporte.

""A preocupação é que mesmo as plantas isoladas, que nascem em beiras de rodovias, ferrovias, nas estradas municipais e carreadores, podem ser hospedeiras da doença e assim migrar para as lavouras em períodos de safra normal"", destacou ela.

Em outubro do ano passado, o primeiro foco da doença no Paraná foi detectado em planta voluntária ou guaxa, germinada na margem da PR-445, próximo ao trevo entre Londrina e Cambé, sentido Sertanópolis. O foco foi identificado pelo engenheiro agrônomo José Tadashi Yorinori, consultor da área de defesa fitossanitária e pesquisador aposentado da Embrapa Soja.

O vazio sanitário é uma medida sanitária recomendada pela pesquisa, que orienta a eliminação do hospedeiro - a planta de soja -, para se eliminar o fungo causador da ferrugem asiática da soja, que provoca queda das folhas e prejudica a formação dos grãos, derrubando drasticamente a produtividade das lavouras.

O Paraná segue a Instrução Normativa número 2, de janeiro de 2007, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que instituiu o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja. Essa portaria estabelece diretrizes para o combate por meio de Comitês Estaduais dessa praga, complementou a engenheira agrônoma Andréa Valente Jankosz, chefe da Divisão de Educação Sanitária, da Seab.


Fonte: Folha de Londrina - Autor: Andréa Bertoldi
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