Depois de amargarem uma quebra de safra no ano passado (quase um terço da produção nacional de soja do Paraguai, que colheu cerca de 4,4 milhões de toneladas de soja em 2012), os produtores da região sudeste do país podem pagar as contas e respirar aliviados nesta temporada.
Na verdade, estão até rindo à toa. O clima colaborou (e muito) para garantir a melhor safra da sua história. Esta é, também, a primeira vez na história que o país planta chega aos três milhões de hectares plantados.
O levantamento da Secretaria de Agriculttura dos Estados Unidos (USDA) prevê uma safra de soja de 7,7 milhões de toneladas nesta ano, mas a Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco) estima a produção em 8,1 milhões de toneladas. Os produtores estão ainda mais otimistas: segundo o coordenador geral da Associação Rural do Paraguai, Celito Cobalchini, a supersafra paraguaia deve atingir a marca dos 9 milhões de toneladas. "A média geral de produtividade do país deve ficar em 3.200 quilos por hectare (cerca de 53 sacas de 60 kg por hectare - mais que a média prevista para o Estado de Mato Grosso neste ano)", avalia Cobalchini.
Enquanto o Brasil calcula uma média de aumento da produção nacional de soja em cerca de 20% neste ano, a produção nacional do Paraguai deve crecer cerca de 70% em relação ao ano passado.
"Depois de uma frustração de uma safra desastrosa, tivemos uma supersafra", afirma o produtor praguaio, filho de brasileiros, Márcio Giodani Mattei, que planta 500 hectares em Santa Rosa del Monday, um dos municípios pioneiros de plantio de soja no país, localizada na maior região produtora da oleaginosa no Paraguai.
Mattei saiu de uma produtividade de cerca de 1.200 quilos de soja por hectare na temporada anterior para cerca de 3.800 quilos por hectare na safra que colheu neste ano (cerca de 63 sacas de 60 kg por hectare). Filho de brasileiros e nascido no Paraguai, Mattei recebeu a equipe da Expedição Safra, que chegou ao Paraguai na última sexta-feira (5;4), para mais uma aventura de levantamento da safra de grãos - desta vez, neste país e na Argentina.
Tranquilo, da varanda de sua casa, ele disse que, com a venda da soja deste ano, conseguiu cobrir os custos da produção e pagar os prejuízos provocados na safra passada. "A safra passada, o produtor quer apagar da história. Nessa temporada (2012;2013), o plantio foi antecipado em 30 dias. Começamos dia 10 de setembro e o mais tardio foi em 28 de outubro. Foi espetacular", afirma.
Safrinha de milho
Para o milho, que ainda está em desenvolvimento, ele espera uma nova safra recorde, tirando cerca de 8.000 quilos por hectare. Pela primeira vez, ele plantou a variedade do milho Bt, resistente à lagarta e que foi autorizado nesta safra. "Estou muito satisfeito. Antes, fazíamos oito aplicações de agrotóxicos. Com a tecnologia e a área de refúgio, não precisamos fazer mais aplicações", destaca. No município de Los Cedrales, que assim como Santa Rosa del Monday está situado no departamento de Alto do Paraná, no sudeste do Paraguai, o produtor João Emmanoel de Almeida, que planta 1.400 hectares de soja, também comemora a safra colhida este ano: uma produtividade média de 3.200 quilos por hectare. Nascido em Apucarana, norte do Paraná, Almeida chegou ao Paraguai em 1974, com dez anos, e dali garante que não sai. Há três anos, Almeida vem alcançando um aumento no índice de produtividade graças aos investimentos em tecnologia de ponta e agricultura de precisão, ainda pouco difundid
a na
região.
Com um programa de computador que gera informações dos tratores e colheideiras e um GPS, o filho do produtor, Robson Almeida, detecta em toda a área os níveis de aproveitamento do uso dos fertilizantes na terra. As amostras do solo são encaminhadas para um laboratório e, com os resultados, eles direcionam na lavoura apenas as doses necessárias dos nutrientes em cada área. Assim, a propriedade conquistou uma economia, só em adubo, de US$ 120 por hectare. "Estamos reduzindo muitos custos com investimentos em tecnologia", garante.
O Paraguai, que não fazia a safrinha de milho, está hoje praticamente com 70% de toda a área plantada com o cereal, enquanto o restante faz a safrinha de soja. "Vamos ter uma das melhores produções dos últimos dez anos. O milho safrinha aumentou muito. Praticamente, o trigo vai desaparecer porque todo mundo encheu a terra de milho e soja", diz Cobalchini. Segundo ele, a média de produtividade do milho, que ainda está em desenvolvimento, deve chegar a 4.000 quilos por hectare, enquanto a soja de inverno é estimada em aproximadamente 2.500 quilos por hectare.
Fonte: Globo Rural
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